Publicada em 23 de Agosto de 2016 às 20:09

Safra tem estimativa positiva de produção

Safra recorde de milho e estoque elevado são fatores de preocupação

Safra recorde de milho e estoque elevado são fatores de preocupação


EMATER/DIVULGAÇÃO/JC
Luiz Eduardo Kochhann
Mais uma safra cheia de grãos. Essa é a projeção para 2016/17. A estimativa é de uma produção brasileira de 220,5 milhões de toneladas, 15,6% acima das 190,8 milhões de toneladas colhidas na safra 2015/16, tendo em vista melhorias na previsão climática com a probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña. No Rio Grande do Sul, a tendência é de expansão de 10% na área de milho na próxima safra, revertendo a tendência histórica de perda de espaço para soja. A oleaginosa, mesmo assim, segue ganhando superfície, cerca de 2,7%, especialmente na metade Sul do Estado.
Mais uma safra cheia de grãos. Essa é a projeção para 2016/17. A estimativa é de uma produção brasileira de 220,5 milhões de toneladas, 15,6% acima das 190,8 milhões de toneladas colhidas na safra 2015/16, tendo em vista melhorias na previsão climática com a probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña. No Rio Grande do Sul, a tendência é de expansão de 10% na área de milho na próxima safra, revertendo a tendência histórica de perda de espaço para soja. A oleaginosa, mesmo assim, segue ganhando superfície, cerca de 2,7%, especialmente na metade Sul do Estado.
Em relação ao preço, o bushel da soja tem se sustentando acima dos US$ 10 na Bolsa de Chicago, mas não é possível prever até quando. A expansão sistemática das colheitas nos dois principais produtores mundiais - Brasil e Estados Unidos - tem pressionado a balança entre oferta e demanda. A principal commodity do mercado agrícola deve ter safra recorde também nos Estados Unidos, com projeção de 110 milhões de toneladas. Por enquanto, conforme o consultor da Cogo Consultoria Agronômica, Carlos Cogo, os contratos futuros de soja estão sendo sustentados pelos números positivos de exportações dos norte-americanos.
E, realmente, o problema da cotação não é falta de demanda. Puxada pela China, ela vem crescendo muito bem, segundo os analistas. As importações dos chineses devem atingir volume recorde de 86 milhões de toneladas na temporada 2016/17. "O fluxo de importação da China é consequência da expectativa de maior demanda por ração para abastecer a indústria, principalmente na produção de suínos e frangos, que vem se recuperando", explica Cogo. O número representa 3 milhões de toneladas a mais do que foi comprado pelo país asiático no ciclo passado e pode ser impulsionado também pela procura adicional de óleo de soja.
"Estamos enfrentando um período de preços internacionais muitíssimo baixos. O mundo todo está trabalhando com preços muito ruins e essa onda negativa só não chegou aqui com toda força por conta da taxa de câmbio", alerta o economista chefe da Federação dos Agricultores do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz. A preocupação da Farsul diz respeito a possibilidade de reversão de um ciclo de dólar valorizado, o que tornaria difícil a competitividade brasileira "A taxa de câmbio nunca, em hipótese alguma, deve ser utilizada como política de promoção da competitividade", enfatiza.
O Brasil tem se saído bem no desafio de aumentar a produtividade dentro da porteira, mas, para não passar por sustos no médio e longo prazo, precisa melhorar sua infraestrutura, especialmente no quesito logística. "Com câmbio mais baixo e sem uma grande revolução na infraestrutura, vai ser muito difícil competir. O mundo está aumentando a eficiência para sobreviver a um período mais longo de preços baixos, enquanto nós estamos aqui parados, com as mesmas estradas, sem usar adequadamente hidrovias e ferrovias", reclama da Luz.

Custos de produção sobem abaixo da inflação

Alta nos insumos da lavoura supera a inflação

Alta nos insumos da lavoura supera a inflação


NORBERTO DUARTE/AFP/JC
Os custos de produção para a safra 2016/2017 subiram abaixo da inflação. O recuo do dólar impactou negativamente no preço dos fertilizantes, mais baratos no mercado internacional. Inclusive, no primeiro semestre, de acordo com o consultor Carlos Cogo, as relações de troca entre grãos e fertilizantes estavam favoráveis aos agricultores, que aproveitaram, em sua maioria, para adquirir os insumos necessários para o plantio da safra de verão.
Ainda assim, de acordo a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), os negócios para o plantio da safra 2016/2017 estão atrasados. Faltando 30 dias para o início oficial da janela, em âmbito nacional, pouco mais de 50% dos insumos estão contratados, contra 80% da média histórica para o período. Enquanto isso, o Ministério da Agricultora aponta redução nos financiamentos de custeio no mês passado, saindo de R$ 10,2 bilhões contratados em julho do ano passado para R$ 4,7 bilhões no mesmo período deste ano.
O Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP), calculado da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), registrou sua maior alta em setembro do ano passado, quando, em 12 meses, teve elevação de 14,29%, puxado, entre outros fatores, pela taxa de câmbio. "Neste ano, o índice está próximo de zero, o que nos causa certa surpresa, pois, com a depreciação da taxa de câmbio, esperávamos que fertilizantes e agroquímicos reduzissem de preço. Só os fertilizantes caíram, os demais continuam em alta", compara o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
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