Assessor de Sebastião Melo é encontrado morto

O coordenador do plano de governo da campanha de Sebastião Melo (PMDB) à prefeitura de Porto Alegre, Plínio Zalewski (PMDB), 53 anos, foi encontrado morto no início da tarde de ontem na sede municipal do PMDB. Zalewski foi achado por militantes da legenda por volta das 14h, em um banheiro no interior do prédio, que fica no bairro Cidade Baixa.

A perda do correligionário provocou tristeza em Melo, que se pronunciou sobre o ocorrido em coletiva de imprensa na tarde de ontem. "Lamentamos profundamente a morte do Plínio. Nunca teve alguém que queria tanto que eu fosse candidato a prefeito. Trabalhou no meu gabinete e foi um grande amigo. Para mim, política sempre foi paz... Desculpa, gente, mas não consigo continuar", disse o atual vice-prefeito e candidato, interrompendo aos prantos a entrevista.

O velório de Zalewski será realizado hoje no Cemitério Ecumênico João XXIII, Capela 9, a partir das 8h30min. O enterro acontecerá às 14h30min, no mesmo local.

Conforme o presidente do PMDB em Porto Alegre, Antenor Ferrari, que também falou com a imprensa, Zalewski estava desaparecido desde a noite de domingo. "Nós, do partido, e a família dele estávamos todos muito preocupados", comentou Ferrari.

Depois de averiguar o local onde o corpo foi encontrado, o delegado da Polícia Civil Paulo Grillo e o chefe do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Cleber Müller, afirmaram que, "a princípio, a situação é compatível com suicídio".

Segundo o delegado, o peemedebista foi encontrado com um corte no pescoço e, próximo a ele, havia uma faca e um bilhete cuja a escrita não pode ser decifrada, pois estava muito suja de sangue.

"Os peritos encontraram um bilhete junto com ele (Zalewski), que pode ser uma carta de despedida. Mas ainda vamos averiguar a autenticidade e o conteúdo, pois estava muito sujo de sangue para entendermos o que estava escrito", observou Grillo.

O chefe do IGP também defendeu a tese de suicídio. "Embora não seja muito comum (suicídio com armas brancas), ele tem lesões hesitantes no lado esquerdo e direito do pescoço. O suicídio com faca, por exemplo, geralmente não é cometido com uma única lesão. Além disso, a projeção do sangue também bate com a hipótese de suicídio", analisou Müller.

Entretanto, segundo vários relatos, Zalewski estava sendo ameaçado pelas redes sociais e por telefone. O vereador eleito Wambert di Lorenzo (Pros), que esteve no local ontem à tarde, disse que o coordenador do plano de governo de Melo avisou que estava "sofrendo pressão".

"A última vez que falei com ele, na quinta ou sexta-feira passada, ele comentou que estava sendo ameaçado por telefone e que suas contas nas redes sociais haviam sido invadidas. As eleições se transformaram em uma guerra aqui em Porto Alegre", disse Wambert.

Em meio a uma campanha com troca de acusações entre os adversários, Zalewski respondia, na Justiça, às acusações de injúria, calúnia e difamação por posts contra o candidato Nelson Marchezan Júnior (PSDB) nas redes sociais. Na semana passada, uma das publicações chegou a ser retirada do ar por determinação da Justiça.

Em uma nota assinada pelo presidente do diretório municipal, "o PMDB, diante deste triste episódio, declara luto, suspendendo por 24 horas as atividades partidárias e eleitorais".

O prefeito José Fortunati (PDT) também se manifestou: "É com profundo pesar que registro o passamento prematuro do companheiro Plínio Alexandre Zalewski Vargas, um grande amigo com quem militei na política desde a década de 1980 e colega aqui na Prefeitura, desde o início de nossa administração".

A notícia abalou a militância de Melo. Dezenas de militantes - muitos deles trabalharam na campanha ao lado dele - se aglomeraram em frente à sede municipal ao longo da tarde de ontem.