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Economia

- Publicada em 13 de Outubro de 2016 às 23:23

Opinião econômica: Conteúdo líquido

O publicitário Nizan Guanaes é fundador do Grupo ABC

O publicitário Nizan Guanaes é fundador do Grupo ABC


ARQUIVO/JC
O Facebook no mês passado admitiu erro na medição de audiência de vídeos na rede social, um ato de transparência que ajuda a guiar a comunicação neste momento revolucionário.
O Facebook no mês passado admitiu erro na medição de audiência de vídeos na rede social, um ato de transparência que ajuda a guiar a comunicação neste momento revolucionário.
As revoluções são tipicamente exageradas. Por isso, a enorme intensidade que emana das telas onipresentes deve ser temperada com sensibilidade e profundidade. Se não, vamos trocar amor por sexo, valores por performance.
Tudo vai morrer um dia, mas não necessariamente no tempo previsto pelas pessoas. Novas mídias não nascem para matar velhas mídias, mas podem transformá-las.
A TV não matou o rádio ou o cinema. A internet não vai matar tudo o que havia antes dela, mas está mudando o mais essencial -o engajamento do público com as próprias mídias e seus conteúdos.
O que não muda serve de guia para o que muda. A importância do conteúdo não muda. Quem tiver autoridade no conteúdo pode permanecer firme e forte diante de um público cada vez maior e mais voraz por todo tipo de matéria.
Nessa cauda longuíssima, virtualmente infinita, tem espaço para muita coisa, boa e ruim, mas o conteúdo de qualidade e autoridade será sempre escasso e valioso.
Se a maneira de as pessoas consumirem conteúdo mudou, a forma de se fazer conteúdo de qualidade segue as mesmas premissas básicas. Quem domina o conteúdo hoje pode dominar o seu futuro.
Vivemos num mundo pós-pós-tudo, onde plataformas coabitam ao gosto de audiências fragmentadas. E, se o público sempre foi rei, o conteúdo também o é.
Só que não dá mais para ficar parado fazendo as mesmas coisas. A tecnologia impulsiona as mudanças. Ouvi uma apresentação de som 4D para rádio que me deixou de ouvidos em pé. Eu tenho paixão por rádio. Ele trabalha muito a imaginação humana, e a imaginação humana não tem limites. O rádio já fazia conteúdo gerado pelo consumidor e reality show muito antes de essas coisas serem assim denominadas.
A tradição do mundo é mudar. O mundo muda desde que o mundo é mundo.
Antes a comunicação era binária, agora é muito mais complexa. Hoje temos o "big data" - que nos permite saber onde estão as pessoas e o que elas querem. Mas é preciso visão para navegar nesse mar de informação. Por isso, ainda mais do que antes, a publicidade precisa dos talentos para encantar e ser uma arte. O jornalismo, também.
Os seres humanos, sempre que encurralados, dão saltos e encontram soluções surpreendentes. O frio inventou o fogo. A necessidade de transporte inventou a roda.
Fui um dos pioneiros da internet no Brasil com o iG, em 2000. Naquela época, percorria as agências e ouvia "Nizan, você acha mesmo que esse negócio de internet vai dar certo?".
Não podemos ficar de birra com o futuro porque ele vem e se instala. Realmente não temo o que vem pela frente, desde que venha pela frente.
Às vezes pode não parecer, mas este é um momento muito rico da história humana. É um luxo ser jovem hoje, com facilidades e ferramentas tão potentes em nossas mãos.
Em 1996, Bill Gates, o criador da Microsoft, escreveu artigo intitulado "Content is King", no qual previa com razão que a produção de conteúdo era o caminho para se fazer dinheiro de verdade na internet.
Antes do smartphone, Gates acrescentava que bastava um computador e um modem para entrar no jogo. "Nenhuma empresa é pequena demais para participar", dizia já naquela época. Com tudo o que veio depois, inclusive youtubers transmitindo de seus quartos para audiências de TV aberta, a verdade de Gates é ainda mais verdade hoje.
Quem tem conteúdo tem tudo.
Publicitário e fundador do Grupo ABC
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