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Combustíveis

- Publicada em 26 de Outubro de 2016 às 22:18

Alta da gasolina é decepcionante, admite Parente

Preço de venda é livre, mas custos cresceram em todo o País, e o etanol foi apontado como o responsável

Preço de venda é livre, mas custos cresceram em todo o País, e o etanol foi apontado como o responsável


JOÃO MATTOS/JC/JC
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, garantiu, na semana passada, que foi decepcionante que a redução do preço da gasolina nas refinarias, anunciada pela estatal há três semanas, não tenha chegado ao bolso do consumidor.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, garantiu, na semana passada, que foi decepcionante que a redução do preço da gasolina nas refinarias, anunciada pela estatal há três semanas, não tenha chegado ao bolso do consumidor.
Segundo o executivo, características de mercado do segmento foram determinantes para que a redução dos preços nas refinarias da empresa estatal não chegasse aos postos de combustível.
No dia 14 de outubro, a Petrobras divulgou a redução de 2,7% nos preços cobrados pelas refinarias para o diesel e de 3,2% para a gasolina.
De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), porém, os preços no varejo subiram 0,5%, em média, na semana seguinte à queda determinada pela Petrobras.
Parente ressaltou que o mercado de distribuição de combustíveis no varejo funciona com preços livres e que a Petrobras não tem ingerência sobre quanto os donos de postos cobram pelo produto.
"De certa forma, é decepcionante. Era uma expectativa justa que tivesse acontecido (a redução), mas não há nada que possamos fazer a respeito. O preços são livres", afirmou Parente, em entrevista.
Questionado sobre o tema, o diretor de refino e gás da Petrobras, Jorge Celestino, afirmou que a alta do preço do etanol anidro - que é misturado à gasolina - provocou o aumento nas bombas.
A redução feita pela Petrobras vale apenas para o preço dos produtos na saída das refinarias. Foi a primeira vez que a empresa reduziu seus preços desde 2009. A alta do etanol é normal neste período do ano, como reflexo do período de entressafra na produção de cana-de-açúcar.
A Petrobras informou que estuda criar empresas subsidiárias com refinarias e ativos de logística para vender participações a novos sócios.
O objetivo é tornar suas refinarias mais atraentes para os investidores, permitindo que os compradores tenham maior flexibilidade com relação à suas operações, sem depender da empresa estatal.
Ativos de logística referidos pelo presidente da Petrobras são os terminais de importação e exportação no litoral e os dutos que os conectam às refinarias.
Por exemplo, as refinarias de São Paulo são abastecidas pelo terminal de São Sebastião, no litoral Norte, por onde a Petrobras descarrega o petróleo e carrega os derivados para exportação.
"É um modelo que dá ao investidor gestão sobre as suas margens", explicou Celestino. Ele argumenta que a proposta evita repetir o modelo usado anteriormente na Refinaria Alberto Pasqualini, no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Na ocasião, a espanhola Repsol/YPF comprou 30% da empresa, mas não tinha instalações para trazer o próprio petróleo ao mercado interno. Dez anos após a aquisição da refinaria, o negócio foi desfeito por causa dos recorrentes prejuízos com a venda de combustível por valor abaixo dos preços internacionais.
A busca por novos sócios em refinarias brasileiras é uma novidade do plano de negócios da Petrobras divulgado em setembro passado, que prevê a arrecadação de US$ 19,5 bilhões com a venda de ativos entre 2017 e 2018. O plano anterior falava em US$ 15,1 bilhão entre 2015 e 2016 e não incluía os ativos de refino de petróleo.
Até agora, a empresa vendeu quase US$ 10 bilhões, em ativos como gasodutos, participações em distribuidoras de gás, operações na Argentina e no Chile e o campo de Carcará, no pré-sal. O objetivo é reduzir o elevado endividamento da estatal e assim recuperar a confiança dos investidores na saúde financeira da estatal, abalada pelas investigações da Operação Lava Jato e por anos de controle dos preços dos combustíveis.

Distribuidor vê trauma com o preço da gasolina

O diretor do Sindicom (Sindicato Brasileiro das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) cobrou maior liberdade de preços dos combustíveis. "O Brasil tem um trauma com preços dos combustíveis. Isso sempre foi manchete de jornal", disse Leonardo Gadotti Filho.
Ele argumentou que, em "mercados mais avançados", os preços sobem e descem, acompanhando as cotações internacionais. No dia 14 de outubro, a Petrobras reduziu os preços da gasolina e do diesel, de 3,2% e 2,7%. Foi a primeira queda desde 2009.
Nas bombas, porém, houve aumento do preço. Postos e distribuidoras culpam o etanol, que é misturado à gasolina. De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a dependência externa brasileira quase triplicará até 2030, atingindo 1,1 milhão de barris por dia, caso não haja investimento em refino.
A Petrobras já comunicou ao mercado que não pretende construir novas refinarias e que espera que outras empresas venham ao País para fornecer combustíveis. O secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia defendeu que os preços no País já são livres.
Mas disse que o governo prepara um debate sobre novo modelo do setor de refino e distribuição de combustíveis, com o objetivo de atrair investimentos. Entre os desafios está a garantia de que novos supridores terão acesso às instalações de transporte ou capacidade para construir seus próprios terminais de importação nos portos brasileiros.