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INOVAÇÃO

- Publicada em 18 de Agosto de 2016 às 21:32

Distância do laboratório até o mercado ainda é grande no Brasil

Barrios Junior lamenta que o País ainda precise trazer de fora a tecnologia aplicada

Barrios Junior lamenta que o País ainda precise trazer de fora a tecnologia aplicada


CREA-RS/DIVULGAÇÃO/JC
Empresas norte-americanas e alemãs mantêm o relacionamento próximo com as universidades, pois entenderam que, nas salas de aulas e nos laboratórios, pesquisadores dedicam-se a buscar, testar e experimentar possibilidades em materiais, sistemas e processos que podem revolucionar a cadeia produtiva da construção civil.
Empresas norte-americanas e alemãs mantêm o relacionamento próximo com as universidades, pois entenderam que, nas salas de aulas e nos laboratórios, pesquisadores dedicam-se a buscar, testar e experimentar possibilidades em materiais, sistemas e processos que podem revolucionar a cadeia produtiva da construção civil.
No Brasil, a relação ainda é distante. E, por isso, o País ainda precisa trazer de fora a tecnologia aplicada. Essa é a avaliação de Melvis Barrios Junior, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio Grande do Sul (Crea-RS). "E não tenho dúvidas de que é preciso investir mais em pesquisa e em pesquisadores se quisermos evoluir", reconhece.
O Brasil, de acordo com o dirigente, ainda tem sistemas construtivos artesanais - do cimento, tijolo, reboco. Se por um lado são sistemas reconhecidos pela durabilidade e resistência, de outro ainda dependem muito de mão de obra.
"O número de funcionários por metro quadrado em uma obra ainda é muito elevado. E o problema é o custo que isso representa. Não pelo que é pago para o funcionário, mas pelo valor indireto de encargos e tributação. Considerando que a construção civil tem um 'efeito onda' considerável - movimenta o setor de tintas, madeiras, acabamentos, fios e tantos outros, incluindo decoração e eletrodomésticos -, incentivos neste sentido seriam importantes. A construção precisar ser impulsionada e o desenvolvimento de tecnologias para o setor também. Nosso mercado ainda não entendeu a universidade como laboratório do mercado. Esse conceito precisa ganhar força", reflete Barrios Junior.
No Brasil, por conta do clima, o tema "conforto térmico" tem potencial imenso a ser explorado. "E acho que ainda existem poucas pesquisas sobre o assunto", reconhece o presidente.
Os pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) estão entre os que se dedicam ao assunto. Daniel Hastenpflug, doutor em Materiais pela instituição de ensino, está encabeçando uma pesquisa que busca viabilizar a incorporação de isopor em argamassas visando o isolamento térmico. "Sabe-se que o isopor é um bom isolante térmico. É também um material que precisa ter alguma destinação por seu potencial poluente. Estamos num estudo bastante inicial para verificar seu potencial como substituto da areia, pelo menos em parte, na argamassa", explica o pesquisador. Nos primeiros experimentos, Hastenpflug já conseguiu substituir 30% da areia por isopor, mas ainda estão sendo feitos ensaios de temperatura. "Por enquanto, a falta de areia não é um problema no Rio Grande do Sul. Mas há outros lugares do País em que sua extração em leitos de rios já é proibida. Outra forma de obter a areia é a quebra mecânica de rochas", complementa.

Lixo eletrônico na parede de casa

Pesquisadores da Feevale buscando novos usos para resíduos eletrônicos

Pesquisadores da Feevale buscando novos usos para resíduos eletrônicos


FEEVALE/DIVULGAÇÃO/JC
A produção de equipamentos eletrônicos é cada vez maior. O consumo está mais acessível e o descarte, por consequência, cresce na mesma lógica. Em telefones celulares, a composição média, sem a bateria, é de 45% plástico, 37% placa de circuito impresso, 10%, display de cristal líquido (LCD) e 8% outros metais. E nestes componentes são encontradas substâncias tóxicas, como chumbo, retardantes de chama bromados, berílio, arsênio, cádmio, cromo hexavalente e antimônio.
"O chumbo tem sido amplamente utilizado em equipamentos eletro-eletrônicos como o principal método para fixação de componentes das placas de circuito impresso, através do uso de soldas com chumbo. Só que é toxico, tanto para os seres humanos como para o meio ambiente. É um contaminante comum e pode impactar negativamente os ecossistemas", explica Alexandre Silva de Vargas, pesquisador e professor da Feevale.
Preocupados com a destinação incorreta destes resíduos, pesquisadores do curso de mestrado em Tecnologia de Materiais e Processos da Universidade Feevale estão procurando formas de viabilizar o aproveitá-los de alguma outra forma. O grupo é formado por Alexandre Silva de Vargas, Eduardo Luis Schneider, Vanusca Dalosto Jahno, Luiz Carlos Robinson, Jairo Luiz Kwiatkowski, Alisson Fontoura, Francielli da Cruz, Mariana Ferreira, Francieli Schallenberger, Luana de Oliveira, Hiago Pereira, Fernando Caiel, Ana Paula Adam e José Victor Rebechi Valle Gonçalves. "O resíduo eletrônico, dependendo dos componentes que serão utilizados, pode substituir a areia de construção ou as fibras que são utilizadas em argamassas ou concretos. No projeto, iniciamos os estudos com a substituição parcial da areia de construção pelo resíduo eletrônico. Neste caso, esta areia do resíduo eletrônico é mais leve do que a areia convencional, o que pode ser um potencial técnico para seu uso como agregado miúdo leve."
O processamento para preparação de matrizes cimentantes passa pela desmontagem de telefones celulares e separação dos componentes por tipo de material. Posteriormente, são preparadas argamassas à base de cimento Portland, areia de construção, água e distintos teores de resíduo eletrônico em substituição à areia. Já foram feitos ensaios de resistência à compressão, ensaios ambientais e para a caracterização microestrutural. "Além disso, preparamos placas para serem expostas às condições atmosféricas no Brasil, no campus da Universidade Feevale, e também na Häme University of Applied Sciences (Hamk) na Finlândia", destaca.
De acordo com Vargas, os resultados prévios de resistência à compressão indicam que os resíduos eletrônicos têm potencial técnico de serem utilizados com agregado leve para a produção de componentes de vedação (não estrutural) e para a construção civil (blocos para a construção de paredes de vedação, painéis para uso em divisórias de edificações, forros, entre outros). "Estamos na fase de análise dos ensaios ambientais para avaliar qual será a classe ambiental das matrizes cimentantes contendo o resíduo. Isto porque, tem que ser avaliado se a matriz cimentante tem potencial para encapsular os metais tóxicos do resíduo eletrônico e garantir que, no futuro, quando houver a demolição e descarte destes componentes não exista risco para o meio ambiente", observa.