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finanças pessoais

- Publicada em 28 de Novembro de 2016 às 17:23

Saída lenta da crise prolonga aperto no orçamento das famílias para 2017

Com a perspectiva de que a recuperação da economia será mesmo mais lenta do que o esperado, analistas preveem que o aperto no orçamento das famílias brasileiras vai se prolongar ao longo de 2017. Para suportar a crise, um roteiro tende a se repetir: corte de gastos supérfluos e priorização do pagamento do essencial, como alimentação e moradia.
Com a perspectiva de que a recuperação da economia será mesmo mais lenta do que o esperado, analistas preveem que o aperto no orçamento das famílias brasileiras vai se prolongar ao longo de 2017. Para suportar a crise, um roteiro tende a se repetir: corte de gastos supérfluos e priorização do pagamento do essencial, como alimentação e moradia.
Segundo cálculos da consultoria Tendências, a folga no orçamento das famílias, isto é, o que sobra para consumo e lazer após as despesas imprescindíveis, tem girado ao redor de 35% da renda neste ano. Para 2017, as projeções ainda não mostram alívio no indicador.
"Houve grande ajuste nos itens de primeira necessidade e esse movimento não deixa os números mudarem", afirma João Morais, analista da consultoria. Ele aponta os reajustes da energia, em 2015, e dos alimentos, neste ano, como obstáculos a uma melhora nas contas familiares. O cálculo usa como base os itens com maior peso na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O aplicativo de controle financeiro GuiaBolso também detectou essa mudança forçada nos hábitos de consumo. Uma pesquisa feita entre 68,2 mil de seus usuários mostra que, entre outubro de 2015 e o mês passado, as despesas com contas residenciais aumentaram seu peso na renda de 8,9% para 10,9%.
O mesmo movimento ocorreu nos gastos com moradia, que ampliaram de 15,4% para 17,4% a fatia do orçamento. Os desembolsos nos supermercados, porém, viram sua participação cair de 12,6% para 11,3%. Esses números refletem o avanço do custo de vida e a necessidade de cortar gastos.
Segmentos como saúde e educação não escaparam de cortes. No mesmo período, as despesas na primeira categoria caíram de 2% para 0,9% da renda, e os da segunda, de 1,1% para 0,4%. Itens supérfluos, como viagens, cuidados pessoais, compras e bares e restaurantes também perderam espaço.
"Houve ajustes no orçamento e os gastos afetados foram aqueles que podem ser mudados mais facilmente", diz o presidente do GuiaBolso, Thiago Alvarez. Além dos efeitos da crise, Alvarez considera que o controle financeiro gerou uma mudança de longo prazo no padrão de consumo dos usuários do aplicativo. "As pessoas gastavam mais do que ganhavam."
Para 2017, o consultor de finanças do programa Vida Investe, Ricardo Figueiredo, sugere que o consumidor olhe para as chamadas "pequenas contas", como TV por assinatura e celular. "O brasileiro precisa adequar os gastos à sua realidade." O consultor também orienta colocar a poupança mensal como um gasto fixo. "É um exercício diário, mas que fará diferença com o tempo."
Um caminho para começar esse planejamento é não levar as pendências para o ano que vem e usar o 13.º salário e eventuais bonificações para pagar dívidas e poupar para impostos e gastos escolares. "O importante é entender que todo o recurso extra não deve sumir no mês de dezembro", diz. De acordo com a pesquisa de Hábitos de Consumo da Boa Vista SCPC, 72% dos brasileiros vão usar o 13.º salário para saldar dívidas e pagar as contas de início do ano. Apenas 13% dos entrevistados vão poupar ou investir.

Beneficiados pela crise, outlets devem dobrar em três anos

Neste momento de crise, o setor de outlets - centros de compra que vendem produtos com desconto - está preparando um salto vigoroso nos próximos anos. Empresas conhecidas pelos shopping centers tradicionais, como a General Shopping e a Iguatemi, estão concentrando seus esforços de expansão no segmento. Como o consumidor está com o orçamento curto e não existe a previsão de uma virada rápida da economia, o varejo parece ter entendido que, para conseguir crescer, terá de oferecer boas barganhas. 
Especializada no segmento, a Associação Brasileira de Outlets (About) espera que o setor praticamente dobre de tamanho até 2019. Só para o ano que vem, a consultoria prevê a inauguração de mais quatro empreendimentos. A projeção é que essas aberturas inflem o faturamento do setor em 40% no próximo ano, para R$ 4,5 bilhões. Ao fim de 2019, a expectativa é que o País chegue a 22 outlets, dez a mais do que a quantidade atual. 
Embora o mercado de outlets seja bem menos desenvolvido do que o de shopping centers - que já tem mais de 500 empreendimentos no País, segundo a Abrasce, entidade que reúne empresas do setor -, as companhias estão vendo nos centros de desconto uma forma de crescer gastando menos. Segundo Sérgio Zukov, diretor de operações da Iguatemi, construir um outlet novo custa R$ 150 milhões, enquanto o desembolso para um shopping center pode chegar a R$ 300 milhões.  
Atualmente com 17 shopping centers no portfólio, a Iguatemi não tem nenhuma nova inauguração neste setor nos próximos três anos. Dona de um outlet em Novo Hamburgo (RS), a companhia prevê mais três empreendimentos do gênero para os próximos anos. O executivo diz que a companhia segue de perto a cartilha clássica deste tipo de empreendimento, criada nos EUA nos anos 1980: construções a custos baixos, fora do centro das cidades e em regiões de alta concentração de renda. 
Um dos novos empreendimentos da Iguatemi será inaugurado em Porto Belo, cidade que fica na região de Florianópolis. A ideia é atender os turistas que queiram incluir pelo menos um dia de compras na temporada de verão. "Já estamos testando isso em Novo Hamburgo. As operadoras de turismo já incluem, nos pacotes para visita a Gramado, um dia de compras no outlet", conta.