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Montadoras

- Publicada em 24 de Novembro de 2016 às 21:58

Falência de autopeças vai apagar nome do esportivo Karmann-Ghia

Com design arrojado para a época, até hoje o pequeno automóvel da Volkswagen é um objeto de desejo de amantes de carros

Com design arrojado para a época, até hoje o pequeno automóvel da Volkswagen é um objeto de desejo de amantes de carros


ANTONIO PAZ/JC
Em mais um sinal da crise da indústria automobilística no Brasil, a Justiça decretou, na semana passada, a falência da Karmann-Ghia, tradicional fabricante de autopeças sediada em São Bernardo do Campo. A sentença do juiz Gustavo Dall’Olio, da 8ª Vara Cível do município, é resultado de ação ajuizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que agora pretende entrar com novo processo para que os trabalhadores recebam salários e benefícios atrasados desde dezembro de 2015, que podem ser pagos com bens dos sócios.
Em mais um sinal da crise da indústria automobilística no Brasil, a Justiça decretou, na semana passada, a falência da Karmann-Ghia, tradicional fabricante de autopeças sediada em São Bernardo do Campo. A sentença do juiz Gustavo Dall’Olio, da 8ª Vara Cível do município, é resultado de ação ajuizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que agora pretende entrar com novo processo para que os trabalhadores recebam salários e benefícios atrasados desde dezembro de 2015, que podem ser pagos com bens dos sócios.
“A par de grave situação econômico-financeira (centenas de protestos, demandas, dívidas etc.), com prejuízo a credores e trabalhadores, houve abandono da empresa, por sócios e administradores, assim como inadimplemento da dívida trabalhista”, afirma o juiz, que estima os atrasos trabalhistas da Karmann-Ghia em R$ 2,539 milhões.
O sindicato afirma que existem cerca de 600 trabalhadores prejudicados, entre empregados que estavam na ativa e não recebiam seus salários e demitidos que não receberam os valores referentes a rescisões.
A intenção dos sindicalistas, agora, é que pelo menos parte dos direitos dos funcionários seja paga com bens dos quatro sócios da empresa, entre eles um membro da família real brasileira, o príncipe Eudes Maria Regnier Pedro José de Orleans e Bragança. Os outros três, segundo a sentença, são Maristela Astorri Nardini, Alexandre Nardini Dias e Mônica Aparecida Rodrigues Marani.
Os bens de todos os sócios foram bloqueados pelo juiz Dall’Olio. O patrimônio deles declarado à Receita Federal, no exercício de 2016, é o seguinte: Orleans de Bragança conta com R$ 251,1 mil em bens e direitos e R$ 197,3 mil em dívidas e ônus reais; Maristela tem R$ 431,9 mil em bens e direitos e R$ 401,1 mil em dívidas e ônus reais; e Dias tem R$ 30 mil em bens e direitos. Mônica não declarou nada nos últimos cinco anos.
Apesar dos bens declarados, o membro da família real, que tem nove contas em seu nome, não tem sequer um real guardado. Os demais, juntos, somam apenas R$ 2,02 em 16 contas bancárias.
O sindicato realizou uma assembleia com os trabalhadores decidir a respeito da ocupação da fábrica, iniciada por funcionários em 13 de maio. O nome Karmann-Ghia batizava um dos primeiros carros esportivos brasileiros de dois lugares, fabricado originalmente pela Volkswagen e que, até hoje, tem inúmeros admiradores no País.

Governo não tem pressa para rever o Inovar-Auto

O governo não pretende apressar uma revisão do Inovar-Auto, instrumento de incentivo fiscal ao setor automotivo, nem mesmo depois de ser condenado na Organização Mundial do Comércio (OMC). Quem faz a afirmação é o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, depois de uma visita à sede da entidade internacional em Genebra.
"Na verdade, esses programas estão sendo revistos. Temos um tempo para isso. Não há necessidade de uma sangria desatada para sair correndo, tomando medidas de um dia para o outro", afirmou o ministro. Na maior derrota do Brasil em 20 anos na OMC, o governo foi condenado em sua política industrial.
Os árbitros da entidade exigem que sete políticas de incentivos fiscais e de redução de IPI adotados ainda pelo governo de Dilma Rousseff sejam abandonadas ou completamente reformadas. O governo brasileiro indicou que irá recorrer da decisão, o que deve ocorrer a partir de fevereiro.
Iniciado em 2014, o processo constatou que as leis nacionais são "inconsistentes" com as regras internacionais, "ilegais" do ponto de vista dos acordos assinados pelo Brasil e que a isenção concedida é, no fundo, um "subsídio proibido".
"É uma decisão preliminar", disse Pereira. "Não precisamos ter pressa. Está cedo ainda. Não há por que fazer nada agora", insistiu. Segundo ele, o Inovar-Auto vai até final de 2017 e, nos bastidores, a diplomacia brasileira deve usar todos seus prazos para arrastar o caso até seu último dia.
"Não há por que tirar agora", afirmou o ministro. Ele admite, porém, que já está em discussões com o setor automotivo para rever as regras para 2018. "Isso será feito dentro dos padrões da decisão (da OMC)", disse. "Estamos em discussões, incipientes, com o setor sobre um novo programa de apoio para depois do término (do Inovar-Auto)", contou.
Pereira evitou avaliar se considerou que a decisão dos árbitros foi justa. Mas insistiu que a lei, mesmo condenada, "foi importante". "Estive no Salão do Automóvel (em São Paulo), e eles denominaram informalmente como o salão do Inovar-Auto", disse. "Mais de 100 lançamentos de componentes ou veículos decorrentes do Inovar-Auto estavam ali."
"A Mercedes do Brasil e a BMW estão hoje exportando para os EUA", afirmou. "Houve um ganho também. Não vamos retirar hoje. Não tem por que retirar hoje. Temos tempo", completou.