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Conjuntura

- Publicada em 04 de Outubro de 2016 às 20:00

Controle da inflação garantirá volta da confiança

Ilan Goldfajn afirmou que o papel do BC é controlar índices de preços

Ilan Goldfajn afirmou que o papel do BC é controlar índices de preços


MARCELO CAMARGO/ABR/JC
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, reafirmou ontem que a instituição ajuda na retomada da confiança ao perseguir a missão de colocar a inflação na meta. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, Goldfajn defendeu que a inflação mais baixa ajuda empresas e famílias.
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, reafirmou ontem que a instituição ajuda na retomada da confiança ao perseguir a missão de colocar a inflação na meta. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, Goldfajn defendeu que a inflação mais baixa ajuda empresas e famílias.
"O BC faz parte da solução. A inflação mais alta não contribuirá para recuperação", disse Ilan Goldfajn, ao citar que o papel do BC é controlar os índices de preço. Para o presidente do BC, a inflação mais baixa é condição para a retomada da confiança ao preservar o poder de compra das famílias e empresas, além de alongar horizontes de planejamento.
O presidente da autoridade monetária reafirmou que há processo de desinflação em curso atualmente na economia brasileira. Apesar disso, ressaltou que há incertezas sobre o processo e a evolução dos números. "A evolução dos preços evidencia o processo de desinflação em curso e a perspectiva é de continuidade nos próximos trimestres", disse.
Para Ilan Goldfajn, o processo de desinflação é corroborado pelas perspectivas declinantes das projeções da inflação feitas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e também do mercado. Apesar de apontar para essa trajetória, Ilan Goldfajn repetiu a avaliação de que "a velocidade de desinflação permanece incerta". "Reafirmo o firme compromisso do Copom com todo o horizonte relevante da política monetária com os anos que já contam com metas, inclusive 2017", disse. O presidente do Banco Central também repetiu no Senado a avaliação de que o mundo passa por um "interregno benigno para as economias emergentes". Segundo ele, o ritmo de crescimento da economia global ainda não é forte o suficiente para a retirada de estímulos nas economias centrais. Afirmou, no entanto, que "não é provável que o ambiente favorável dure muito tempo". Para o presidente do BC, o crescimento das economias avançadas ganhará ampliação e, com isso, permitirá a normalização das condições monetárias nas economias avançadas, o que deve, em consequência, pôr fim à "fuga do juro zero" e à busca das taxas mais elevadas das economias emergentes.
Neste cenário, conforme Goldfajn, "não se deve ignorar a possibilidade de surtos de volatilidade à frente". O presidente do Banco Central afirmou ainda que as economias emergentes devem aproveitar as oportunidades trazidas pelo interregno benigno do exterior. "O setor externo tem contribuído, mas deve passar a contribuir com ímpeto menor", alertou.

Cenário é de estabilização após seis trimestres negativos

Ao avaliar o cenário doméstico em sua fala inicial, o presidente do BC, Ilan Goldfajn afirmou que a economia brasileira dá sinais de estabilização após seis trimestres consecutivos de decréscimo. Ele destacou ainda - como vem fazendo o BC em suas comunicações mais recentes - que a disposição para investir e para consumir depende da retomada da confiança dos agentes. "Considero a retomada da confiança um elemento crucial", disse Goldfajn.
Segundo ele, também é fundamental perseverar nos ajustes da economia. "Ajustes e reformas voltados para a área fiscal são importantes para resgatar confiança dos agentes", afirmou. "São também necessárias reformas que aumentem produtividade", acrescentou o presidente do BC. "Precisamos avançar em agenda para reforçar a produtividade no longo prazo."
Em sua exposição, Goldfajn também defendeu o reforço do tripé macroeconômico no Brasil e a criação de condições para o crescimento do País em bases sustentáveis.
Ele reafirmou que qualquer eventual medida de flexibilização da política monetária será tomada com base na "combinação de fatores" e não há fator independente que determinará qualquer movimento do Banco Central. "O Copom avaliará uma combinação de fatores. Não há fator que seja importante por si só que vai determinar", citou durante a audiência pública.
Sobre essa perspectiva de flexibilização, Goldfajn lembrou que o "BC não tem cronograma preestabelecido para a flexibilização da política monetária". Qualquer medida, explicou o presidente do BC, será tomada com "base na evolução da combinação, perspectiva e evolução dos fatores". Essa avaliação, disse o presidente do BC, dependerá do alcance desses fatores avaliados sobre a inflação.
O presidente do BC reiterou que qualquer movimento da casa dependerá da avaliação de três fatores: limitação do choque de alimentos, desinflação em velocidade adequada e avanço nas reformas para ajuste da economia.

Para Gleisi, Senado não pode sofrer pressão para aprovar medidas

A presidente da CAE do Senado, Gleisi Hoffmann, comentou sobre o atual estado da economia brasileira e sobre a atuação mais recente do Banco Central. A fala de Gleisi ocorreu após a apresentação de 30 minutos do presidente do BC. Sentada ao lado de Ilan Goldfajn, Glesi afirmou que o Congresso não pode ser pressionado a aprovar as medidas fiscais propostas pelo atual governo.
"Há uma ameaça ao Congresso: ou aprovamos as reformas, ou conviveremos com juros altos. Mas o que levou à crise não foi o aumento de gastos. O aumento recente da inflação não tem a ver com política fiscal, nem com demanda de famílias", afirmou Gleisi, antes de abrir a audiência para perguntas dos demais senadores participantes. "Aumento de juros não leva a controle da inflação. Juros altos concentra renda", acrescentou.
Gleisi criticou ainda o montante de pagamento de juros da dívida do País e o impacto, também sobre a dívida pública, da política monetária do BC e da posição da instituição em swaps cambiais. A senadora destacou ainda o custo das reservas internacionais, em função dos juros altos (diferencial de juros entre o Brasil e o exterior) e acusou o BC de tentar controlar a inflação por meio do câmbio.