Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Opinião

- Publicada em 19 de Outubro de 2016 às 16:10

O bancário e o banqueiro

O bancário é um bode expiatório do complexo financeiro. É de se pensar que ele poderá ser denominado o barnabé da sofrida classe. Com relação ao banqueiro, as funções, encargos e responsabilidades são praticamente as mesmas, mas em casos de anormalidade contábil, subtração fraudulenta, na maioria das vezes, as penalidades atingem peculiarmente o bancário, mesmo quando ocorrem sob o comando do banqueiro.
O bancário é um bode expiatório do complexo financeiro. É de se pensar que ele poderá ser denominado o barnabé da sofrida classe. Com relação ao banqueiro, as funções, encargos e responsabilidades são praticamente as mesmas, mas em casos de anormalidade contábil, subtração fraudulenta, na maioria das vezes, as penalidades atingem peculiarmente o bancário, mesmo quando ocorrem sob o comando do banqueiro.
Como interposto entre o banqueiro e o cliente, sempre com a missão de servir aos dois senhores - a sofreguidão do banqueiro e a responsabilidade do bancário - este último vê-se numa situação ambígua e irresoluta. Necessitando saciar as razões de ambos, não raro, a intermediação acarreta-lhe uma vivência de inutilidade, angústia e um menosprezo do funcionário subalterno, consequente porque a solução, mesmo sendo a do bancário, é sempre creditada ao banqueiro. O bancário, para amoldar sua personalidade à exaustiva faina de manejar as finanças alheias, terá que se transformar num cyborg (suposto personagem meio humano, meio máquina). A sofrida profissão está incluída no rol das atividades mais estressantes do fatigante labor. De certo modo, ele está permanente à mercê de um erro de cálculo, de uma desatenção ou deslize, motivado pela estafante função que, não raro, o leva à exaustão e, consequentemente, ao estresse.
Por suas mãos, passam fabulosas somas em espécie que a outros pertencem, a serem depositadas em cofres, que não os seus. O bancário é um proletário que não veste macacão, mas que sofre a imposição de vestir terno e gravata, e de pagar a prestação no fim de cada mês. Isso torna-se mais uma escravidão. Dificilmente seus proventos alcançam saldar dispêndios obrigatórios. Por tais contingências, não é de estranhar uma intensificação de sintomas psicossomáticos, tais como úlceras gástricas, colites e outros males, dos quais o bancário torna-se vítima. Nos grupos humanos que se formam nas sociedades de consumo, há um produtor (comércio e indústria), um consumidor e um consumido: o próprio bancário.
Jornalista e psicanalista
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO