Setor tradicionalmente pouco conhecido dos brasileiros, a previdência complementar fechada - os populares “fundos de pensão” - tem um novo desafio pela frente. A necessidade, agora, é de desvincular a imagem do sistema aos casos suspeitos de desvio de conduta apurados pela Operação Greenfield, da Polícia Federal, deflagrada na semana passada.
“Esses problemas foram pontos fora da curva, não são o padrão do sistema”, defende o presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), José Ribeiro Pena Neto.
O assunto foi comentado na abertura do principal evento do setor, o Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, que teve início nesta segunda-feira (12), em Florianópolis, capital de Santa Catarina, que acontece exatamente uma semana após a deflagração da operação que cumpriu uma centena de mandados de busca, apreensão e prisões.
Neto argumenta que a situação incomoda principalmente os gestores que fazem seu trabalho com prudência. “Quando se fala que o fundo de pensão é mal gerido, parece que o sistema todo é assim”, afirma, ressaltando que foram encontrados problemas em apenas quatro fundos (Previ, ligado ao Banco do Brasil; Funcef, ligado à Caixa; Postalis, ligado aos Correios; e Petros, ligado à Petrobras).
O presidente defende que todos os desvios sejam apurados e os responsáveis punidos, para que se caracterize onde aconteceram os problemas e se desvincule os fatos do sistema como um todo. Fruto de um trabalho que já vinha de muito antes da operação policial, a Abrapp lança, no evento, um primeiro passo para uma autorregulamentação do setor, que será um código de conduta voluntário para a governança dos investimentos dos fundos.
Sem poder para punir quem não o cumprir, a ideia da entidade é conferir um selo para os fundos que seguirem os processos e métodos definidos como modelos pela Abrapp, em parceria com a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão governamental que fiscaliza o segmento.