Presente à Câmara dos Deputados nesta quinta-feira para falar do pacote contra a corrupção enviado ao Congresso Nacional pelo Ministério Público, o juiz Sérgio Moro, além de ter enfrentado algumas vaias em meio às palmas com as quais foi recebido, foi confrontado por petistas durante a audiência pública da qual participou nesta quinta-feira.
Moro foi o primeiro convidado da comissão especial criada para discutir as medidas contra a corrupção. Além de analisar as 10 medidas propostas pelo MP, de iniciativa popular, que chegou à Casa em março, o colegiado vai analisar outros projetos que tramitam na Câmara, entre eles, alguns dos pacotes anticorrupção da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), lançados em resposta às manifestações populares.
Apesar de ter sido um dos últimos a falar, o deputado Paulo Pimenta (PT) fez um dos ataques mais contundentes a Moro. Criticou o que chamou de "seletividade" e falou, ainda, em "abuso de autoridade", mencionando indiretamente a gravação de conversas entre a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vazaram em março deste ano. O áudio sugere que a petista tentou agir para evitar a prisão do padrinho político.
"Quando se fala da legislação americana, imagina se juiz captasse de maneira ilegal uma conversa de um Bill Clinton e jogasse na TV", ironizou o deputado petista. Afirmando fazer questão de que Sérgio Moro tenha conhecimento do que pensa a respeito do combate à corrupção, Pimenta também criticou o instituto da delação premiada, um instrumento que se tornou comum com a Lava Jato.
"Sou contra situações como essa a que estamos assistindo, onde indivíduos que roubam durante anos, pelo fato de fazerem delação premiada, passem a cumprir pena em verdadeiros spas. Isso estimula a impunidade e deve ser combatido."
Com viés semelhante, Wadih Damous (PT-RJ), defensor de Dilma, que integrou a equipe jurídica que discutiu estratégias para o amparo à petista enquanto o processo de impeachment corria na Casa, falou que se vive "em tempos de juízes celebridades, procuradores celebridades", numa crítica indireta a Moro. "Sou do tempo em que juiz só falava nos autos do processo, não se pronunciava sobre os casos", alfinetou.