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Finanças pessoais

- Publicada em 10 de Outubro de 2016 às 15:48

Investir em ações nas redes sociais esconde perigos

É preciso vasculhar a credibilidade do perfil antes de seguir conselhos

É preciso vasculhar a credibilidade do perfil antes de seguir conselhos


STOCKVAULT/DIVULGAÇÃO/JC
As redes sociais impulsionaram a propagação de informações sobre o mercado financeiro e muitos investidores, em especial pessoas físicas, utilizam esse suporte para tentar potencializar ganhos. Ao mesmo tempo, contudo, há operadores utilizando a rede de forma duvidosa, compartilhando notícias sem procedência para influenciar o desempenho de ações na bolsa.
As redes sociais impulsionaram a propagação de informações sobre o mercado financeiro e muitos investidores, em especial pessoas físicas, utilizam esse suporte para tentar potencializar ganhos. Ao mesmo tempo, contudo, há operadores utilizando a rede de forma duvidosa, compartilhando notícias sem procedência para influenciar o desempenho de ações na bolsa.
A troca de informações nessas plataformas já chamou a atenção do regulador do mercado de capitais. O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira, afirma que as mídias sociais vêm sendo fiscalizadas, mas admite que o desafio é grande, dada a amplitude da rede. O executivo explica que o regulador precisa avaliar qual o tipo de interação de determinado perfil, uma vez que o compartilhamento de notícias já públicas ou a simples troca de ideias não chegam a ser prejudiciais.
É preciso vasculhar a credibilidade do perfil em rede social antes de seguir os conselhos. Uma das formas é exatamente verificar na CVM se existe qualquer processo em aberto contra o dono de determinado perfil. Outra dica é passar um pente fino no histórico de publicações do perfil em questão. Para confiar plenamente, só as páginas oficiais das empresas, destaca o coordenador do Mestrado em Administração da FGV, Marcelo Coutinho.
O publicitário Alexandre Peregrino, que investe em ações desde 2001, usa o ceticismo como arma. "Se alguém conseguisse prever os preços das ações, usaria a informação a seu favor e não divulgaria na internet", diz. Ele não acredita ser possível influenciar cotações por meio das redes sociais e argumenta que quem faz uma postagem não tem a garantia de que ela terá o efeito desejado.
Há menos tempo em contato com o mercado de ações, o advogado André Soutelino buscou, no início do ano, respaldo em cursos específicos para aprender a operar. Já o estudante Wellington Nakayama investe em ações há sete anos e checa as informações que recebe nesses grupos. "Algumas pessoas têm conhecimento, mas muita coisa é 'achismo'", alerta.
Há situações em que perfis dizem apostar na alta de alguma ação e afirmam que "uma notícia bombástica sairá dentro dos próximos dias". O efeito é simples: a pessoa propaga a informação para que o papel valorize e, em seguida, vende seu lote de ações a um preço maior do que comprou.
Coutinho explica que as redes sociais digitalizaram os boatos e aumentaram a velocidade de troca de informações, que sempre existiram no mercado acionário. A ação na internet que tem como objetivo enganar vítimas é chamada de "scam", que em português significa golpe. Um exemplo bastante conhecido é o envio de e-mails com "malware", programas nocivos que podem, por exemplo, roubar dados das vítimas. No caso de dicas de investimento nas redes sociais, feitas para o próprio proveito de quem as dá, a vítima compra uma ação à espera de um ganho rápido, o que pode não ocorrer. Além do Twitter, Facebook e LinkedIn são outras redes muito utilizadas para a prática.
Nos Estados Unidos, pesquisas já apontam que as redes sociais influenciam o mercado. Lá, o investimento em ações é muito disseminado entre pessoas físicas, que podem tomar decisões com base no que é postado. "Em 2012, o CEO da NetFlix, antes da divulgação dos resultados da empresa, disse no Facebook que os assinantes do serviço tinham consumido mais de 1 bilhão de horas de vídeo por mês", lembra o coordenador do mestrado em Administração da FGV, Marcelo Coutinho. Órgão regulador, a Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, em inglês) entendeu que isso não deveria ter sido antecipado na web.

Produto personalizado é opção para queda de juros

Entre os produtos que podem se tornar mais atraentes com a queda dos juros e a retomada da economia, o Certificado de Operações Estruturadas (COE) é uma opção para quem deseja tomar algum risco e proteger o que foi investido contra perdas. Especialistas alertam, porém, que o investidor deve atentar à composição dos COEs, que é determinante para a rentabilidade da aplicação.
Produto que combina renda fixa e renda variável, um COE oferece parte do retorno obtido com investimentos mais arriscados, como em bolsa ou câmbio, e dá a opção de blindar o capital. Com a Selic menor e a concretização das expectativas sobre a melhora da atividade, analistas esperam atratividade menor para investimentos em renda fixa, como Tesouro Direto, por exemplo, diante da possibilidade de retorno maior na renda variável. A vantagem do COE estaria na opção de evitar a perda do dinheiro aplicado.
Com um estoque de R$ 9,4 bilhões até agosto - considerado pequeno diante do de aplicações como CDB, Letra de Crédito Agrícola (LCA) e Letra de Crédito Imobiliário (LCI) -, as emissões têm crescido em ritmo constante. A possibilidade de distribuição dos COEs por corretoras, antes vendidos apenas em bancos, contribuiu para esse avanço.
Fábio Zenaro, superintendente de Produtos da Cetip, explica que há dois obstáculos para a disseminação do produto: "O nível de taxa de juros torna outras aplicações, como LCI e LCA, mais atraentes. O fato de o produto ainda ser desconhecido também é um entrave", diz. Além disso, as populares Letras de Crédito são aplicações isentas de Imposto de Renda.
Os COEs podem ser personalizados de acordo com o objetivo do investidor. No Santander, eles são construídos levando em conta a possibilidade de alta ou de queda do dólar. A aplicação mínima é de R$ 15 mil e o prazo é de seis meses. "Em julho, passamos a oferecer o produto para o segmento de renda entre R$ 3 mil e R$ 10 mil", diz Simon Peled, superintendente de vendas da Tesouraria do banco.
Já no Bradesco, que também tem uma forte demanda relacionada ao câmbio, a aplicação mínima varia entre R$ 20 mil e R$ 50 mil e os prazos podem chegar a três anos. "No Brasil, o dólar é tido como medida de riqueza", diz Paulo Eduardo Waack, diretor da Tesouraria do banco.