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Metalurgia

- Publicada em 15 de Novembro de 2016 às 14:17

Polo caxiense metalmecânico registra três anos no negativo

Faturamento deve fechar o ano em R$ 11,5 bilhões, valor 18% inferior ao resultado de 2015, de R$ 14,1 bilhões

Faturamento deve fechar o ano em R$ 11,5 bilhões, valor 18% inferior ao resultado de 2015, de R$ 14,1 bilhões


BEKATHWIA VIA VISUALHUNT.COM/DIVULGAÇÃO/JC
A indústria metalmecânica, maior empregadora e principal geradora de impostos em Caxias do Sul, se prepara para fechar o terceiro ano consecutivo com forte retração nas vendas. Com grande dependência do desempenho do setor de transporte coletivo de passageiros e de cargas, e da atividade agrícola, o segundo maior polo metalmecânico do Brasil deve consolidar, neste ano, faturamento total de R$ 11,5 bilhões, valor 18% inferior ao já frustrante resultado do exercício de 2015, de R$ 14,1 bilhões. Será o pior número desde 2006 e, na comparação com 2010, o melhor deste período, com R$ 25,1 bilhões, a queda atingirá retumbantes 45%. Nos três primeiros trimestres deste ano, o setor soma R$ 8,6 bilhões, declínio de 21% em relação ao mesmo período de 2015.
A indústria metalmecânica, maior empregadora e principal geradora de impostos em Caxias do Sul, se prepara para fechar o terceiro ano consecutivo com forte retração nas vendas. Com grande dependência do desempenho do setor de transporte coletivo de passageiros e de cargas, e da atividade agrícola, o segundo maior polo metalmecânico do Brasil deve consolidar, neste ano, faturamento total de R$ 11,5 bilhões, valor 18% inferior ao já frustrante resultado do exercício de 2015, de R$ 14,1 bilhões. Será o pior número desde 2006 e, na comparação com 2010, o melhor deste período, com R$ 25,1 bilhões, a queda atingirá retumbantes 45%. Nos três primeiros trimestres deste ano, o setor soma R$ 8,6 bilhões, declínio de 21% em relação ao mesmo período de 2015.
De acordo com Reomar Slaviero, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), algumas empresas estão com quedas de 40% a 60%, índices considerados insustentáveis para a continuidade dos negócios. Mas, segundo o representante sindical, os empresários estão bancando as operações, pois percebem sinais de que a crise parou de piorar. O dirigente do Simecs, entidade com abrangência em 17 municípios da serra gaúcha, avalia que, em 2017, se iniciará o processo de retomada de forma ainda muito tímida, porém positiva para dar credibilidade e confiança aos empresários, investidores e consumidor. "Crescimento mais consistente somente em 2018", estima.
Para que a recuperação se confirme, o assessor de planejamento da entidade, Rogério Gava, coloca como essenciais o ajuste das contas públicas e a adoção das reformas necessárias há muito tempo. "O desempenho da indústria, neste e no próximo ano, estará na direta correlação com ações da União sobre ajuste fiscal, geração de superávit primário e controle da inflação", reforça.
De acordo com Gava, a perspectiva é que o último trimestre de 2016 encerre-se muito semelhante ao que ocorreu ao longo de todo o ano, sem grandes variações no volume de produção ou de aquecimento substancial nas vendas. Registra, como aspecto positivo mais recente, o início da queda das taxas de juros, que espera seja gradual, mas que poderá aliviar a crise neste final de ano. "O Banco Central projeta reação do crédito no trimestre, o que traz expectativa de maior aprovação de recursos para as pessoas físicas, com aquecimento no consumo, principalmente de bens de maior valor agregado, como veículos e imóveis", observa.
Slaviero sustenta que o atual desempenho tem correlação direta com a crise mundial de 2009. Recorda que, de 2000 a setembro de 2008, a atividade registrou resultados positivos e crescentes. Para amenizar os efeitos da crise de 2009 sobre o Brasil, o governo, segundo o dirigente sindical, usou de artifícios e medidas equivocadas que induziram o empresariado a queimar capital de giro para manter as operações. "Se vendeu a ideia de que era uma marolinha e os empresários mantiveram seus quadros", critica.
Slaviero reconhece que a economia e o setor metalmecânico de Caxias do Sul beneficiaram-se das medidas oficiais, como o estímulo ao consumo por meio da redução de impostos e de financiamentos pelos bancos estatais, boa parte com juros negativos, adotado especialmente no período de 2010 a 2013. "Em 2014, começou a cobrança pelos erros do passado. A crise piorou em 2015 e o cenário de dificuldades continua neste ano. A atividade produtiva parou de cair, mas também não reagiu", assinala.
A produção de implementos rodoviários, ônibus, caminhões e máquinas agrícolas e rodoviárias também sentiu o impacto. As empresas locais fornecem componentes para estes veículos e também entregam conteúdos completos para o mercado. Até setembro, a indústria de implementos rodoviários consolida recuo de 31%, com total de 47,8 mil unidades vendidas no mercado interno. Já o setor de carrocerias de ônibus opera, até agosto, com queda de 20% na produção, somando 9.636 veículos. A produção de chassis de ônibus, até setembro, é 32% menor, com volume de 9,3 mil unidades.
A produção de caminhões, que soma 46,4 mil veículos, é 21,5% inferior ao período de janeiro a setembro de 2015. O mesmo índice está consolidado no segmento de máquinas agrícolas rodoviárias, que totaliza 35,8 mil equipamentos produzidos. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Rodoviários e Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

Quadro de pessoal ainda sofrerá redução

A brutal queda no faturamento da indústria metalmecânica gerou, possivelmente, a pior crise de emprego e renda na história de Caxias do Sul. Em um de seus melhores anos, em 2011, quando atingiu R$ 24,5 bilhões de faturamento, o setor chegou a ter 55 mil trabalhadores. Menos de cinco anos depois, o número caiu para 33.925, recuo de 40%, o equivalente a 21,3 postos de trabalho fechados. A crise teve seu pico no período de março de 2014 a setembro deste ano, totalizando 18,3 mil desempregados. De janeiro a setembro de 2016, o setor fechou 3 mil vagas. Quando anualizado e comparado com setembro de 2015, o número sobe para 6 mil.
A expectativa de reação no setor não significa o fim das demissões. O presidente do Simecs, Reomar Slaviero, antecipa que o desemprego tende a crescer nos próximos meses em função, ironicamente, da própria retomada dos negócios. "Tem empresa que precisa demitir, mas que por falta de faturamento não tem recursos para as indenizações. Com a melhora, haverá mais uma pequena adequação para baixo na geração de empregos. As admissões só terão consistência a partir de 2018."

Exportações evitam prejuízo maior

Faturamento deve fechar o ano em R$ 11,5 bilhões, valor 18% inferior ao resultado de 2015, de R$ 14,1 bilhões

Faturamento deve fechar o ano em R$ 11,5 bilhões, valor 18% inferior ao resultado de 2015, de R$ 14,1 bilhões


BEKATHWIA VIA VISUALHUNT.COM/DIVULGAÇÃO/JC
A situação não está ainda pior em razão da estabilização das exportações. Os dados do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) indicam que, até setembro, o setor embarcou o equivalente a R$ 1,852 bilhões, leve recuo de 2% sobre igual período do ano passado. O dirigente destaca que o câmbio ajudou e entende, como ideal para os negócios, uma margem de R$ 3,20 a R$ 3,50.
"Apostamos na continuidade do crescimento nas vendas externas em 2017. Este mercado dá indicativos de que precisa de novos fornecedores. Como estratégia comercial, estamos levando pequenos e médios empresários a participar de feiras em países da América do Sul e na África para prospecção de oportunidades", assinala Reomar Slaviero, presidente do Simecs.
A Hyva do Brasil é um dos exemplos de empresas que apostam no mercado externo como forma de compensar a queda das vendas domésticas. As exportações, que representavam 25% do faturamento brasileiro da empresa em 2013, passaram para 45% em 2016. Fabricante de cilindros, kits hidráulicos - diretamente ligado ao mercado de caminhões e implementos rodoviários -, pisos móveis e guindastes articulados, a Hyva tem nos Estados Unidos, Argentina, Peru e Chile os grandes mercados externos.
A Marcopolo também investiu nas exportações e elevou suas vendas em 32% no acumulado no primeiro semestre na comparação com igual período de 2015. Foram embarcadas 1.036 carrocerias de ônibus, que geraram receita de R$ 346,5 milhões, alta de 22,7%. As exportações avançaram 11 pontos, representando 33% da receita líquida de R$ 1,048 bilhão, que teve queda de 19% em razão do recuo de 42% nas vendas internas.