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turismo

- Publicada em 28 de Agosto de 2016 às 22:16

Minas Gerais transpira arte

Patrimônio Mundial da Unesco, região é famosa pela arquitetura colonial

Patrimônio Mundial da Unesco, região é famosa pela arquitetura colonial


ISABELLA SANDER /ESPECIAL/JC
Amabilidade, boa comida e muita arte - quem vai a Minas Gerais não precisa esperar menos do que essa tríade. Com quatro Patrimônios Mundiais classificados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o estado é o mais citado do Brasil na lista da instituição. O motivo? O local sabe preservar sua história e sua cultura como poucos lugares da América Latina.
Amabilidade, boa comida e muita arte - quem vai a Minas Gerais não precisa esperar menos do que essa tríade. Com quatro Patrimônios Mundiais classificados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o estado é o mais citado do Brasil na lista da instituição. O motivo? O local sabe preservar sua história e sua cultura como poucos lugares da América Latina.
Mesmo com tantos atrativos turísticos, é possível fazer uma viagem de preço econômico por Minas Gerais. Em baixa temporada, as passagens aéreas de Porto Alegre para Belo Horizonte, por exemplo, custam aproximadamente R$ 300,00, com taxas incluídas. Entre tantos destinos interessantes em solo mineiro, pode-se conhecer roteiros com perfis diversos, caso de Belo Horizonte, Ouro Preto e Brumadinho, onde fica o Instituto Inhotim, parque de arte contemporânea, por exemplo.
Para quem vai acompanhado, a sugestão para circular dentro do estado é alugar um carro, o que evita a dependência de horários de ônibus e mesmo da existência de linhas ligando uma cidade a outra. Com seguros e afins, o aluguel custa a partir de R$ 90,00 por dia, com quilometragem livre. Dentro da capital mineira, não é necessário veículo particular, uma vez que os principais roteiros são próximos uns dos outros, permitindo o deslocamento por transporte público, táxi ou Uber.
A alimentação, de maneira geral, não é cara para quem está acostumado com os preços do Rio Grande do Sul. É possível comer um "self-service" (buffet livre, como os gaúchos chamam) por cerca de R$ 13,00 no almoço, tanto no Centro de Belo Horizonte quanto na área mais turística de Ouro Preto. No jantar, uma refeição em restaurante ou pizzaria custa em média R$ 40,00. Portanto, pode-se calcular aproximadamente R$ 70,00 por dia em gastos com comida, por pessoa. O valor dispendido em hospedagem varia muito. Em Ouro Preto, por exemplo, uma vaga em um hostel pode custar R$ 35,00 em quarto compartilhado, enquanto uma suíte do hotel ao lado pode chegar a R$ 580,00. Por R$ 80,00 por pessoa se consegue um quarto bom.
De qualquer forma, mesmo na suíte, não espere luxo na cidade historicamente preservada, que faz jus ao título de Patrimônio Mundial. As vantagens de um hotel são, normalmente, a decoração, um pouco mais requintada, e alguns benefícios, como TV a cabo e serviço de quarto, mas não há estabelecimentos com SPAs, e somente o Hotel Solar do Rosário é cinco estrelas, e oferece piscina. Fora isso, não há localizações ruins, pois os lugares para hospedagem em Ouro Preto concentram-se no Centro Histórico.
Na capital mineira, a variação de preço é semelhante à de Ouro Preto, e a maioria dos hotéis e hostels se encontra nos bairros centrais. A comodidade, no entanto, tem maior discrepância entre um lugar e outro. Por ser uma cidade menor, Brumadinho possui menos opções de hospedagem, todas concentradas no Centro da cidade ou nas proximidades do Inhotim. O valor fica entre R$ 40,00 e R$ 290,00.

Capital oferece múltiplas opções

Belo Horizonte mistura a simpatia mineira com os traços característicos de uma cidade grande, como o trânsito intenso, o grande movimento de pessoas e a pressa cotidiana. Entre seus diferenciais está o fato de ser recheada de eventos culturais. Peças de teatro, shows musicais, exposições de artes plásticas, entre outras modalidades artísticas ocorrem de domingo a domingo. A variedade é tanta que é impossível ir a tudo, até porque, além de variados, os eventos são espalhados, podendo ocorrer no Centro ou na longínqua região da Pampulha. Os turistas que estão habituados com um reduzido número de lugares que recebem atividades culturais em suas cidades deslumbram-se diante dessa diversidade.
Encomendado pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek enquanto comandava a prefeitura da cidade e projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha foi inscrito em junho como o mais recente Patrimônio Mundial no País. O bairro, todo planejado, é ornamentado pela Lagoa da Pampulha, idealizada também por Niemeyer. O espaço conta, ainda, com a Igreja São Francisco de Assis, também criada pelo projetista com uma arquitetura moderna, bem como o Museu de Arte da Pampulha, a Casa do Baile, o estádio Mineirão, o Iate Tênis Clube e a Casa Kubitschek, onde o ex-presidente mineiro passava seus fins de semana quando era prefeito de Belo Horizonte.
A noite da capital mineira é um atrativo à parte, com ofertas para todos os gostos e bolsos. O Savassi, por exemplo, é um bairro nobre, uma espécie ampliada de bairro Moinhos de Vento em Belo Horizonte. Lá, há locais como o Café com Letras, que funciona dentro do Centro Cultural Banco do Brasil, onde é possível assistir a um show de jazz ou a apresentação de um DJ de música eletrônica. Também há espaço para ambientes mais descontraídos para tomar um bom chope, como a tradicional Choperia Pinguim.
No Centro, o Edifício Maletta reúne brechós, sebos, gráficas durante o dia, mas, à noite, vira um ambiente receptivo ao público mais alternativo. O local era cenário, nos anos 1960, de apresentações musicais do movimento Clube da Esquina.

Beleza de Inhotim e história de Ouro Preto encantam os visitantes

Próximo a Belo Horizonte, Brumadinho não se destacaria de outros municípios predominantemente rurais de Minas Gerais, muito parecidos com cidades gaúchas como Maquiné, com algumas cachoeiras e muitos morros. Entretanto, foi lá que o magnata mineiro Bernardo Paz, proprietário de uma fazenda, resolveu criar o Instituto Inhotim, há 10 anos.
O lugar, de 140 hectares, funciona como uma espécie de parque, no qual, ao caminhar pelos trajetos, o visitante se depara com dezenas de galerias e obras de arte ao ar livre. Para ver tudo, é preciso dois dias inteiros. O acervo de arte contemporânea envolve nomes como Adriana Varejão, Cildo Meireles, Chris Burden, Doug Aitken, Hélio Oiticica, Janet Cardiff, Lygia Pape, Matthew Barney, Olafur Eliasson, Tunga e William Kentrige. A exuberância da natureza, misturada com a profundidade de algumas das instalações do Inhotim, levam os turistas a um estado de êxtase estético. Sem saber o que fazer com toda aquela beleza, a maioria tira muitas selfies.
Entre 1 e 11 de setembro, Inhotim tem uma programação especial de aniversário de 10 anos. As atividades envolvem seminários sobre educação, visitas temáticas, homenagens ao artista plástico Tunga e show de Fernanda Takai, Marisa Monte e da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. O ingresso para visitar o instituto custa R$ 25,00 nas terças e quintas-feiras e R$ 40,00 de sexta-feira a domingo. Nas quartas-feiras, a entrada é gratuita. Em todos os dias, é cobrada meia-entrada para estudantes e idosos.
Outro roteiro que conquista os turistas é a cidade de Ouro Preto. A conclusão de todos que já visitaram o local é a mesma: trata-se de uma cidade-museu a céu aberto. Fundada no final do século XVI, o município já foi capital de Minas Gerais, sob o nome de Vila Rica. Na época do ciclo do ouro, chegou a contar com 120 mil habitantes. Com a fundação de Belo Horizonte, em 1897, quase metade da população abandonou o município, que se tornou especialmente uma cidade universitária. Hoje, 70 mil pessoas moram lá.
Com todas suas construções tombadas, Ouro Preto é famosa por sua arquitetura colonial, principalmente do século XVII, e suas ladeiras acentuadas - de tão íngremes, algumas ruas chegam a ter corrimões para evitar acidentes. A cidade é repleta de referências à Inconfidência Mineira, que teve como palco principal o município, então capital do estado. Na região central, figura um obelisco com a estátua de Tiradentes em cima, posicionada propositalmente de frente para o presídio municipal, onde hoje funciona o Museu da Inconfidência, e de costas para o local onde antigamente era a prefeitura. Outros espaços homenageiam o escultor Aleijadinho e o escritor Tomaz Antônio Gonzaga.
O artesanato típico, confeccionado com pedra-sabão, é visto em cada lojinha de Ouro Preto, mas a estrela da festa é a Feirinha de Pedra-Sabão, realizada diariamente, o dia inteiro, pertinho da igreja de São Francisco de Assis. Aliás, o que não falta na cidade é igreja: são 13 igrejas barrocas, que remontam o auge do ciclo do ouro no Brasil. Esse ciclo é recontado, ainda, pelas centenas de minas abertas à visitação dentro do município e nos entornos.