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Economia

- Publicada em 05 de Setembro de 2016 às 22:25

Opinião econômica: Balela

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa


Arquivo/JC
Teve pouco destaque no Brasil uma decisão dos chefes de Estado da Alemanha, da França e da Itália. Há duas semanas, na Itália, eles avaliaram o impacto da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e decidiram mudar os rumos do bloco. A partir de agora, as lideranças da UE vão reduzir a ênfase dada a temas técnicos, como orçamento, finanças e austeridade, e dar mais atenção a crescimento, emprego e educação.
Teve pouco destaque no Brasil uma decisão dos chefes de Estado da Alemanha, da França e da Itália. Há duas semanas, na Itália, eles avaliaram o impacto da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e decidiram mudar os rumos do bloco. A partir de agora, as lideranças da UE vão reduzir a ênfase dada a temas técnicos, como orçamento, finanças e austeridade, e dar mais atenção a crescimento, emprego e educação.
O presidente da França, François Hollande, propôs que os recursos do plano traçado pela Comissão Europeia, que prevê o estímulo à criação de empregos no continente entre 2015 e 2018, sejam duplicados, de € 315 bilhões para € 630 bilhões.
A Europa tem problemas específicos, como as migrações. Mas o exemplo poderia servir de inspiração para o atual momento brasileiro. Desde o início do ano passado, só dá ênfase no País ajuste fiscal, austeridade, corte de gastos etc.
A recessão atual é também consequência dessa arenga depressiva acompanhada do corte de despesas, que corrói a confiança dos empreendedores.
A austeridade fiscal e a contenção da dívida pública são fundamentais para o País. As reformas tributária, da Previdência e da legislação trabalhista são urgentes. Mas o discurso depressivo faz muito mal, às vezes mais mal do que as próprias medidas recessivas.
É preciso virar o disco, tomar iniciativas para estimular o crescimento e falar delas. É balela essa história de que primeiro precisamos fazer o ajuste fiscal e depois pensar em crescimento e emprego. As duas coisas podem ser feitas ao mesmo tempo.
As previsões indicam que chegaremos ao fim do ano com 14 milhões de desempregados - hoje temos 12 milhões. Isso exige providências urgentes da nova administração, que assumiu o governo na semana passada, após o impeachment de Dilma Rousseff.
É tolice insistir em algo que está dando errado. A austeridade acompanhada de uma taxa de juro real crescente - era de 3,5% no início no ano e agora é de quase 7% - não vai levar ao crescimento. Só há uma saída: fazer investimentos em infraestrutura e construção, por meio de concessões e também com recursos do próprio governo. É possível reduzir gastos correntes e aumentar investimentos, o que trará novas receitas fiscais.
Nos anos 1920, a Inglaterra enfrentou um grave problema de desemprego. O economista John Maynard Keynes (1883-1946) sugeriu então que o governo aumentasse o gasto público com investimentos para gerar novos empregos. Ao ser contestado pelo Tesouro, que achou "míope" a sua proposição em um momento de dificuldades, Keynes observou: "Entramos num círculo vicioso. Não fazemos nada, porque não temos dinheiro. Mas é precisamente porque não fazemos nada que não temos o dinheiro".
Não sou economista, mas posso dar palpites, e acho que é hora de parar de buscar culpados para a crise e arejar o debate sobre como o País pode sair dessa recessão em que se meteu. Será que vamos superá-la só com mais cortes de gastos? Com juros de 14,25% ao ano? É difícil acreditar nisso, mas o pensamento único atual espalha essa ideia. No prefácio de sua "Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", Keynes escreveu: "São espantosas as coisas tolas em que se pode acreditar temporariamente quando se pensa sozinho durante muito tempo".
Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional e presidente do conselho de administração da empresa
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