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conjuntura

- Publicada em 31 de Agosto de 2016 às 19:57

PIB recua 0,6% no segundo trimestre

Projeto encaminhado pelo Planalto ao Congresso estaria atendendo aos interesses apenas da indústria

Projeto encaminhado pelo Planalto ao Congresso estaria atendendo aos interesses apenas da indústria


JC
O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) encolheu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses do ano. Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este é o sexto resultado trimestral seguido de queda na atividade econômica.

Em relação ao segundo trimestre de 2015, a perda foi mais intensa, de 3,8% - a nona seguida. Já o resultado acumulado em 12 meses registrou variação negativa de 4,9% - maior da série histórica, iniciada em 1996. No primeiro trimestre, a perda tinha sido de 4,7%. No ano, a economia recua 4,6%. Em valores correntes, o PIB atingiu o total de R$ 1,53 trilhão.

Mais uma vez, todas as comparações do PIB mostraram taxas negativas. Isso ocorre há cinco trimestres seguidos. Essa análise considera as comparações frente ao trimestre anterior, a igual trimestre do ano anterior, resultado acumulado no ano e nos quatro trimestres imediatamente anteriores.

Pela ótica da produção, a indústria avançou 0,3% frente ao primeiro trimestre, a primeira taxa positiva depois de cinco trimestres seguidos de queda. Os serviços, por sua vez, tiveram queda de 0,8%, enquanto a agropecuária recuou 2%.

Pelo lado da demanda, os investimentos reagiram e avançaram 0,4%, a primeira alta depois de 10 trimestres seguidos de recuo. O indicador é medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, que acompanha a indústria de bens de capital e a construção civil). O consumo das famílias caiu 0,7%, acompanhado por perda de 0,5% do consumo do governo. No setor externo, as exportações avançaram 0,4%, e as importações recuaram 4,5%.

A indústria e o investimento mostraram reação no segundo trimestre, o que denota uma mudança de comportamento na economia brasileira, mas o movimento é acompanhado por uma queda ainda intensa dos serviços, que têm peso de 72% no cálculo do PIB.

Na comparação com o primeiro trimestre, os serviços caíram 0,8%. Essa é a sexta queda seguida, dobrando em relação ao primeiro trimestre, quando caiu 0,4%. Na comparação com o ano anterior, caíram 3,3% - 8ª queda seguida. No trimestre anterior, a comparação anual foi de recuo de 3,7%. O resultado acumulado em quatro trimestres foi ainda pior e o mais intenso em seis trimestres negativos: -3,6%.

"A parte da indústria e do investimento deu uma melhoradinha na margem (em relação ao trimestre anterior) em relação ao que estava acontecendo, mas os serviços, não. É uma mudança frente ao que estava acontecendo antes, mas ainda não afetou tanto o PIB por causa dos serviços, que pesam 72% na economia", explicou Rebeca Palis, gerente de contas nacionais do IBGE.

Já o setor externo mostrou um desempenho diferente neste trimestre e passou a ter contribuição negativa para o PIB.

No primeiro trimestre, a economia brasileira recuou 0,4% na comparação com os três últimos meses do ano passado, no quinto resultado trimestral negativo seguido. O dado foi revisado pelo IBGE. Inicialmente, a queda estimada era de 0,3%.

Retração brasileira é a mais forte entre as principais economias globais

A retração de 0,6% do PIB brasileiro no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano foi a mais forte sofrida pelas principais economias globais no período. O resultado chama ainda mais atenção, porque a maior parte do PIB global cresceu de abril a junho, ainda que em ritmo modesto.
Além do Brasil, só Chile e México encolheram no segundo trimestre - o primeiro teve retração de 0,4%; e o segundo, de 0,2%.
No entanto, os parceiros latino-americanos vêm de uma longa sequência de crescimento. Os mexicanos acumulam 11 trimestres seguidos de expansão do PIB, e a série chilena é ainda mais longa, teve início logo depois da crise global de 2008-2009.
Já o Brasil vem de seis trimestres consecutivos de queda do PIB, feito que não tem paralelo entre as principais economias globais que já divulgaram o resultado do segundo trimestre. O dado mostra que os efeitos da crise global, ainda que não possam ser subestimados, não são o principal problema da economia brasileira, e sim os problemas internos. No segundo trimestre, por exemplo, a China cresceu 1,8%, mesmo ritmo das Filipinas, que só ficaram atrás da Indonésia, com alta de 4% no segundo trimestre, recuperando as perdas da retração no começo do ano.
Na Europa, um dos principais destaques é a Espanha, com alta de 0,8%, confirmando o movimento de recuperação de uma das economias que mais sofreram com a crise de 2008.
Quando analisada a queda de 3,8% do PIB no segundo trimestre do ano, em relação a igual período de 2015, o Brasil fica na lanterna do ranking do crescimento global. Numa avaliação do desempenho de 34 economias no trimestre passado, elaborado pela consultoria Austin Rating, o Brasil aparece na última colocação, atrás, com boa distância, da Rússia, que ficou no penúltimo posto e cujo PIB encolheu 0,6% na mesma comparação; e da Grécia, o antepenúltimo, com queda de 0,1%.
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