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Petróleo

- Publicada em 20 de Setembro de 2016 às 19:34

Petrobras corta investimento em 25%

A 14ª Rodada de Licitações de blocos de petróleo e gás natural será a primeira a ter a nova política

A 14ª Rodada de Licitações de blocos de petróleo e gás natural será a primeira a ter a nova política


STEFERSON FARIA/DIVULGAÇÃO/JC
O novo plano de negócios da Petrobras corta em 25% a projeção de investimentos com relação ao plano anterior, lançado em 2015. No documento divulgado ontem, a estatal prevê gastar US$ 74,1 bilhões no período entre 2017 e 2021, 82% do valor na área de exploração e produção de petróleo.
O novo plano de negócios da Petrobras corta em 25% a projeção de investimentos com relação ao plano anterior, lançado em 2015. No documento divulgado ontem, a estatal prevê gastar US$ 74,1 bilhões no período entre 2017 e 2021, 82% do valor na área de exploração e produção de petróleo.
O plano amplia o programa de venda de ativos, com a previsão de vendas de US$ 19,5 bilhões no período entre 2017 e 2018. O programa foi chamado de "parcerias e desinvestimentos", para frisar que a Petrobras buscará sócios em todas as suas áreas de atuação.
O programa anterior falava em venda de US$ 15,1 bilhões entre 2015 e 2016 - até agora, foram vendidos US$ 4,6 bilhões e uma operação de US$ 5,2 bilhões, para comercialização da rede de gasodutos do Sudeste, já foi concluída e que deve ser anunciada em breve.
Com menores investimentos e mais venda de ativos, a empresa planeja antecipar para 2018 a meta de redução da alavancagem (relação entre dívida e geração de caixa) para 2,5 vezes, valor considerado ideal por agências avaliadoras de risco. Hoje, o indicador está em 4,49 vezes.
O primeiro plano aprovado na gestão do presidente Pedro Parente diz que a visão da Petrobras para os próximos anos é ser uma "empresa integrada de energia com foco em óleo e gás que evolui com a sociedade, gera alto valor e tem capacidade técnica única". "No horizonte total dos cinco anos desse planejamento, a nossa proposta é que a empresa tenha sido saneada, tenha padrões de governança e ética inquestionáveis para sustentar uma produção crescente, mas realista, e capaz de investir e se posicionar nos processos de transição por que passa o mercado de energia no mundo", disse Parente.
Apesar do corte de investimentos, o plano não traz grande alteração na meta de produção de petróleo após o período de cinco anos. Em 2021, diz o documento, a estatal espera estar produzindo 2,77 milhões de barris por dia no Brasil - no plano anterior, a meta era de 2,7 milhões de barris por dia em 2020.
Dos investimentos em exploração e produção (US$ 60,6 bilhões), 76% irão a projetos de desenvolvimento da produção. No refino, serão aplicados US$ 12,4 bilhões, principalmente em manutenção das operações e em infraestrutura para o escoamento da produção de petróleo.
No plano de negócios, a empresa ainda destaca que vai "fortalecer os controles internos e a governança, assegurando transparência e eficácia do sistema de prevenção e combate a desvios, sem prejuízo da agilidade da tomada de decisão".
A estatal é a principal investigada na Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção envolvendo políticos de vários partidos e empreiteiras do País. "Será adotado um sistema de gestão baseado na meritocracia, com desdobramento de metas até o nível de supervisão, acompanhamento sistemático e correção de desvios, de modo a garantir a disciplina na execução das iniciativas e no alcance das metas", informou a Petrobras.
Parente destacou que disputas judiciais podem ter impacto no caixa da empresa. Entre as disputas, ele ressaltou as trabalhistas e os processos nos Estados Unidos como dois principais casos que podem comprometer o sucesso do plano de negócios da companhia.

Estatal deixará de atuar nos setores de biocombustíveis, petroquímica e fertilizantes

O Plano de Negócios e Gestão 2017/2021 da Petrobras prevê a retirada "integral" da estatal dos setores de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP (gás de cozinha), produção de fertilizante e das participações da companhia na petroquímica para, segundo a empresa, "preservar competências tecnológicas em áreas com maior potencial de desenvolvimento".
O novo plano foi aprovado na segunda-feira pelo Conselho de Administração da companhia e prevê investimentos de US$ 74,1 bilhões. Do total a ser investido, 82% serão destinados à área de exploração e produção e 17% à área de refino e gás natural. Outras áreas da companhia responderão por apenas 1% dos investimentos previstos.
Apesar do corte, a meta de produção no Brasil de óleo e gás natural foi fixada em 2,8 milhões de barris por dia para 2021, considerando a entrada em operação de 19 sistemas de produção no período de 2010 a 2021. Na avaliação da Petrobras, a sustentabilidade da curva de produção da empresa vem sendo garantida pela combinação de melhoras crescentes no desempenho operacional e a aplicação de novas tecnologias.
O presidente da estatal, Pedro Parente, explicou que o plano vai contemplar diferentes cenários. "Nos primeiros dois anos estaremos apertando o passo para alcançar a saúde financeira e assim antecipando a nossa meta de endividamento em dois anos. A partir destes dois anos recuperamos o crescimento da nossa curva de produção, registrando crescimento, mas operando de forma disciplinada e equilibrada", disse.
Sobre a decisão da empresa de se retirar "integralmente" dos setores de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP, produção de fertilizante e das participações da companhia na petroquímica, o presidente da estatal afirmou que o objetivo é concentrar as atividades onde ela atua melhor, sem necessariamente ser uma empresa menor.
"Ela não vai ser uma empresa menor, por exemplo, na produção de óleo e gás. Nossa produção, a partir de 2019, cresce e chega no final do período com uma expansão da ordem de 30% a 40% na curva de produção de óleo. E quando você olha a produção de óleo e gás, vocês podem ver que a gente ultrapassa os 3 milhões de barris equivalente por dia (petróleo e gás), passando a ser uma empresa de 3,4 milhões de barris equivalente por dia, portanto uma empresa bastante relevante no cenário internacional."
Para Parente, a saída da empresa do setor de biocombustíveis implicará na venda dos ativos de posse da empresa. Ele, no entanto, explicou a decisão da companhia. "Claramente não somos os melhores operadores deste tipo de produto. O etanol, por exemplo, é um produto basicamente agrícola e certamente não é a nossa especialidade. A gente tem que ter humildade de reconhecer que tem gente que faz isto melhor do que nós."
 

Plano de negócios prevê liberdade de preços dos combustíveis

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STEFERSON FARIA
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, reforçou, na manhã de ontem, que a empresa é livre para reajustar o preço da gasolina quando julgar necessário e que o plano de negócios para o período entre 2017 e 2021 prevê "preços competitivos". Parente disse que a Petrobras busca a chamada paridade de preços com o mercado internacional, com base na flutuação do barril de petróleo e nas necessidades de caixa da companhia. O discurso, contudo, se assemelha ao que gestões passadas da estatal, indicadas pelo governo do PT, costumavam fazer. Questionado, Parente discordou.
"A diferença (para o discurso anterior) é que se quisermos mudar hoje, nós mudamos. Se quisermos mudar amanhã, mudamos. Chegamos à conclusão recente de que não precisamos fazer mudança de preços já. Mas também não precisamos perguntar a ninguém se decidirmos que temos que mudar", disse, reforçando a ideia de independência da gestão da empresa com relação ao controlador.
Outro sinal de independência que a Petrobras tentou passar foi a própria elaboração do atual plano de negócios, que corta em 25% a previsão de investimentos para os próximos cinco anos.
Segundo Parente, o plano não passou pelo crivo do governo federal ou até do Ministério de Minas e Energia. De acordo com o executivo, a elaboração do plano não teve ingerência do planalto, mas haverá uma apresentação dos diretores ao executivo nos próximos dias.
Uma política independente de preços de combustíveis é considerada fundamental para que a empresa atraia sócios para suas refinarias, uma das principais novidades no plano apresentado nesta terça-feira, que prevê venda de US$ 19,1 bilhões em ativos ou participações até 2018.
Segundo o diretor de Refino e Gás, Jorge Celestino ainda não há um modelo definido, mas a empresa pretende ou vender fatias de refinarias ou trazer sócios para finalizar negócios cujos desenvolvimento estão parados, como o Comperj, no Rio de Janeiro, e a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A Petrobras decidiu que tocará o restante das obras caso não consiga um parceiro no negócio. A estatal pode agrupar participações em refinarias para tentar melhorar a atratividade dos ativos.

Companhia pode usar modelo de negócio da Refap para novas parcerias

Com a decisão da Petrobras de buscar parceiros para investir nos ativos na área de downstream (refino e distribuição), o modelo em estudo é a parceria firmada na gestão da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (RS), em 2001. Naquela época, a empresa Repsol adquiriu 30% das ações da subsidiária que administra a refinaria. O negócio foi desfeito em 2010, com a recompra das ações pela Petrobras.
De acordo com o diretor Jorge Celestino, de Refino e Gás Natural, o modelo já está sendo conversado com investidores. O executivo informou também que o modelo prevê uma "prática de preços liberada para que sócios decidam os movimentos".
"A parceria Refap/Repsol é modelo de negócio que garante operação confiável e segura. Onde o sócio busca uma prática de preços sempre competitiva, uma confiabilidade no escoamento da produção, acesso ao mercado. Esses são os modelos que estamos considerando que garantam aos parceiros a estabilidade no negócio e na parceria", explicou o diretor. "A gente quer deixar uma prática de preços competitivos, liberada para que os sócios decidam os movimentos a serem feitos", completou.