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INOVAÇÃO

- Publicada em 24 de Agosto de 2016 às 20:16

Criação colaborativa chega ao mercado imobiliário

Roberta Rammê, Aline Palma e Michele Raimann, sócias da Maena

Roberta Rammê, Aline Palma e Michele Raimann, sócias da Maena


MAENA/DIVULGAÇÃO/JC
O designer Tim Brown, CEO da Ideo - considerada uma das empresas mais inovadoras do mundo - entendeu que é preciso colocar o ser humano no foco ao desenhar uma solução. Seja qual for seu objetivo. O mercado imobiliário começa a dar sinais de que está se apropriando do design thinking - ou "pensamento do design" - para chegar a produtos mais assertivos num momento em que "colaboração" é palavra de ordem.
O designer Tim Brown, CEO da Ideo - considerada uma das empresas mais inovadoras do mundo - entendeu que é preciso colocar o ser humano no foco ao desenhar uma solução. Seja qual for seu objetivo. O mercado imobiliário começa a dar sinais de que está se apropriando do design thinking - ou "pensamento do design" - para chegar a produtos mais assertivos num momento em que "colaboração" é palavra de ordem.
Esse movimento acompanha as transformações e anseios do "consumidor 3.0": mais conectado, mais consciente, atento e exigente. "Percebemos que as pessoas estão buscando mais personalização: queremos que a nossa necessidade seja atendida. E, talvez, ela não seja a mesma de outra pessoa. Isso é o foco no usuário. Há uma mudança na escolha do consumidor. Ele deixa de demonstrar interesse por aquilo que é produzido em larga escala e opta por algo bem pensado para o seu estilo de vida", explica Roberta Rammê, arquiteta da Maena Design Conecta.
A Maena, em seu vídeo manifesto Mercado Imobiliário 3.0, aponta que boa parte dos produtos imobiliários é desenvolvida em etapas - viabilidade, pesquisa, projeto, venda, execução e entrega - distribuídas linearmente ao longo do tempo. E, neste processo, voltar atrás parece desperdício de tempo e dinheiro. "As incorporadoras estiveram, por muito tempo, focadas em processos internos. E aí se perdeu um pouco da empatia, que é um dos pilares do design thinking, junto da colaboração e da experimentação", reconhece. A Maena, ao envolver-se com projetos de grandes empreendimentos, como o Artsy, da Maiojama, em parceria com a Smart!, adotou novas etapas: imersão, ideação, prototipação e realização. "E, neste percurso, encontramos situações de divergência e foco na busca da solução do problema. O design thinking faz as perguntas certas. Contamos com o envolvimento de todas as equipes engajadas com o produto, desde o incorporador até o arquiteto de interiores, equipes técnicas e agência de publicidade. Trazer todos estes profissionais para o ambiente da colaboração, pensando junto a concepção do empreendimento, é inovador", garante.
O design thinking permite voltar no processo e questioná-lo. E isso não torna o processo de desenvolvimento mais caro. Para Roberta, a ideia, quando bem-alinhada, reduz o retrabalho. O resultado financeiro é consequência natural do foco no consumidor. "Acredito que este é um caminho sem volta. Daqui para frente, tudo o que for projetado para pessoas deve ter um processo de criação pensando para elas e com elas", sentencia.

Inteligência coletiva

Bicicletário do Cine Teatro Presidente, futuro lançamento da wikihaus

Bicicletário do Cine Teatro Presidente, futuro lançamento da wikihaus


WIKIHAUS/DIVULGAÇÃO/JC
A incorporadora Wikihaus Inc., criada há três anos e inspirada pelos princípios da economia colaborativa, aplica o design thinking no primeiro empreendimento do Brasil baseado em inteligência coletiva: a formatação do produto imobiliário teve ajuda do cliente. A empresa, formada por executivos com mais de 30 anos de mercado e 70 prédios no currículo, inverte a lógica ao desenvolver um produto baseado nos desejos das pessoas e nas coisas que fazem sentido para elas. O resultado é o Wikihaus Cine Teatro Presidente, com previsão de lançamento para este ano. "Localização e planta, por muito tempo, foram os atributos mais importantes de um empreendimento. A Geração Y, mesmo que ainda não seja consumidora de imóveis, pensa diferente. É um pessoal que viaja, tem outras referências e valoriza causas. Entendemos que o melhor caminho não seria limitar-se ao conhecimento dos sócios da incorporadora", diz Eduardo Pricladnitzki, sócio da Wikihaus.
O processo de design thinking do Wikihaus Cine Teatro Presidente teve três etapas: imersão na região para entrevistas com a vizinhança; atividades com voluntários das mais diversas áreas para entender suas necessidades; e entrevistas com usuários de apartamentos compactos para saber sobre suas experiências.
O edifício de 58 apartamentos compactos, com metragem próxima dos 37 m2, promoverá a socialização entre os moradores. No lugar do salão de festas, a Wikihaus dará espaço para áreas compartilhadas que funcionam para receber amigos, ver um filme, espaços para trabalhar. E tudo aquilo que ocupa espaço no apartamento será colocado para fora, como aspirador e furadeira. Pricladnitzki adianta também que o edifício será entregue com bicicletas para os condôminos compartilharem. "E isso tudo saiu dos encontros em que aplicamos a metodologia do design thinking. Essa abertura do mercado é importante para oxigenar práticas e métodos tão tradicionais", reconhece. E complementa: "Nosso grande objetivo é transformar a maneira com que as incorporadoras se relacionam com as pessoas e a maneira com que essas pessoas vivem e se envolvem com a cidade", resume.