Impactada pelos efeitos da crise no setor, a Latam anunciou que vai cobrar pela comida em seus voos domésticos, prática comum entre companhias estrangeiras. Segundo a empresa, a mudança faz parte de uma estratégia que visa cobrar separadamente por serviços adicionais para permitir tarifas mais baixas a passageiros que queiram pagar só pelo bilhete, atraindo clientes de menor poder aquisitivo.
"O objetivo é que as tarifas sigam diminuindo, permitindo que cada vez mais pessoas usem avião", explica Enrique Cueto, presidente da Latam. Ao adquirir seu bilhete, o viajante poderá optar pelo lanche. A passagem será mais barata a quem recusar. Se mudar de ideia, ainda ficará disponível a compra de comida e bebida a bordo.
A escolha de assentos, a remarcação e o cancelamento de voos também serão cobrados conforme o uso. A empresa promete preços até 20% menores a quem renunciar aos serviços. As mudanças abrangem todos os mercados domésticos da Latam: Brasil, Chile, Colômbia, Peru, Equador e Argentina. No Brasil, virão no segundo semestre de 2017. Os voos internacionais não mudam.
O modelo é oportuno num momento em que as empresas enxugam a oferta para se adequar à demanda retraída pela crise. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aponta que as empresas nacionais venderam 21,8 milhões de assentos no primeiro semestre ano, 4,7 milhões abaixo do mesmo período de 2015. O valor médio das passagens, no entanto, subiu 0,2%.
A Gol já cobra pelo lanche. A Latam também vai cobrar por bagagem, o que não valerá para o Brasil devido à regulação do setor no País. Nos outros mercados, terão tarifa menor os clientes que não despacharem bagagem. Comum nos EUA e na Europa, a cobrança por mala é demanda antiga das companhias brasileiras. Para a Abear (entidade do setor), a liberação traria "justiça tarifária. Quem viaja só com bagagem de mão não pagará por aquilo que não usa", diz Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.