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Internacional

- Publicada em 06 de Outubro de 2016 às 15:08

Avós localizam 121º neto da ditadura

'Daremos a ele todo o tempo', diz Menna, que encontrou irmão

'Daremos a ele todo o tempo', diz Menna, que encontrou irmão


EITAN ABRAMOVICH/AFP/JC
Há 40 anos, o argentino Ramiro Menna, de 42 anos, não tinha informações sobre seu irmão. Na segunda-feira, recebeu a notícia de que ele está vivo. Os dois, porém, ainda não se conheceram. 
Há 40 anos, o argentino Ramiro Menna, de 42 anos, não tinha informações sobre seu irmão. Na segunda-feira, recebeu a notícia de que ele está vivo. Os dois, porém, ainda não se conheceram. 
"É um processo difícil. Daremos a ele todo o tempo necessário para se adaptar à sua história", contou Menna. O irmão mais novo de Menna, cujo nome não foi divulgado, é o 121º neto localizado pelas Avós da Praça de Maio, entidade que busca filhos de desaparecidos na ditadura (1976-1983).
Nesse período, filhos de presos políticos que nasciam em centros de detenção costumavam ser entregues a terceiros para serem educados longe do que os militares consideravam um ambiente subversivo. A associação das avós calcula que 400 crianças foram roubadas dessa maneira.
O neto encontrado não imaginava que poderia ser um dos bebês sequestrados e se voluntariou para fazer o exame de DNA. Em junho, a Comissão Nacional pelo Direito à Identidade, ligada ao Ministério da Justiça, o aconselhou a fazer o teste após constatar que uma das enfermeiras que participou de seu parto havia fraudado vários documentos.
Na segunda-feira, ele foi avisado de que seu DNA batia com o da família Menna. O neto encontrado mora em Buenos Aires, é médico, tem 40 anos e dois filhos. Não há informações se os pais que se apropriaram dele estão vivos. Caso estejam, o Estado deverá denunciá-los à Justiça.
O neto era procurado principalmente por sua tia Alba Lanzillotto, de 88 anos, que já participou da direção da associação das avós. No anúncio da descoberta do argentino, Alba aproveitou para dizer que esperava conhecê-lo logo. "Damos todo o tempo que você precise para pensar, mas esperamos que esse período seja mais curto do que longo. Amamos você, e quero ver seu rosto. Quero ver parte de seu pai e de sua mãe em você, porque sempre há algo, um sorriso ou um olhar."
Os pais de Menna e de seu irmão, Ana María Lanzilotto e Domingo Menna, faziam parte do ERP (Exército Revolucionário do Povo) quando desapareceram, em 1976. Ana María estava grávida de oito meses e, segundo relatos de sobreviventes, passou por dois centros de tortura. Menna, que então tinha dois anos, foi criado por uma outra tia.
Além dos familiares, participaram do anúncio da localização do irmão de Menna, a presidente da associação Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, que encontrou o neto em 2014, e o secretário de Direitos Humanos do país, Claudio Avruj. "Cada vez que acontecer de um neto ser encontrado, vamos estar aqui. Estaremos não só quando acontecer, vamos procurar pelos desaparecidos sempre, para toda a vida", disse Avruj.
Essa foi a primeira vez que um representante do governo do presidente Mauricio Macri participou de uma entrevista sobre netos localizados. As entidades de direitos humanos do país têm uma relação difícil com o governo, pois defendem a antecessora e opositora, Cristina Kirchner (2007-2015), da qual receberam amplo apoio financeiro e jurídico.
 
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