Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Profissão

- Publicada em 17 de Novembro de 2016 às 21:23

Startups despertam interesse da área contábil


STOCKVAULT/DIVULGAÇÃO/JC
Um estudo do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS) tenta aproximar o setor de um segmento empresarial bastante inovador, em expansão e com características específicas: as startups. Coordenado por Juliano Abadie, da Comissão de Estudos do CRCRS Jovem, a pesquisa tem dois objetivos simultâneos: ter mais escritórios contábeis startups e mais contadores focados em atender a essas empresas. Atualmente, 208 empresas se autodeclaram como atuantes no segmento, de acordo com cadastro voluntário na Associação Gaúcha de Startups.
Um estudo do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS) tenta aproximar o setor de um segmento empresarial bastante inovador, em expansão e com características específicas: as startups. Coordenado por Juliano Abadie, da Comissão de Estudos do CRCRS Jovem, a pesquisa tem dois objetivos simultâneos: ter mais escritórios contábeis startups e mais contadores focados em atender a essas empresas. Atualmente, 208 empresas se autodeclaram como atuantes no segmento, de acordo com cadastro voluntário na Associação Gaúcha de Startups.
"Para isso, o contador deve ter consciência, primeiro, de que uma startup funciona em uma velocidade muito maior do que qualquer empreendedor convencional, e, por isso, tem exigências específicas, com prazos menores de implantação, de retorno, de investimento", explica Abadie.
Por startup, Abadie entende que a melhor definição atual, entre especialistas e investidores, é de um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios capaz de ser repetido em escala, com uso massivo de tecnologia e com possibilidade de multiplicar muitas vezes a demanda pelo produto ou serviço em curto espaço de tempo. Outra característica comum às empresas nascentes é a atração de novos investidores. Não são poucas aqueles inovadores com boas ideias e planos de negócio que conseguem conquistar esses financiadores. Mas será que, sem uma contabilidade organizada, uma startup será realmente atrativa? Provavelmente não, alerta Danilo Gimenes, CEO DNA Financeiro. "Contabilidade imprecisa pode afastar investidores" sentencia o especialista.
Na mesma linha de Gimenes, Abadie ressalta que a má gestão não combina com a busca por investimentos. Ele ressalta que declarações fiscais com erros ou fraudulentas podem gerar custos desnecessários e problemas de auditoria, da mesma forma como escolher inadequadamente do regime de tributação. E tudo isso causa dificuldades ou mesmo impossibilidade em receber investimentos.
"Um empreendedor comum muitas vezes inicia o negócio e aos poucos observa para onde ele vai. Já uma startup tem prazo muito bem definido, desde o início, sobre onde se quer chegar e em que tempo. E, normalmente, procurara investidores. Então, ele precisa de outro tipo de informação, mais para o futuro do que para o passado", diz Abadie.
Seguindo a linha de trabalho idealizada por Abadie, para atender uma startup, o contador tem de ser mais do um gerador de informações de eventos que já ocorreram e se alinhar ao ambiente gerencial do cliente. A própria formatação que se dará à futura empresa precisa ser pensada pelas partes. "Em geral, o modelo de tributação adotado é o Simples, mas mesmo isso precisa ser avaliado de acordo com o tipo de produto ou serviço que será oferecido", alerta o presidente do CRCRS Jovem. Está em estudo uma mudança no Supersimples para elevar de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões o limite de faturamento. "Pode não parecer muito, mas com a ampliação, mais startups vão se encaixar no sistema", acredita Abadie. Daí a  importância de avaliar quais alternativas têm menos impacto tributário. 
Outra questão para a qual um escritório contábil deve estar atento ao prestar serviços a uma empresa do gênero é quanto à demora na lei em se ajustar aos novos negócios. Um dos exemplos que Abadie considera lentos e na contramão da velocidade das startups é sobre a questão de marcas e parentes, por exemplo, já que muitas funcionam com a criação de  produtos e envolvem diferentes parceiros.
Diretor executivo da aceleradora de startups WOW, André Ghignatti avalia que, inicialmente, uma startup tem poucas demandas contábeis, mas isso vai se ampliando conforme cresce o negócio. O que tem vigorado no setor, em alguns casos, é que os escritórios fecham pacotes de serviços adequados ao cenário inicial de poucos recursos, mas há muitas possibilidades de expansão.
"Alguns contadores reduzem os valores iniciais por seis meses, um ano, e depois o preço vai subindo. É como se o profissional contábil também apostasse na startup até que ela consiga atrair um bom investidor e se torne um Sociedade Anônima (S/A), com costuma ocorrer", aponta Ghignatti.
Para escritórios contábeis que almejam se tornar uma startup, o executivo recomenda adoção de ferramentas que ajudem a melhorar o fluxo de trabalho, torná-lo o mas on-line possível e que, ao mesmo tempo, ajudem na coleta de informações. "Esse novo escritório precisas ter estrutura pequena, mas um bom serviço de contabilidade gerencial" explica Ghignatti.
Um dos contadores que está rumando para esse lado é Gustavo Caletti. Pode-se dizer que ele está no meio do caminho entre ser uma startup e um profissional especializado no segmento. Com escritório contábil próprio desde 2014, ele adota mais softwares no apoio ao trabalho que presta aos clientes. Com isso, demanda menos pessoas e ainda consegue fazer algo diferenciado.
"O que eu ofereço é mais análise dos dados do que simplesmente repassar ao empresário uma monte de números. Com apenas duas funcionárias, consigo atender cerca de 40 empresas justamente pelo uso maior de tecnologia", diz Caletti, proprietário de um escritório em Gravataí.

Preste atenção

Danilo Gimenes, CEO DNA Financeiro, empresa sediada em Sorocaba, desenvolveu algumas dicas práticas para contadores que querem atuar com startups e vice-versa (startups que ainda não sabe exatamente porque precisam de um contador). Abaixo, veja o que ele recamando para ambos em seu artigo "Porque as Startups deveriam gastar mais tempo com a sua contabilidade".
1 Não espere sua startup faturar milhões para desenvolver boas práticas de gestão. Os benefícios de se manter um alto nível de profissionalização na gestão financeira e contábil do negócio são muitos e de certo contribuirão para que sua empresa cresça de forma estruturada, consistente e transparente. Apurações mensais do balanço patrimonial, do demonstrativo do resultado do exercício do demonstrativo do fluxo de caixa também qualificam sua startup em uma ocasional reunião com um investidor.
2 "Misturar" a pessoa física com a jurídica pode gerar grandes dores de cabeça. É muito comum aos empreendedores realizar todos os investimentos necessários para iniciar suas atividades com dinheiro da pessoa física, sem o devido registro na contabilidade da empresa. Compras de impressoras, computadores, móveis de escritórios, equipamentos entre outros são realizados muitas vezes no cartão de crédito dos sócios sem a devida integralização no capital social da empresa. Entre os potenciais estão inconformidade nas declarações contábeis da empresa ou no imposto de renda dos sócios, empresas que misturam dinheiro da pessoa física com jurídica geralmente apresentam balanços patrimoniais deficitários por contar com poucos ativos contabilizados, contabilidade imprecisa que apresenta muitas vezes lucros inexistentes já que muitas despesas não "aparecem", e consequentemente apresentam dificuldades para conseguir crédito bancário exatamente por não apresentar coerência contábil.
3 Sem uma boa contabilidade você provavelmente pagará mais impostos. Uma contabilidade bem estruturada gera informações de qualidade para um planejamento tributário eficiente. Você conhece as diferenças entre apuração de impostos pelo simples nacional x lucro presumido ou lucro real? Em qual destes regimes sua empresa pagaria menos impostos. Você e seu contador devem anualmente simular sua empresa nestes três regimes e identificar em qual deles pagará menos impostos. Outro ponto que uma boa assessoria contábil deve apresentar ao empreendedor de startup são os benefícios fiscais exclusivos, como base de cálculos reduzidas para ICMS e alguns impostos federais para determinadas atividades, leis de incentivo fiscal como a "Lei do Bem" para empresas que investem em inovação tecnológica, redução da alíquota de ISS para 2% para determinadas atividades em alguns
4 Pratique governança corporativa "light". Em geral, as práticas de governança corporativa são demasiadamente amplos para a realidade de uma startup, mas com algumas práticas podem ser implantadas desde o início de uma empresa: contrato de acordo de quotistas / acionistas, formação de conselho de administração com membros externos e independentes, planejamento estratégico com revisão contínua ¬, relatórios e ferramentas de gestão, plano de remuneração dos executivos ¬ e auditoria independente
5 Via de regra escritórios de contabilidade maiores e mais estruturados custam caro para uma startup e escritórios pequenos apesar de mais "acessíveis" pecam em falta de especialização e profundidade dos serviços. Mas graças a recente adoção pelo governo ao processo de digitalização dos documentos fiscais e contábeis como a nota fiscal eletrônica, o sistema público de escrituração digital (SPED) e outras obrigações acessórias, um empreendedor de startup pode contratar uma contabilidade online de baixo custo fornecida por empresas de contabilidade devidamente registradas no conselho regional de contabilidade e que investem massivamente em inovação e tecnologia.

Parceiros da inovação desde sempre

Equipe da Syhus encontrou motivação para montar sua startup pela proximidade com a Unicamp e com estudantes inovadores

Equipe da Syhus encontrou motivação para montar sua startup pela proximidade com a Unicamp e com estudantes inovadores


SYHUS CONTABILIDADE /SYHUS CONTABILIDADE/DIVULGAÇÃO/JC
Pode-se dizer que a turma da Syhus, de Campinas (SP), é 100% startup. Foi a proximidade com a Unicamp que despertou nos sócios do escritório o potencial desse mercado para a contabilidade. A empresa, aberta em 2013, já começou atendendo jovens inovadores da universidade, que faziam seus primeiros empreendimentos. Hoje, dos 5% dos clientes não ligados à startup, a maior parte é de jovens que tem uma startup e também um negócio convencional.
"O que no atendimento a esse tipo de cliente é basicamente a comunicação. Tanto no sentido de que temos que falar a linguagem deles quanto no tipo de informação que eles precisam para trabalhar. O modelo de negócio de um startup demanda um atendimento diferenciado" diz Leonardo Mansini, administrador e sócio-proprietário da Syhus, juntamente com os contadores Cristiano Freitas e Deise Araújo.
Mansini diz que, assim como qualquer empresa tem suas peculiaridades, acertos e erros, com as startups não é diferente. Mas, em geral, diz o administrador de empresas, os jovens que integram esse tipo de negócio são recebem melhor as sugestões e estão dispostas a aprender com a contabilidade como ferramenta de negócios. Inicialmente, o trabalho contábil se detém em ver se o novo empreendimento foi aberto no melhor modelo tributário e se a classificação declarada do produto ou serviço que presta está adequado.
"Um dos diferencias desse mercado é que, como uma startup é um negócio mais acelerados, ágil com mudanças rápidas, nosso contanto com a empresa tem de ser muito mais frequente. Temos de estar sempre atualizados sobre o que estão fazendo" alerta Mansini.

Aprendizado é necessário dos dois lados

Empreendedores e escritórios contábeis precisam atentar para características específicas

Empreendedores e escritórios contábeis precisam atentar para características específicas


FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
Nesse encontro contemporâneo entre startups e contadores, há um caminho de aprendizado a ser percorrido pelos dois lados. Danilo Gimenes, CEO da DNA Financeiro, também uma startup, administra tanto sua própria empresa inovadora como outra tradicional. Por isso, é hábil nas recomendações a novos empreendedores e escritórios de contabilidade.
Para quem está no comando de um empresa inovadora, o erro mais comum é focar nos primeiros anos apenas, e muito, em vender, lançar novos produtos e inovar, e deixar de lado questão financeiras importantes. O problema, diz Gimenes, vai ser depois se deparar com vendas sem lucro ou sem ter ferramentas para comprovar os ganhos aos possíveis investidores
"Há casos em que, na hora de apresentar os resultados, o jovem inovador não consegue, não quantificou o que precisava. Sem contar que pode ter trabalhado sem lucro ou mesmo pagado para trabalhar" alerta Gimenes.
Aos escritórios de contabilidade, o desafio é aprender a falar novas linguagens e trabalhar com informações e dados com os quais não estão familiarizados. Gimenes explica que uma startup precisa de métricas incomuns e que mudam conforme o segmento, como o valor do cliente pelo tempo médio que ele fica na sua carteira de trabalho ou plataforma.
"Se o contador ficar pensando apenas em balancete, balanço patrimonial e outros indicadores convencionais, ele não vai ser útil" alerta o proprietário da DNA Financeiro, startup de Sorocaba (SP) que já passou pelo processo de aceleração.