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Conjuntura

- Publicada em 28 de Agosto de 2016 às 17:01

Sete dos 10 principais setores esboçam recuperação, diz FGV

Os economistas já afirmam quase unanimemente que a economia bateu no fundo do poço e começa a reagir. Dos 10 principais setores que fazem a roda do crescimento girar, sete já esboçam recuperação, segundo levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Mas há outro consenso entre os especialistas: a robustez e a velocidade da retomada estão nas mãos do governo. O ponto de partida de um novo ciclo virtuoso é o ajuste fiscal nas contas públicas. Na avaliação geral, o ajuste será deslanchado após o julgamento do impeachment, nesta semana, com a definição de quem por direito tem aval para bancar medidas duras de cortes de gastos.
Os economistas já afirmam quase unanimemente que a economia bateu no fundo do poço e começa a reagir. Dos 10 principais setores que fazem a roda do crescimento girar, sete já esboçam recuperação, segundo levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Mas há outro consenso entre os especialistas: a robustez e a velocidade da retomada estão nas mãos do governo. O ponto de partida de um novo ciclo virtuoso é o ajuste fiscal nas contas públicas. Na avaliação geral, o ajuste será deslanchado após o julgamento do impeachment, nesta semana, com a definição de quem por direito tem aval para bancar medidas duras de cortes de gastos.
Prévias do Produto Interno Bruto (PIB) já mostram que alguns setores, em especial na indústria, reagiram no segundo trimestre. A expectativa é que os dados oficiais do PIB, que serão divulgados nesta semana, já apontem uma retração menor da economia, perto de 0,2%. Economistas estimam que devem contribuir para esse resultado reações pontuais, como a alta média de 2,4% em têxteis e calçados e de 0,9% no setor automotivo, em especial graças às exportações.
Também deve pesar a favor o avanço de 1,3% no setor químico, impulsionado pela reposição de estoques. Outros setores tiveram crescimento zero, o que é bom, pois isso indica que a atividade deixou de se contrair e pode voltar a crescer, caso de construção e metalurgia. Caio Megale, economista do Itaú Unibanco, lembra que a recuperação econômica virá de duas frentes. Uma parte, diz, ficará por conta da "regeneração natural do tecido econômico". Nesse caso, cumpriu-se um ciclo: a recessão derrubou o consumo e a produção, o que levou ao uso de estoques. Gradativamente, a produção é retomada, mas para atender a um consumo menor. Nesse processo, o câmbio cedeu, favorecendo a produção voltada à exportação.
Foi esse fenômeno natural que levou a indústria em geral a apresentar crescimento em volume físico de 1,2% no segundo trimestre, o primeiro saldo desde junho de 2013. "Os eventos esportivos pautaram a recessão: ela começou depois da Copa, e tudo indica que se encerra na Paralimpíada", diz Megale. Três motores fundamentais da economia, porém, estão desligados: óleo, gás e biocombustíveis têm retração de 5,5%; e a agropecuária, de 0,5%. Preocupa o comércio, com queda de 0,4%, item do setor de serviços que, sozinho, sustenta dois terços do crescimento. "O setor de serviços depende do consumo das famílias, que deve continuar deprimido", diz Silvia Matos, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Mas a recuperação natural da economia só vai se sustentar se for acompanhada pelo ajuste fiscal, dizem os economistas.

Confiança e crédito são apontados como as bases para um novo ciclo

Para dar uma ideia do papel do ajuste fiscal na retomada do crescimento, o economista Affonso Celso Pastore, sócio-fundador da A.C. Pastore & Associados, compara a atual recessão com a crise de 2008. Lá atrás, o consumo das famílias, o principal motor da economia brasileira, caiu 2% no quarto trimestre. Mas se recuperou logo, porque os bancos não cortaram o crédito.
No ciclo recessivo atual, a economia degringolou após um período de euforia. Famílias compraram em excesso, empresas expandiram os negócios, e até segmentos da agropecuária se financiaram para comprar mais terras. Todo mundo estava endividado. O súbito arrocho levou à inadimplência, seguida de uma onda de recuperações judiciais no setor privado e retração no crédito. Agora, prevalece a corda no pescoço, segurando consumo e investimento.
Para destravar o mercado interno, é preciso afrouxar o nó. "A taxa de juros precisa cair, e o crédito, voltar - e isso depende do ajuste", diz Pastore. Para o economista Bráulio Borges, da LCA, o ajuste alimenta outro fator decisivo: a confiança. Segundo Borges, foi a retomada da confiança que tirou o Brasil da recessão em outros momentos da história. "O novo governo precisa entregar as reformas que está prometendo. Assim, o risco país pode cair mais, o câmbio fica estável, a inflação cede, o Banco Central pode cortar os juros."