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Conjuntura

- Publicada em 05 de Outubro de 2016 às 20:24

Brasil pode voltar a ter superávit primário em 2020, afirma FMI

Entidade divulgou o relatório Monitor Fiscal nesta quarta-feira

Entidade divulgou o relatório Monitor Fiscal nesta quarta-feira


ZACH GIBSON/AFP/JC
O Brasil deve voltar a ter superávit primário em 2020, alcançando 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com projeções divulgadas ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório Monitor Fiscal, que avalia a situação das contas públicas dos países-membros. Ao mesmo tempo, o documento afirma que a dívida total do governo brasileiro deve continuar em trajetória de alta e ser a maior entre os principais emergentes em 2019.
O Brasil deve voltar a ter superávit primário em 2020, alcançando 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com projeções divulgadas ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório Monitor Fiscal, que avalia a situação das contas públicas dos países-membros. Ao mesmo tempo, o documento afirma que a dívida total do governo brasileiro deve continuar em trajetória de alta e ser a maior entre os principais emergentes em 2019.
A relação dívida/PIB, um dos principais indicadores de solvência de um país e avaliado de perto pelas agências de classificação de risco, deve fechar 2016 em 78,3%, ultrapassar os 80% no ano que vem e bater em 90,8% em 2020, para chegar em 2021 em 93,6%. O FMI ressalta que leva em conta para este cálculo os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central (BC), montante que não é considerado nos cálculos do governo brasileiro.
A dívida bruta brasileira segue acima da média dos emergentes, na casa dos 40%. Mesmo considerando apenas os países da América Latina, a média está ao redor de 60%. Atualmente, apenas alguns poucos emergentes, considerando as 40 principais economias avaliadas pelo FMI no relatório, têm a dívida como proporção do PIB maior que o Brasil, entre eles a Ucrânia, a Croácia, o Egito e o Sri Lanka.
Já o déficit nominal do Brasil, que inclui as despesas com juros, deve atingir um pico este ano, batendo em 10,4% do PIB, e depois começar a cair. Em 2017, o indicador deve recuar para 9,1%, batendo em 7% em 2020 e 6,4% em 2021, número ainda alto ante anos anteriores. Entre 2007 e 2013, o déficit nominal ficou na casa dos 2,5%.
No caso das despesas primárias, a projeção do FMI é de déficit de 2,8% do PIB este ano, número que deve ir se reduzindo até se transformar em superávit em 2020. No ano que vem, o déficit primário deve ser de 2,2%, caindo para 1,2% em 2018 e 0,5% em 2019. O último ano que o País teve superávit primário foi em 2013.

País possui US$ 51 bilhões de dívida corporativa em 'companhias fracas'

O Brasil registrou forte aumento da dívida corporativa nos últimos anos, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem que US$ 51 bilhões em dívidas, o equivalente a 11% dos passivos totais das empresas brasileiras, estão em "companhias fracas", com baixa capacidade de pagamento. O diretor adjunto do Departamento Monetário e de Mercado de Capitais do FMI, Ali Al-Eyd, explicou que empresas fracas são aquelas nas quais a geração de lucro não é suficiente para cobrir o pagamento de juros da dívida.
O FMI também investigou o que aconteceria no Brasil em um cenário adverso, de piora adicional da atividade econômica, em que o lucro das empresas tem nova queda e os custos de captação sobem. Neste caso, a dívida corporativa detida pelas "companhias fracas" pode subir para US$ 88 bilhões, ou cerca de 19% da dívida corporativa do País.
Segundo o FMI, é necessário que o governo brasileiro tente lidar com essa situação, o que ajudaria também a reduzir um risco importante para o sistema bancário. Uma das recomendações é aproveitar o bom momento do cenário externo, com taxas de juros muito baixas ou negativas em vários países desenvolvidos, e busca por retorno dos investidores globais, para tentar melhorar a situação dos passivos. Outra recomendação é que o Brasil e outros emergentes melhorem as ferramentas das regras de solvência. "O nível de alavancagem das empresas no Brasil e outros emergentes é bastante alto", disse Al-Eyd.

Endividamento no mundo bate recorde e representa 225% do PIB global

O endividamento total do mundo é recorde e segue crescendo. Segundo o relatório Monitor Fiscal, divulgado nesta quarta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida de setores não financeiros cresceu fortemente, chegando a US$ 152 trilhões, o equivalente a 225% de tudo que é produzido no mundo em um ano. "Dívida privada excessiva é um grande vento contrário à recuperação global e um risco para a estabilidade financeira", afirma o documento.
Segundo o estudo, dois terços deste valor, ou US$ 100 trilhões, são dívidas de empresas privadas. Mas a dívida pública também cresceu, passando de 70% do PIB mundial no início do século para 85% em 2015. "Os níveis de dívida elevados, muitas vezes, acabam em recessões financeiras mais profundas e por mais tempo do que o habitual para as recessões", diz o documento.
Vitor Gaspar, diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI, afirma que a política fiscal pode fazer mais para restaurar o crescimento econômico e a estabilidade no mundo. "Intervenções fiscais específicas sob a forma de programas patrocinados pelo governo para ajudar a reestruturar a dívida privada e apoio público para a reestruturação da dívida das empresas podem ser muito eficazes na redução da alavancagem", declarou Gaspar.