Deputado suspende CPI do Badesul e parlamentares falam em privatização do banco

Repercutiu entre os deputados estaduais a decisão do parlamentar Sérgio Turra (PP) de suspender a coleta de assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades no Badesul. Alguns deputados de oposição ao governo José Ivo Sartori (PT) temem a privatização da entidade. 

Turra decidiu adiar o requerimento da CPI ontem, depois que o governo anunciou a abertura de uma sindicância para apurar supostas irregularidades no Badesul. A instituição tem sofrido sucessivos calotes de instituições que conseguiram financiamentos na instituição, principalmente durante a gestão do ex-governador Tarso Genro (PT, 2011-2014), quando ampliou as operações de crédito.

Só em contratos com a Iesa Óleo e a Gás e a Wind Power Energia, por exemplo, a entidade teve um rombo de R$ 140 milhões (em valores corrigidos). Na semana passada, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) desabilitou a instituição gaúcha a receber novos financiamentos.

O líder da bancada petista, deputado Luiz Fernando Mainardi, também é favorável à sindicância. Entretanto, acredita que são necessárias mais informações para abertura de uma CPI. "Temos que ter elementos concretos para abrir uma CPI. Hoje, só existem especulações, que visam fragilizar o banco para a venda", ponderou Mainardi.

Para o líder do governo na Assembleia, deputado Gabriel Souza (PMDB), "as operações de crédito feitas pelo Badesul foram irresponsáveis e de alto risco, o que comprova a incompetência do governo anterior". Entretanto, Souza não descarta a possibilidade de privatização. "O governo vai ter que avaliar essa questão tecnicamente. Mas as primeiras informações que temos são hecatômbicas. O que sabemos é que o banco está quebrado. O Estado não tem como capitalizá-lo, afinal não tem dinheiro nem para pagar em dia o funcionalismo público", afirmou.

De qualquer forma, Turra garante que, se for necessária a abertura da CPI, "vai ser aprovada com mais assinaturas que o necessário, com a adesão de quase todos os parlamentares". 

A primeira reunião da comissão de sindicância para averiguar irregularidades na liberação de recursos pelo Badesul será amanhã, às 10h, na Procuradoria-Geral do Estado (PGE). A instauração será publicada no Diário Oficial do Estado do mesmo dia. A comissão, sob presidência da PGE e integrada por mais três servidores do Badesul, tem prazo estimado para os trabalhos de 30 dias úteis prorrogáveis por igual período.