Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Internacional

- Publicada em 03 de Outubro de 2016 às 16:01

Vitória do 'não' gera incertezas

Opção pelo "não" venceu com 50,2% dos votos

Opção pelo "não" venceu com 50,2% dos votos


LUIS ROBAYO/AFP/JC
Após o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) sofrer uma dura derrota no referendo de domingo, os colombianos se perguntavam o que aconteceria agora em um país golpeado pelo conflito, que, como o Reino Unido após seu plebiscito sobre a saída da União Europeia, não tinha um plano B para salvar um acordo que pretendia pôr um ponto final em meio século de violência.
Após o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) sofrer uma dura derrota no referendo de domingo, os colombianos se perguntavam o que aconteceria agora em um país golpeado pelo conflito, que, como o Reino Unido após seu plebiscito sobre a saída da União Europeia, não tinha um plano B para salvar um acordo que pretendia pôr um ponto final em meio século de violência.
Ainda há incertezas sobre os efeitos da votação. As pesquisas mostravam que o "sim" ao acordo de paz venceria com vantagem de dois votos a cada um do "não". Houve, contudo, uma derrota dos partidários da paz com as Farc por uma margem pequena, com 49,8% dos votos a favor do pacto e 50,2% deles contra.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e os líderes das Farc, que fecharam o acordo após quatro anos de difíceis negociações, prometeram seguir trabalhando, sem dar sinais de que desejem retomar uma guerra na qual já morreram 220 mil pessoas e 8 milhões tiveram de fugir de suas casas por causa da violência. "Não me renderei, buscando a paz até o último minuto de meu mandato", disse Santos em mensagem na televisão, na qual pediu calma ao país.
Não estava claro, porém, como o impopular presidente poderia salvar a iniciativa depois da derrota política. Por ora, ele determinou a seus negociadores que regressassem ontem a Cuba para se reunir com as lideranças da guerrilha. Os líderes rebeldes receberam com incredulidade os resultados, após encomendarem bebidas e charutos para a festa do acordo no Club Habana, um dos clubes mais exclusivos da ilha comunista.
O comandante máximo das Farc, Timoleón Jiménez, o Timochenko, disse a jornalistas que as Farc "lamentam profundamente que o poder destrutivo dos que semeiam o ódio e o rancor tenham influenciado na opinião da população colombiana".
A derrota do governo foi ainda mais chamativa diante do enorme apoio internacional à iniciativa, apresentada como um modelo em um mundo onde há problemas com a violência política e o terrorismo em vários lugares. Muitos chefes de governo, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, estavam presentes quando Santos e Timochenko assinaram o pacto, há menos de uma semana, em uma elaborada e emocionante cerimônia.
Diante da incerteza, todos os olhos se voltam para o antigo chefe e hoje principal rival de Santos: o ex-presidente Álvaro Uribe, que liderou a campanha contra o acordo. Uribe deu voz a milhões de colombianos, muitos vítimas das Farc, indignados pelos termos de um acordo de 297 páginas que permitia aos líderes rebeldes evitar a prisão se confessassem seus crimes e dava ainda aos rebeldes 10 cadeiras no Congresso.
Após o resultado, Uribe pediu "um grande pacto nacional" e insistiu em "correções" que garantam o respeito à Constituição e à iniciativa privada e também que não haja impunidade. Ele não disse se poderia trabalhar com Santos para tentar salvar o acordo e reiterou críticas às Farc, além de exigir que o grupo pare com as extorsões e o envolvimento no narcotráfico.
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO