Um levantamento feito pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e apresentado aos candidatos à prefeitura de Porto Alegre, no início de setembro, apontou que, do total de pacientes que procuraram as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) na Capital no ano de 2015, 71,2% apresentavam sintomas classificados como de pouca urgência.
Esses casos, que poderiam ser sanados pelo atendimento básico e preventivo da Capital, esbarram na baixa cobertura das unidades de Estratégia de Saúde da Família, que hoje alcançam menos da metade da população (48,59%).
Diante deste cenário, uma priorização da melhoria da gestão na saúde surge entre as reivindicações que a população da Capital tem para o próximo prefeito de Porto Alegre. Propostas para a área estão contempladas no plano de governo de cada um dos nove candidatos à prefeitura.
O projeto "Melhor em Casa", do Ministério da Saúde e focado na atenção domiciliar, é apontado por três candidatos como alternativa às internações hospitalares, o que defendem que resultaria na redução de custos com leitos.
Outros nomes da disputa falam em investimentos estruturais e de pessoal, como o atendimento integral das Equipes de Saúde da Família (ESFs), mesmo sem apresentar de onde virão os recursos.
Outras medidas passam pela ampliação dos horários das UPAs, a inclusão de práticas de medicina integrativa, como acupuntura, e a entrega de medicamentos a domicílio para cidadãos de baixa renda.
Luciana Genro (PSOL)
Para qualificar o SUS e contratar mais profissionais para a área da Saúde, Luciana defende que o município deve buscar aumento dos repasses de recursos para a área por parte do Estado e da União, inclusive por meio de ações judiciais. Propõe criar incentivos para que os profissionais que atuam nos bairros mais distantes permaneçam nesses locais. Também defende aumentar o número de Núcleos de Apoio às ESFs, que atualmente é de cinco.
Fabio Ostermann (PSL)
Propõe a ampliação da rede já existente e qualificação dos núcleos de apoio às ESFs, com foco em saúde preventiva, para que não precise destinar a maior parte dos recursos em Saúde para o atendimento especializado, mais caro e onde considera que os resultados são menos efetivos. Também sugere integrar o atendimento em saúde com o controle de zoonoses, através de reestruturação da Secretaria de Direitos dos Animais, que teria essa função.
João Carlos Rodrigues (PMN)
Segundo o candidato, com a redução de secretarias e cortes de cargos comissionados, sobrarão recursos para investir em Saúde. Defende mais rigor na fiscalização de aplicação dos recursos, para que as verbas destinadas à área não sejam usadas em outros setores. Esses recursos iriam para a contratação de mais profissionais para as equipes. Propõe ainda um programa de entrega de medicamentos a domicílio para a população de baixa renda.
Maurício Dziedrick (PTB)
Propõe a ampliação imediata do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde das 20h para as 22h, onde existe infraestrutura que comporte a extensão do horário. Propõe a inclusão de práticas de medicina integrativa às ESFs, como acupuntura e massoterapia, por exemplo, complementares às práticas tradicionais. Sugere também a ampliação do programa Melhor em Casa, reduzindo as internações hospitalares.
Marcello Chiodo (PV)
Pretende investir em medidas preventivas, para reduzir custos em internações, tratamentos e procedimentos de maior complexidade. Propõe que a prefeitura mantenha parceria com universidades para que os estudantes realizem estágio curricular, coordenados por servidores da área. Também sugere realizar parceria entre as secretarias de Saúde e Educação, para incentivar a atividade física como instrumento de prevenção e recuperação de doenças.
Julio Flores (PSTU)
Defende que os investimentos em saúde sejam públicos e não passem por parcerias com a iniciativa privada ou organizações sociais. O candidato sugere o atendimento domiciliar, mas entende que isso demanda recurso e contratação de pessoal, o que precisa de estudo para ser viabilizado. Dentro da sua proposta de governo, de obras públicas gerenciadas pela prefeitura com mão de obra da população, o candidato pretende investir em estruturas na saúde.
Raul Pont (PT)
Propõe ocupar totalmente as vagas e ampliar os números das ESFs, utilizando o Programa Mais Médicos. Pretende ampliar os leitos hospitalares, com uma política de atenção hospitalar integrada às redes de atenção à saúde dos distritos da cidade. Sugere também o uso de tecnologia, como um aplicativo que gerencie a demanda de atendimento e de busca de especialistas. O projeto de governo também garante o funcionamento pleno do Hospital da Restinga.
Nelson Marchezan Jr. (PSDB)
Propõe qualificar o processo de alimentação de dados em um banco eletrônico, integrando as informações sobre consultas, realização de exames e histórico de internação. Com isso, acredita que o setor atenderá com maior efetividade. O candidato também pretende ampliar os Núcleos de Apoio às ESFs e reestruturar as Unidades Básicas de Saúdes em estrutura física, equipamentos e material permanente. Propõe também ampliar o atendimento realizado pelo Samu.
Sebastião Melo (PMDB)
Reconhece a defasagem das Equipes de Saúde da Família em Porto Alegre e propõe aumentar a cobertura gradativamente, de acordo com as condições financeiras da prefeitura. Defende que o a ampliação do projeto Melhor em Casa, no qual os profissionais de saúde atendem à população em domicílio, resultando na liberação de leitos da rede de atendimento para procedimentos considerados de maior gravidade.