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operação lava jato

- Publicada em 27 de Setembro de 2016 às 17:12

Gleisi e Paulo Bernardo se tornam réus

 Gleisi Hoffmann se torna a primeira senadora ré na Suprema Corte

Gleisi Hoffmann se torna a primeira senadora ré na Suprema Corte


FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo (PT), se tornaram réus ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Segunda Turma da Corte decidiu, por unanimidade, 5 votos a 0, aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Notabilizada pelas defesas acaloradas que fez da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no julgamento do impeachment, Gleisi se torna a primeira senadora ré pela Lava Jato no STF.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo (PT), se tornaram réus ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Segunda Turma da Corte decidiu, por unanimidade, 5 votos a 0, aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Notabilizada pelas defesas acaloradas que fez da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no julgamento do impeachment, Gleisi se torna a primeira senadora ré pela Lava Jato no STF.
Gleisi e Bernardo são investigados por suposto recebimento de R$ 1 milhão de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobras. O dinheiro teria sido usado para abastecer a campanha eleitoral dela em 2010.
Ministro do Planejamento no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministro das Comunicações no governo Dilma, Paulo Bernardo é acusado de ter orquestrado um esquema milionário de desvio de dinheiro no Ministério do Planejamento quando ocupava a pasta.
A Consist, uma empresa de São Paulo, foi escolhida para administrar a lista de funcionários públicos, pensionistas e aposentados endividados que recorriam aos empréstimos consignados, cujas parcelas vêm descontadas automaticamente na folha de pagamento. Quem recorria aos créditos pagava uma taxa de administração o lucro da empresa.
A taxa cobrada dos funcionários e aposentados era superfaturada. O excedente era dividido, e o PT ficava com 70% de tudo. De acordo com a Polícia Federal, o partido arrecadou mais de R$ 100 milhões em cinco anos com base nesse método.
A senadora Gleisi Hoffmann foi fisgada pela Lava Jato logo nos primeiros meses da investigação. Os policiais descobriram que ela recebera R$ 1 milhão em propinas desviadas da Petrobras. Dinheiro repassado por doleiros. Era o fio da meada de um escândalo muito maior para o casal mais poderoso da Esplanada.
O escritório de advocacia de Curitiba para o qual o dinheiro era desviado gozava da confiança absoluta de Paulo Bernardo e Gleisi - um de seus sócios, Guilherme Gonçalves, era encarregado de defender a senadora em processos na Justiça. Era o álibi perfeito. A Consist fazia de conta que pagava pelos serviços de advocacia, e os advogados pagavam as despesas do casal sem deixar rastros.
Descobertos, todos entoaram o mesmo mantra. Paulo Bernardo não sabia de nada. Gleisi não sabia de nada. O advogado Guilherme Gonçalves, que também defendeu a ex-presidente Dilma em processos no Tribunal Superior Eleitoral, não sabia de nada.
Mas havia gente que não sabia e tentou descobrir. Acusado no escândalo, um dos sócios, o advogado Sacha Reck, resolveu agir. Pediu a uma empresa independente que fizesse uma auditoria nas contas e arquivos do escritório. O resultado surpreendeu. Foi então que ele descobriu aquilo que a PF não demoraria a desbaratar: o contrato de serviços jurídicos com a Consist não passava de fachada. Mensagens guardadas em pastas secretas registravam o destino do dinheiro: "Eleitoral - Gleisi".
 

Petista afirma que provará inocência

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou ontem, durante entrevista no Senado, que recebeu com "profunda tristeza" a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal de torná-la ré na Operação Lava Jato, mas que, a partir desta nova fase do processo, ela terá a oportunidade de provar a sua inocência.
A petista afirmou que a denúncia apresentada contra ela é muito frágil, porque é baseada apenas em delações premiadas, e não em fatos. "A peça apresentada pela Procuradoria-Geral da República é uma peça muito adjetivada, muito ruim, que força muito a mão para tentar justificar o pedido de denúncia", disse.
Ela também negou ter recebido R$ 1 milhão de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobras, e afirmou não conhecer um dos delatores que citaram o seu nome em depoimentos, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.