Copa do Brasil, um recomeço

O Grêmio e Renato têm tudo para começarem uma nova trajetória neste 2016. A vitória sobre o Atlético-PR no primeiro jogo ameniza a dificuldade, mas não garante nada. Se jogar um futebolzinho parecido com o de domingo contra o Flu, o Tricolor gaúcho perde o jogo e pode ver desmanchar-se um sonho que mal começou. Ao Inter, restará confirmar sua classificação contra o Fortaleza, amanhã. Seria um bálsamo em meio a tanto sofrimento no Brasileiro.

Roth assumiu o risco: sacou Seijas e Nico López do time e tratou de garantir-se atrás com três volantes. O jogo foi digno de seus participantes, o antepenúltimo contra o último colocado no Brasileirão. O América ainda insistia em atacar, o Inter apenas se defendia, como desejou seu treinador. O gol, ao final, despertou as queixas de sempre - improcedentes, porque foi legítimo e merecido. Caberia perguntar: por que o time de Roth não fez um ou dois gols nos 89 minutos anteriores? Deu ao América sua quarta vitória em 26 jogos do campeonato. Só podia ser em cima do Inter mesmo...

Tite aproveitou seu ano sabático para melhorar os conhecimentos, deu um Brasileirão ao Corinthians e logo se tornou o festejado técnico da seleção. Renato Portaluppi foi demitido do Flu há quase dois anos e meio e, ao que se sabe, usou esse tempo para usufruir sua invejável rotina carioca, com muito futevôlei e praia. A autossuficiência que demonstrou em suas declarações - "vi muito futebol na tevê" ou "o Grêmio vai crescer logo" - multiplica seu compromisso por resultados imediatos. Motivador, líder, Renato vai ocupar o lugar de alguém que se preparou de forma adequada ao cargo. Ele é mais ídolo, mas não é mais técnico do que Roger.

Nessa situação emergencial, contudo, Renato é o nome talhado a assumir a bronca pelos próximos três meses. A meu juízo, somente a Copa do Brasil estará ao alcance, com seu regulamento traiçoeiro, capaz de premiar a quem souber jogar com ele na mão. Tão importante como trazer Renato é a contratação do experiente Valdir Espinosa, capaz de sofrear, na medida exata, os ímpetos do novo técnico e ainda cuidar da transição entre categorias de base e a profissional. Esse cargo não pode ser transitório.

Tomara que sejam apenas boatos, que Luan e Wallace não tenham alterado seus comportamentos após a Olimpíada. Mas se for verdade que Roger não estaria disposto a tolerá-los, com Renato eles aprenderão como a banda toca. Quanto a Rodrigo Dourado e William, de instáveis desempenhos no Inter após a medalha de ouro conquistada no Rio, parece-me ainda mais claro - foram, sim, vitimados por 'selecionite'. Também, descer de um ambiente vencedor para a inglória situação colorada...