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Economia

- Publicada em 09 de Outubro de 2016 às 15:43

Santander compra Citi na Argentina, e Itaú fica com operação no Brasil

Agência Estado
O Itaú Unibanco anunciou, neste sábado, que acertou a compra das operações de varejo do banco norte-americano Citibank no Brasil por R$ 710 milhões, bem abaixo da expectativa do mercado. No domingo, o Citi comunicou que também chegou a um acordo definitivo para vender seu negócio de varejo na Argentina para o Banco Santander Río, subsidiária do grupo espanhol no país.
O Itaú Unibanco anunciou, neste sábado, que acertou a compra das operações de varejo do banco norte-americano Citibank no Brasil por R$ 710 milhões, bem abaixo da expectativa do mercado. No domingo, o Citi comunicou que também chegou a um acordo definitivo para vender seu negócio de varejo na Argentina para o Banco Santander Río, subsidiária do grupo espanhol no país.
A operação de venda para o Itaú Unibanco inclui basicamente o serviço prestado a pessoas físicas: agências, empréstimos, depósitos, cartões de crédito, gestão de recursos e corretagem de seguros. Se considerada a provisão da carteira de crédito (dinheiro reservado para cobrir eventuais calotes) do Citi, a transação sobe para R$ 2 bilhões, segundo fonte que acompanhou as negociações.
O atendimento a médias e grandes empresas, clientes institucionais (como fundos de pensão) e famílias com grandes fortunas fica de fora da transação. O braço de investimentos do banco norte-americano vai permanecer com o Citi. Após a conclusão da aquisição, que está sujeita à avaliação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o Itaú Unibanco passará a ter R$ 1,404 trilhão em ativos, confirmando sua liderança entre bancos privados no País.
Em Washington, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a saída do Citi da área de varejo no Brasil não significa que a instituição esteja abandonando o País. "O Citibank está concentrando suas operações de varejo. O presidente mundial do Citibank esteve comigo ontem (sexta-feira) e me assegurou que o Brasil é prioridade e que, nas áreas em que o Citibank é forte globalmente, inclusive no Brasil, continuará investindo cada vez mais", disse Meirelles.
Desde fevereiro, o Citi vinha tentando vender suas operações de varejo no Brasil, na Argentina e na Colômbia. O Itaú Unibanco e o espanhol Santander estavam na disputa pelos ativos no Brasil. No final de setembro, o Itaú obteve a exclusividade na negociação. Os detalhes, porém, só foram concluídos entre o fim da noite de sexta-feira e início da madrugada desse sábado, segundo uma fonte. O Santander estaria mais próximo de arrematar as operações do banco norte-americano na Argentina. Já o canadense Scotiabank estaria na frente na disputa pelas operações na Colômbia.
O valor da compra foi considerado baixo pelos analistas. Os ativos de varejo do Citi no País chegaram a ser avaliados em R$ 8 bilhões pelo mercado. João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, lembra ainda que, no mês passado, o Itaú Unibanco pagou quase R$ 1,3 bilhão por 60% do Itaú BMG Consignado (que atua na concessão de crédito em folha). O Itaú já tinha os outros 40%.
O Itaú Unibanco não fez qualquer menção às provisões que terá de fazer em seu comunicado ao mercado. Em nota, disse: "não se espera que essa operação acarrete efeitos relevantes nos resultados deste exercício social". No comunicado, o diretor de relações com investidores do Itaú Unibanco afirmou que a transação "reforça a atuação do Itaú no mercado de alta renda, já que a base de clientes do Citibank no País é majoritariamente composta por clientes desse segmento".
Para Erivelto Rodrigues, presidente da agência de classificação de risco Austin Rating, a provisão bilionária feita pelo Citi no Brasil para os créditos duvidosos não será problema para o Itaú, pois o momento econômico faz os bancos serem mais cautelosos. Na sua avaliação, o perfil de clientes do Citi se encaixa no segmento em que o Itaú vem apostando.
"A compra não é uma surpresa para o mercado. Esperávamos que o comprador fosse mesmo o Itaú, pela sinergia", afirmou Rodrigues, para quem a operação do Citibank no Brasil era pequena e pouco rentável para o banco americano.
O Citi tem 71 agências, aproximadamente 315 mil correntistas, R$ 35 bilhões entre depósitos e ativos sob gestão, 1,1 milhão de cartões de crédito e R$ 6 bilhões de carteira de crédito. Já o Itaú Unibanco tem mais de quatro mil agências e postos de atendimento e 44 mil caixas eletrônicos no país. O Itaú Unibanco explicou que a transação também inclui a compra de participações societárias detidas pelo Citibank na Tecban (Tecnologia Bancária S.A.) e na Cibrasec (Companhia Brasileira de Securitização).
Na avaliação de Alberto Borges Mathias, consultor e professor de finanças da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, a carteira de clientes do Citibank não é tão representativa, pois o banco vem encolhendo no Brasil desde 2008, quando ocorreu a crise financeira nos Estados Unidos e o movimento global de consolidação no setor bancário se intensificou.
No Brasil, não tem sido diferente. No ano passado, o Bradesco, principal rival do Itaú Unibanco, anunciou a compra do HSBC por R$ 16 bilhões, e a migração efetiva de clientes do banco britânico para a operação do Bradesco ocorreu ontem. Com a saída do Citi do varejo brasileiro, o único grande estrangeiro neste segmento será o Santander.
Para Salles, da Lopes Filho, foram duas as motivações para que o Itaú Unibanco avançasse nas negociações com o Citi: limitar a expansão dos concorrentes e reduzir seu custo de capital. "Não é uma operação que agregue muito ao Itaú. Há muita sobreposição. As agências do Citi são majoritariamente em São Paulo, onde o Itaú tem atuação forte. O que o Itaú quer é criar barreiras aos outros bancos", afirma Salles.
Para Paulo Feldman, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, a saída da área de varejo do Citi não surpreende, porque outras instituições seguem o mesmo caminho. "Os bancos mais poderosos do mundo buscam investir seu capital em empresas, segmento em que ganham mais." Indagado se o negócio não causa preocupação ao concentrar ainda mais o sistema bancário, Meirelles disse que o País tem instituições muito fortes e que existem oportunidades no setor bancário. "Tenho encontrado em Washington asiáticos, principalmente chineses, que estão investindo forte no mercado financeiro brasileiro", afirmou Meirelles.
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