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Mercado de Capitais

- Publicada em 23 de Outubro de 2016 às 22:23

Bovespa deve continuar subindo em 2016, mas em ritmo mais lento

O forte crescimento do Ibovespa no ano, que já beira os 50%, tem mostrado a euforia do mercado de ações em 2016. Analistas são unânimes em apontar a afinidade do setor financeiro com as medidas econômicas adotadas desde a chegada de Michel Temer à presidência, em maio, como a responsável pelo retorno dos investidores à bolsa. A grande expansão do índice, puxado principalmente pelas altas da Petrobras e dos bancos, porém, pode perder força e até mesmo já estar próxima de um limite, pelo menos até que outras etapas do ajuste fiscal se tornem realidade.
O forte crescimento do Ibovespa no ano, que já beira os 50%, tem mostrado a euforia do mercado de ações em 2016. Analistas são unânimes em apontar a afinidade do setor financeiro com as medidas econômicas adotadas desde a chegada de Michel Temer à presidência, em maio, como a responsável pelo retorno dos investidores à bolsa. A grande expansão do índice, puxado principalmente pelas altas da Petrobras e dos bancos, porém, pode perder força e até mesmo já estar próxima de um limite, pelo menos até que outras etapas do ajuste fiscal se tornem realidade.
"É natural que haja recuos e dias de queda, por exemplo, até porque não poderia manter o ritmo atual", argumenta Alexandre Wolwacz, sócio do Grupo L&S, que assessora investimentos. O analista argumenta que o crescimento do índice até aqui se dá pelo retorno do investidor estrangeiro, com mais confiança de que correrá menos riscos no País - apostando, por exemplo, em uma menor inflação, segurança jurídica e em que não haverá aumento de impostos.
O mercado de ações, sempre se fala, vive mais de expectativas do que da realidade na prática. É isso, também, que é usado como explicação para a corrida pelas ações das empresas mesmo que elas ainda não estejam, efetivamente, dando resultados. "O preço das ações está antecipando melhora de resultados para 2017, 2018 e até 2019 em alguns casos", comenta o analista André Henrique Trein, da Fundamenta Investimentos. Há a possibilidade, portanto, de que a expectativa seja mais otimista do que deveria, o que poderia gerar, em breve, uma readequação com queda nos valores.
É o que vê, por exemplo, o professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e economista da Órama, Alexandre Espírito Santo, que afirma ter projetado, ainda no início do ano, o fechamento da bolsa em 2016 entre 60 a 62 mil pontos - na sexta-feira, o mercado fechou em 64.108 pontos. "Mantenho a minha expectativa, ou seja, acho que o mercado chegou ao preço que considero adequado para o que está acontecendo no País", argumenta. Na visão de Espírito Santo, estamos perto de uma reacomodação do mercado, fato que julga saudável para manter a sustentabilidade do crescimento.
Os analistas concordam, porém, que a tendência no médio prazo continua sendo de alta no mercado de ações. Para Wolwacz, embora defenda ser difícil prever quando isso acontecerá, a tendência é de que a bolsa brasileira alcance, novamente, o seu topo histórico, os 73,5 mil pontos batidos em maio de 2008. O analista acredita que os recuos possam acontecer até a metade de novembro, quando o mercado deve voltar a acelerar. "É um dos meses mais positivos historicamente, que dá início geralmente a um ciclo de crescimento que se estende até abril", justificativa Wolwacz.
A alta esperada para os juros nos Estados Unidos, que se acredita aconteça em dezembro, pode afetar o resultado, desviando alguma parte dos dólares hoje no Brasil de volta para casa. Mesmo que isso se confirme, porém, a confirmação de novas ações de ajuste fiscal do governo federal que já estão anunciadas, como a reforma da Previdência, concessões e a repatriação de recursos, podem equilibrar a balança. "Se confirmar tudo que Michel Temer sugere fazer, o mercado no ano que vem pode voltar a subir, talvez até uma alta de 10%", projeta Espírito Santo.
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Petrobras lidera altas; setores mais dolarizados sofrem

Serão ofertadas áreas onshore (em terra) e offshore (no mar)

Serão ofertadas áreas onshore (em terra) e offshore (no mar)


AFP/JC
Entre os setores de melhor desempenho na Bovespa no ano, a aprovação da política de ajuste fiscal federal fica nítida, principalmente, na forte elevação das ações de estatais. Responsável, somando-se as ações preferenciais e ordinárias, por 11,6% da carteira teórica do Ibovespa, a Petrobras é a principal força motriz do crescimento de 47,88% do índice no ano. A PETR4, preferencial, acumula aumento de 167,9% em 2016. A PETR3, ordinária, acumula 125,4%. Fora da carteira, a ação Elet6, preferencial da Eletrobras, tem alta de 152,3% no ano.
"Não dá para achar que é oba-oba, temos de ser mais prudentes. A Petrobras ainda é muito endividada, e a Eletrobras só agora reconheceu as falcatruas no seu balanço", diz o professor do Ibmec, Alexandre Espírito Santo. Ele afirma que a petrolífera merecia uma alta importante pelas iniciativas tomadas e pelo aumento no preço internacional do petróleo. A reversão nos preços das commodities beneficiaram ainda mineração e siderurgia.
Os analistas também destacam os bancos, que mantém crescimento constante. A ação preferencial do Bradesco, BBDC4, cresce 67,8% no ano, enquanto a do Banco do Brasil, BBAS3, acumula 93%, e a do Itaú, ITUB4, 37,9%. O setor é responsável por cerca de 30% do Ibovespa. "É um desempenho não tão forte quanto a Petrobras, mas que contribui para puxar para cima", diz André Henrique Trein, da Fundamentos. O movimento de queda na Selic, iniciado na semana passada, deve acelerar setores como construção e varejo.
Quem deve ficar fora da festa são os setores mais dependentes das exportações, como aviação e celulose. O motivo é o descolamento deles quanto à situação do mercado interno brasileiro, cuja esperada melhoria pouco influirá os resultados. Como os investidores estrangeiros voltaram a despejar dólares no Brasil, a taxa de câmbio caiu e estes setores viram seu faturamento cair.