A socióloga e antropóloga Marinez Pretto vem do mercado de luxo e hoje sua missão no País é difundir a cultura da excelência nos negócios. A frente da Luxo Brasil por 12 anos, agora incorporada à Focus Excelência, ela encontrou na inquietação pela superficialidade a virada na sua própria trajetória. Durante a inauguração da Cazamata, hub estratégico de imersão de Porto Alegre, Marinez falou sobre os caminhos para alcançar um alto padrão.

Marinez Pretto - Estando presente, no aqui e agora, e fazendo o melhor que puder deste momento. A partir disso, se esforçar para ser melhor a cada dia. Assim se constrói excelência - que é fazer o melhor com o que temos. Mas para isso é preciso parar e escutar. Para o que você nasceu? A partir do momento em que você escuta isso dentro de você, passa a agir, e não só a reagir ao mercado. Essa é a coragem que a gente tem que ter, de acessar o que é verdadeiro dentro da gente.

Marinez - Pensar, sentir e agir. É o que chamo de talento do artesão, aquele que sabe fazer com maestria o que pega na mão. Ele age além das mãos, com a mente e com o coração. Eu olho para uma semente e digo que é uma árvore. Você pode passar a olhar sua empresa assim.

Marinez - Eu acho que o luxo, se não tiver raiz, não é luxo. Não adianta você usar uma bolsa Louis Vuitton e não saber o que está usando. Que o ponto da costura é feito com duas agulhas especiais, que a linha tem a temperatura certa. É uma mudança de mentalidade. É saber que há por trás uma cultura, e não só mostrar vitrine, exibicionismo. A excelência é um caminho que leva ao luxo, com base no talento de artesão. Se tu tens uma caneta Mont Blanc na mão e não sabe o que significa uma Mont Blanc, não tem sentido nenhum. É isso.

Marinez - O diferencial do Brasil é o povo, que convive com gente diferente como nenhum outro. O brasileiro é criativo, acredita e tem confiança. E temos que aproveitar isso. Mas não com superficialidade. Nós não sabemos vender bem o nosso diferencial. A Itália vende o design, a Alemanha vende os detalhes, a França vende a alta costura. Por que nós não conseguimos colocar tudo em uma caixinha e vender o que nós temos de bom, que somos nós mesmos?