Ricardo Gruner

Há artistas que procuram se reinventar a cada nova etapa; outros buscam a sequência de um trabalho. Tonho Crocco, ao menos em carreira solo, se enquadra no segundo grupo. O músico sobe ao palco do Theatro São Pedro (Pç. Mal. Deodoro, s/nº) na quinta-feira para mostrar as músicas do álbum Das galáxias, o sucessor de O lado brilhante da Lua - seu primeiro disco, de 2011.

"Quis dar continuidade a uma proposta, a uma estética solar, interplanetária, talvez", resume o compositor, que é também vocalista da Ultramen. O show acontece a partir das 21h, com tíquetes entre R$ 20,00 e R$ 50,00, disponíveis pelo site Compre Ingressos.

Contemplado por edital da Natura Musical e disponível nas principais plataformas digitais, o registro contém nove faixas que passeiam pelo mesmo universo do trabalho anterior. Soul, samba, afrobeat - está tudo lá outra vez. "Não quis fazer nada diferente. A primeira faixa de O lado brilhante é um beatbox, com vários canais de vozes, bateria de boca. Agora é a mesma coisa", exemplifica o instrumentista, que compôs o disco entre 2013 e 2015.

Para resgatar a essência do álbum com o qual estreou, Crocco contou também com a apoio da mesma base de músicos: a banda Partenon 80, hoje composta por Everton Velasquez (baixo), Marco Farias (teclado), Gelson Ribeiro (bateria), Bruno Coelho (percussão), Roberto Scopel (trompete), Dejeane Arruee (trombone), Rodrigo Siervo (saxofone e flauta).

Já as letras tocam em temas leves, uma das características que distinguem a carreira solo do cantor em relação à trajetória da Ultramen - que está de volta aos palcos, com show marcado para o Opinião no dia 24 de novembro. "A banda é um coletivo, agora estamos em seis pessoas, mas já estivemos em oito. Então temos que falar sobre algo em comum, não posso ser egoísta e ver só o meu mundo", compara ele, citando que, sozinho, encontrou inspiração em figuras e elementos espaciais para fazer analogias.

Até a irônica É com jabá, parceria com Carlinhos Presidente que fala sobre pagamento a rádios para execução de músicas, se encaixa neste panorama: "Vida de celebridade / A qualquer preço, custe o que custar / Um pequeno investimento/ Pra fazer sua estrela brilhar", canta ele, em um dos versos.

"Muito dessa letra se deve ao Carlinhos, que é um cara meio Bezerra, Moreira da Silva, um tipo de 'caneta' do samba que eu gosto", conta Tonho Crocco, que diz ainda escutar sobre a prática. "As grandes rádios e os conglomerados estão se aliando a grandes distribuidoras. Mas também tem o nosso mercado independentemente disso - tendo um bom público, uma sequência de shows e fazendo o que gosta, está mais do que bom."

Já a balada Zerado o placar, primeiro single do disco, vem rendendo elogios à performance vocal do artista. "Talvez porque essa música seja uma homenagem ao Tim Maia e ao Cassiano eu tenha soltado mais a voz", especula o músico, que fez parte do coral da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e presta tributos ao Síndico desde 1993. "Mas curiosamente tenho ouvido as pessoas dizerem que estou cantando melhor mesmo", encerra, contente.

Ao vivo, a execução destes trabalhos inclui presença da Partenon 80 e de convidados especiais. BNegão e Gilberto Ribeiro (engenheiro de som do disco) repetem as participações que gravaram na faixa Baobá, por exemplo. Além das nove composições de Das galáxias, o repertório do show ainda conta com um apanhado de O lado brilhante da Lua e de canções que Tonho Crocco emplacou no catálogo da Ultramen.

Após a estreia na capital gaúcha, a agenda do músico conta com espetáculos em São Paulo (27/10) e Rio de Janeiro (10/11). Já os compromissos com a Ultramen neste ano celebram o lançamento do DVD Máquina do tempo e também acontecem nos dias 12 (Canela), 25 (Bom Princípio) e 26 (Santa Maria) de novembro, além de Chapecó no dia 17 de dezembro. Um disco de inéditas do grupo está nos planos para 2017.