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Geral

- Publicada em 01 de Setembro de 2016 às 10:49

Em bilhete, marido pede que mulher troque carro por Uber para evitar violência

No dia seguinte ao assassinato da vendedora Cristine Fagundes quando buscava o filho na escola em Porto Alegre, a empresária Marta (ela pediu para não revelar o nome completo) acordou e foi surpreendida por uma carta do marido com pedidos inusitados. Um deles era de deixar o carro em casa na sexta-feira (26) e usar o Uber.
"Amor, bom dia!", começa o marido, também empresário, na bilhete escrito à mão. "Precisamos estudar a viabilidade da ideia de termos 1 carro blindado. Minha sugestão é colocar o teu numa negociação p/ blindar o meu... Ou de pegar os 2 e trocar por 1 blindado. Até o governo fazer alguma coisa. Acho o melhor a ser feito."
"Eu preciso viajar tranquilo e tu precisa estudar como seria viver sem 1 carro, usando o Uber ou tx...", justificou ele, que viajara na madrugada para trabalhar em São Paulo sem se despedir da mulher e os dois filhos pequenos, de dois e quatro anos.
A medida extrema, como foi encarada por Marta, revelou o medo de perder a mulher e os dois filhos para a violência. O episódio do dia anterior, que culminou na queda do secretário da Segurança e pedido da vinda da Força Nacional de Segurança Pública, desencadeou a reação. Marta conta que eles já passaram por dois assaltos e ficaram sem os carros.
Para assegurar que a mulher seguiria a orientação detalhada nas duas páginas da carta, o marido tomou outra atitude que Marta achou quase hilária, infantil. Ele comunicou: "Escondi as chaves dos nossos carros para te forçar a fugir da rotina. Desculpa, não fica brava cmg!!!"

Oito viagens de Uber em um dia

Marta não teve dúvida. Aceitou o desafio do marido. "Olhei a carta e pensei: como vai ser meu dia hoje?" Ao mesmo tempo em que o governador José Ivo Sartori (PMDB) noticiava, de Brasília, que o governo federal havia dado o aval para 120 homens da Força Nacional rumarem à Capital, a empresária deixava o edifício em que a família reside no bairro Rio Branco com o primeiro motorista do Uber.
"Peguei oito vezes o transporte naquele dia. Fui e voltei da academia, levei e busquei meus filhos na escola, resolvi outras coisas na rua", narrou. Ela admite que não foi fácil, pois está muito acostumada a andar de carro. "Foi desgastante fisicamente. Uma coisa que me incomodou foi andar num carro que não é o nosso e que não tinha cadeirinha para acomodar meus filhos", citou.
Mas teve um lado bom. Marta disse que conversou muito com os motoristas e que o assunto era sempre violência. Uma dica que ela dá a outros que entrarem na mesma maratona: "Precisa estar sempre com um carregador de celular. Me bateu um pânico só de pensar que poderia ficar sem celular. Como pediria o Uber?"
Mesmo com o efetivo da Força Nacional nas ruas desde esta terça-feira (30), Marta admitiu que tentará mais vezes chamar o serviço particular, em vez de pegar seu carro. "O primeiro dia foi mais pesado, porque meu marido não estava na cidade." Mas como ele mesmo já havia escrito, "depois me conta como foi". E Marta tinha bastante história para narrar.

A íntegra da carta:

Carta de marido indica as atitudes que a mulher deveria seguir
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