A britânica Rolls-Royce está sendo investigada pelas autoridades do Reino Unido sob a suspeita de utilizar uma rede de agentes para ajudar a obter contratos lucrativos no Brasil e em pelo menos outros 11 países, usando propinas em algumas ocasiões, segundo o jornal Guardian e a emissora BBC.
A investigação, realizada por agências anticorrupção do Reino Unido e dos Estados Unidos, é baseada em documentos vazados e depoimentos de funcionários que sugerem que a fabricante britânica de turbinas pode ter feito pagamentos ilícitos ao longo de anos para aumentar seu lucro.
No Brasil, a investigação indica que a empresa pagou propinas no valor de US$ 200 mil (165 mil libras) para a Petrobras para conquistar um contrato de US$ 100 milhões para instalação de equipamentos em plataformas de petróleo.
No ano passado, a companhia britânica já havia anunciado que estava cooperando com as autoridades brasileiras em investigação sobre suposto pagamento de propina para obter contratos com a Petrobras.
O delator Pedro Barusco, ex-gerente de engenharia da Petrobras, acusou em depoimento a Rolls-Royce de pagar propina, por meio de um agente, em troca de contrato para o fornecimento de módulos de geração de energia para petroleiros da estatal.
A reportagem do Guardian e da BBC não deixou claro se a investigação atual é a mesma já reconhecida pela empresa no ano passado. A Rolls-Royce não quis comentar questões específicas. Um porta-voz da empresa citado pelo Guardian afirmou que "preocupações com propinas e corrupção envolvendo intermediários permanecem sujeitas a investigação do SFO (escritório do governo britânico que investiga fraudes graves e corrupção) e de outras autoridades".
"Nós estamos cooperando completamente com as autoridades e não podemos comentar investigações em curso", disse o porta-voz. Além do Brasil, o esquema de contratação de agentes para pagamento de propinas teria sido implantado na Índia, China, Indonésia, África do Sul, Angola, Iraque, Irã, Cazaquistão, Azerbaijão, Nigéria e Arábia Saudita.
Um dos suspeitos de participar do esquema é um empresário cuja família doou mais de 1,6 milhão de libras para o partido Liberal Democrata e que é atualmente conselheiro do líder da legenda britânica, Tim Farron.
Parte da investigação do SFO deve priorizar a relação da empresa com a Unaoil, firma com sede em Mônaco e que foi acusada de usar suborno para ganhar contratos em vários países - como Irã e Cazaquistão - para dezenas de multinacionais. A Unaoil nega envolvimento em corrupção em seu relacionamento de negócios com a Rolls-Royce.