Comissão Europeia pressiona Volks por escândalo

A Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, está trabalhando junto às autoridades nacionais em 20 países-membros para punir a Volkswagen e pedir compensação pelos motoristas prejudicados pelo escândalo da emissão de gases estufa no continente que a empresa alemã patrocinou.

A Comissão Europeia acredita que a montadora, com a fraude, violou duas leis europeias de proteção aos consumidores em 20 países, de acordo com o porta-voz, Christian Wigland. As regras são relacionadas à venda de bens e garantias associadas e a de práticas desonestas com os clientes.

A comissão não tem o poder de pedir diretamente por multas ou compensação, mas espera coordenar as punições junto à autoridades nacionais, afirmou o porta-voz Wigland. No ano passado, a Volks admitiu ter instalado em cerca de 11 milhões de veículos diesel um dispositivo que permitia ao motor trapacear em testes de emissão do óxido de nitrogênio.

Desde então, a fabricante alemã já fez acordos para pagar o equivalente a US$ 14,7 bilhões em multas nos Estados Unidos para cobrir compensações por cerca de 475 mil veículos fraudados vendidos no país. O software instalado nos veículos tinha a capacidade de detectar quando ele era ligado a uma máquina para medir o nível de poluentes.

A partir daí, o próprio veículo acionava um dispositivo para controlar a liberação de gases e ajustá-la aos níveis determinados pelas autoridades ambientais. Terminado o teste, o veículo voltava aos níveis de emissão, acima do permitido, que iam de 10 até 40 vezes além do que a legislação estabelece, para não afetar a performance do motor.

A Comissão Europeia quer que a Volkswagen ofereça um pacote similar de compensação aos clientes europeus, o que a companhia se nega, alegando que já beneficiou os consumidores locais durante um recall, entre outras coisas. A consultoria Evercore ISI acredita que existem poucas chances de aprovação de um grande pacote de compensações no continente. "Certamente, haverá uma pena em nível regional, mas acreditamos que não há base para uma compensação de longo alcance", afirma.