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- Publicada em 04 de Agosto de 2016 às 17:16

Diálogo espontâneo deve estar presente na escola

Ana Paula Sefton, doutora em Educação pela USP, palestrou em escola da Capital

Ana Paula Sefton, doutora em Educação pela USP, palestrou em escola da Capital


ANTONIO PAZ/JC
Jessica Gustafson
A abordagem de assuntos relacionados à temática de gênero e sexualidade no ambiente escolar tem sido alvo de muitos debates no País nos últimos anos. Se, por um lado, alguns acreditam que falar sobre os temas em sala de aula "doutrinaria" as crianças e as desviaria da heterossexualidade, especialistas na área da Educação vêm reafirmando que reside aí a possibilidade de construção de uma sociedade mais igual, a qual implica no despertar crítico sobre as diferenças, estando entre elas o gênero e a orientação sexual. Ana Paula Sefton, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), é uma dessas vozes. Em sua tese de doutorado, analisou as práticas docentes no Ensino Fundamental que visam contribuir para o entendimento acerca das práticas culturais voltadas para a equidade de gênero e para as diferenças da sexualidade.
A abordagem de assuntos relacionados à temática de gênero e sexualidade no ambiente escolar tem sido alvo de muitos debates no País nos últimos anos. Se, por um lado, alguns acreditam que falar sobre os temas em sala de aula "doutrinaria" as crianças e as desviaria da heterossexualidade, especialistas na área da Educação vêm reafirmando que reside aí a possibilidade de construção de uma sociedade mais igual, a qual implica no despertar crítico sobre as diferenças, estando entre elas o gênero e a orientação sexual. Ana Paula Sefton, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), é uma dessas vozes. Em sua tese de doutorado, analisou as práticas docentes no Ensino Fundamental que visam contribuir para o entendimento acerca das práticas culturais voltadas para a equidade de gênero e para as diferenças da sexualidade.
Em palestra na Capital para pais e professores da Escola de Ensino Fundamental e Educação Infantil Amigos do Verde, Ana Paula falou sobre gênero e sexualidade na infância. De acordo com ela, o sujeito é pautado por diversas instâncias, como a família, a escola e a mídia. São nesses locais que surgem as informações sobre o que entendemos ser um menino e uma menina. "Esse processo de socialização acontece desde quando o bebê está na barriga da mãe. Ali, já é criada uma realidade para ele. Começam também os adjetivos, como meu filho será grandão, fortão e minha filha será fofinha, lindinha. Neste momento, já temos uma normatização de um ser que ainda nem nasceu", explica. Durante a infância, as diferenças se acentuam, com a divisão de brinquedos que são permitidos ou proibidos para meninos e meninas.
De acordo com a doutora em Educação, essas normas são reproduzidas pelo senso comum. Quando alguém, mesmo criança, foge dessas normas, isso gera problemas. "Existe uma tendência em transformar em ameaça aquilo que não é igual a mim ou que eu desconheço. Um homem, por exemplo, que não demonstre virilidade enfrentará tensões nas relações humanas", ressalta. Ana Paula destaca a importância de se analisar historicamente os conceitos que compreendemos hoje e a influência da cultura neste processo.
Na década de 1940, conta ela, os brinquedos da marca Lego não demarcavam para qual gênero eram destinados, nem mesmo nas propagandas veiculadas na mídia. Assim, as demarcações de gênero encontradas atualmente podem ser consideradas uma jogada de marketing para atingir um nicho específico de consumidores - e as crianças são consumidores em potencial. "Os brinquedos têm cores específicas, assim como existem os esportes de meninos e os de meninas. Todo o universo da criança está demarcado. Precisamos abrir o leque de experiências, rompendo com essa vigilância sobre a sexualidade. Esse maior número de experiências auxiliará muito no futuro delas", considera.
Para tentar abrir esse leque, Ana Paula sugere, tanto aos educadores quanto aos pais, provocar as crianças no exercício de pensar diferente, fazendo uso de exercícios criativos que gerem um diálogo com a criança. "Também é importante desencorajar as marcas de gênero e sexualidade, não definindo brincadeiras de meninos e meninas. Na própria escola, não tem motivo para dividir em filas diferentes sem um objetivo pedagógico", propõe. Para a especialista, esses assuntos precisam ser transversais tanto em casa quanto no estabelecimento de ensino. A literatura e os jornais também são ferramentas importantes para trazer problematizações sobre os temas. "O diálogo sobre as diferenças deve estar presente de forma espontânea nas famílias e escolas", destaca.
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