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Eleições 2016

- Publicada em 26 de Setembro de 2016 às 23:16

Vera Rosane de Oliveira, do PSTU, quer cidade livre de racismo

Vice de Julio Flores é a única pessoa negra na disputa majoritária à prefeitura da Capital

Vice de Julio Flores é a única pessoa negra na disputa majoritária à prefeitura da Capital


JONATHAN HECKLER/JC
Vera Rosane de Oliveira (PSTU), companheira de chapa do candidato do PSTU à prefeitura de Porto Alegre, Julio Flores, é a única mulher negra na disputa majoritária. "Vivo em uma sociedade dividida em classes, na qual as mulheres e os negros são absolutamente excluídos em todas as esferas", comenta. Sua condição fez com que, aos 14 anos, ela iniciasse sua militância no movimento de formações de grêmios estudantis pós-Ditadura Militar, sem esquecer este mote.
Vera Rosane de Oliveira (PSTU), companheira de chapa do candidato do PSTU à prefeitura de Porto Alegre, Julio Flores, é a única mulher negra na disputa majoritária. "Vivo em uma sociedade dividida em classes, na qual as mulheres e os negros são absolutamente excluídos em todas as esferas", comenta. Sua condição fez com que, aos 14 anos, ela iniciasse sua militância no movimento de formações de grêmios estudantis pós-Ditadura Militar, sem esquecer este mote.
Vera fez parte do grêmio estudantil da escola municipal Alberto Pasqualini, de Viamão, na qual estudava. Também atuou junto ao centro acadêmico das Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), enquanto acadêmica. "Como venho do movimento popular, era quase uma necessidade estar militando e trazendo à tona a pauta do movimento negro e feminista", conta. "Isso ajudou a me manter enquanto sujeito social", explica.
A candidata acompanhou o movimento da Convergência Socialista, corrente interna do PT do final da década de 70, que afastou-se do partido para, mais tarde, formular o PSTU. Como uma das fundadoras de seu partido, Vera lembra que, desde a origem, foi debatida a necessidade de transmitir aos trabalhadores as "variadas opressões que dividem a classe". Ela fala de racismo, machismo, LGBTfobia. "Isso não está a serviço de nenhum trabalhador, mas sim do capital", conclui.
Em outras oportunidades, Vera teve espaço para concorrer como vice nas chapas do PSTU, tanto para o governo do Estado quando para o município. Em sua atual candidatura, ela busca defender que os excluídos possam verdadeiramente ser sujeitos de direito. "Faço trabalhos políticos há mais de 30 anos, e é momento de mostrar isso para os meus pares, para a classe trabalhadora e para as mulheres negras. Mostrar que devemos ocupar estes espaços."
Doutora em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e nascida no Areal da Baronesa em nove de junho de 1965, a moradora de Viamão tem uma relação muito particular com a cidade na qual estudou e ainda trabalha. "Existem duas Porto Alegres: a daqueles que têm muita grana e a dos trabalhadores", afirma. Segundo ela, a cidade dos trabalhadores é repleta de ancestralidades, a começar pelo seu local de nascimento, um quilombo urbano.
"Aqui na sede do PSTU, estamos ao lado da Praça do Tambor, um dos símbolos da cultura negra; e, muitas vezes, o próprio povo negro da cidade não conhece estes locais", comenta. Vera expõe a invisibilização da história dos povos negros na Capital. Para ela, os pontos desta cultura são pouco reconhecidos e sinalizados. "Isto é um erro histórico e um crime político", explica. A candidata propõe que a ancestralidade negra da cidade seja trazida à tona, já que Porto Alegre foi construída por pessoas negras escravizadas.
As pesquisas acadêmicas de Vera também estão ligadas às questões de gênero e raça. Ela iniciou a sua na universidade ao tornar-se servidora da Ufrgs enquanto fazia faculdade. "Sempre tive grandes polêmicas dentro da universidade. Aquele espaço representa todos os setores, e ali vivenciei estas questões que ainda me oponho atualmente", conclui.

O que fará como vice-prefeita

Preocupada com questões de raça, classe e gênero, a candidata a vice-prefeita Vera Rosane (PSTU, mesmo partido do candidato à prefeitura Julio Flores) propõe um governo socialista em Porto Alegre. A primeira medida que sua chapa tomaria ao chegar ao Paço Municipal seria a instauração de conselhos populares.
Estas representações estariam divididas de acordo com núcleos de convivência e classe de trabalhadores. "Em todas as categorias de trabalho, escolas, universidades e bairros, os conselhos seriam instaurados. Assim os trabalhadores oprimidos e aqueles que vivem a baralha do cotidiano poderiam ter espaço para dizer como querem a sua cidade", argumenta. A intenção é de tornar democrático o processo de coleta de informações acerca da cidade e promover um governo horizontal.
O PSTU quer a cidade nas mãos dos trabalhadores, conforme a primeira linha do programa de governo cita. Como proposta para tanto, existe o chamamento de uma greve geral. "Precisamos unificar as lutas e parar o Brasil para barrar os planos de 'ajustes' que os governos das três esferas estão promovendo", propõe.
Vera Rosane também se preocupa com o genocídio da juventude negra em Porto alegre. Ela comenta, alarmada, sobre o aumento de 159% do número de mortes de jovens negros entre 2014 e 2015 em Porto Alegre. "Tenho filhos na idade dos jovens negros que estão sendo mortos. Alguma coisa a gente precisa fazer coletivamente", expõe. Apesar de não consolidar propostas, o programa de governo do PSTU tem espaço dedicado ao enfrentamento ao racismo.