No segundo trimestre de 2016, as condições do mercado de trabalho permaneceram em ritmo acelerado de deterioração. A taxa de desemprego entre idosos cresceu 132% na comparação do segundo trimestre deste ano com o quarto trimestre de 2014 (último período antes da piora no mercado de trabalho), conforme a Carta de Conjuntura nº 32, publicada ontem pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Entre os jovens, o crescimento do desemprego foi menor, porém, ainda preocupa devido ao alto nível de desemprego dessa parcela da população.
A análise desagregada desse mercado, por meio dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), mostra que as maiores perdas acumuladas desde o início de 2015 foram dos grupos que tendem a ter desemprego mais elevado (com destaque para os jovens de 14 a 24 anos). Esse grupo é o mais afetado entre os vários segmentos da população economicamente ativa, apresentando variação de 75% na comparação com o mesmo período de 2014.
Quando se analisa apenas este ano, a taxa de variação do desemprego também foi maior para as pessoas com mais de 59 anos, com alta 44% na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano - a taxa de desemprego desse grupo de idade passou de 3,29% no primeiro trimestre para 4,75% no segundo trimestre.
O Rio Grande do Sul apresenta taxa de desemprego de 8,72% no segundo trimestre de 2016, ante 4,50% no quarto trimestre de 2014. O índice é o 7º melhor entre as 26 unidades da federação e o Distrito Federal. A deterioração do emprego está bastante generalizada pelo País. Em apenas oito estados a taxa de desemprego encontra-se ainda abaixo dos 10%: nos três estados do Sul, além de Rondônia, Roraima, Piauí, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. As maiores taxas de desemprego ocorreram no Amapá e na Bahia, seguidos de Pernambuco e Alagoas.
Segundo o coordenador da publicação, o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea José Ronaldo Souza Jr., "na comparação com o trimestre anterior, o rendimento real médio não apresentou um desempenho tão ruim quanto à ocupação, apresentando uma queda de 1,5%". Entre abril e junho de 2016, foram encerradas mais de 226 mil vagas formais, além de outras 94 mil no mês de julho.
A redução nos salários reais foi pior em setores que exigem menor qualificação, sendo a queda dos rendimentos mais forte entre os que recebem menos que o salário-mínimo - cerca de 9% nos últimos 12 meses. Apenas o trabalhador que ganha exatamente o salário-mínimo não apresentou perda real de rendimento. A queda generalizada nos rendimentos, somada à queda na ocupação, fizeram com que no trimestre entre maio e julho de 2016, a massa salarial se situasse em R$ 175 bilhões de reais, mesmo patamar que se encontrava há três anos.
Entre as ocupações que não observaram diminuição da renda no último ano estão os militares, profissionais das ciências e engenharias, ciências sociais e culturais, profissionais da engenharia de nível médio e profissionais de saúde de nível médio. As maiores quedas no rendimento médio foram ocorreram entre professores do Ensino Superior, profissionais em operações financeiras e administrativas, trabalhadores qualificados, operários, diretores e gerentes. Entre as ocupações que exigem Ensino Superior, os maiores rendimentos estão entre os médicos, enquanto os menores estão entre os professores do Ensino Médio e Fundamental.