Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Consumo

- Publicada em 07 de Agosto de 2016 às 19:10

Crise força varejo a cortar vagas

Ajuste de pessoal no ano passado resultou em 58,3 mil demissões

Ajuste de pessoal no ano passado resultou em 58,3 mil demissões


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A crise na economia provocou um ajuste mais acentuado no emprego do que no número de lojas entre as maiores varejistas. Isso indica, segundo consultores, que as empresas estão aproveitando o momento para buscar um aumento de produtividade do trabalhador. A intenção das companhias é estarem mais enxutas quando o mercado de consumo voltar a crescer.
A crise na economia provocou um ajuste mais acentuado no emprego do que no número de lojas entre as maiores varejistas. Isso indica, segundo consultores, que as empresas estão aproveitando o momento para buscar um aumento de produtividade do trabalhador. A intenção das companhias é estarem mais enxutas quando o mercado de consumo voltar a crescer.
Das 300 maiores empresas do setor, 88 reduziram o número de funcionários no ano passado em relação a 2014, e um grupo menor, formado por 31 varejistas, diminuiu o total de lojas, aponta o ranking da Sociedade Brasileira de Varejo de Consumo (SBVC).
Apesar do enxugamento feito por esses dois grupos, a SBVC constatou que, juntas, as 245 companhias, que informaram dados de pessoal e lojas nos rankings de 2014 e 2015, aumentaram, em média, 5,85% o número de pontos de venda no período e tiveram um acréscimo, menor, de 1,35%, em média, no total de empregados.
Eduardo Terra, presidente da SBVC, disse que, apesar dos cortes feitos pelos dois grupos - o que demitiu e o que fechou loja -, na média, houve uma expansão do emprego e dos pontos de venda entre as 245 maiores varejistas do País, com um aumento no total de lojas comparado com o crescimento do número de funcionários. Ele explicou que essa expansão média entre as 245 empresas foi sustentada por farmácias e supermercados, dois segmentos que são mais resistentes à crise, porque vendem produtos essenciais. "Mais de 50% das lojas abertas em 2015 são farmácias."
Terra ponderou, no entanto, que os dados revelados pelo ranking de que houve uma pequena expansão no saldo de lojas em 2015 não se contrapõe ao recente estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que mostrou que 99 mil lojas deixaram de funcionar em 2015. Ele argumentou que o estudo da CNC inclui todas as empresas do varejo, especialmente as pequenas e médias, que foram as mais afetadas pela crise.
Já o ranking da SBVC avalia as 300 grandes varejistas em faturamento, que, teoricamente por serem de maior porte, foram menos abaladas pela recessão. Para Alberto Serrentino, sócio-diretor da consultoria de varejo Varese, o aumento de produtividade nas empresas de varejo por conta do ajuste no emprego e fechamento de lojas deficitárias é o legado positivo da crise que será mais visível quando a economia voltar a crescer. Ele discorda da visão de que o varejo está retrocedendo. "É o oposto: está ocorrendo é um salto de produtividade."
Atualmente, as grandes redes varejistas estão enxugando custos, cortando funcionários e fechando lojas deficitárias, o que dificilmente fariam se o mercado estivesse favorável, disse Serrentino. Isso, disse, vai tornar as empresas mais saudáveis. O ajuste de pessoal que ocorreu em 2015 entre as 88 grandes companhias resultou em 58,3 mil demissões, nas contas da SBVC. Afetadas pelo aperto no crédito, as lojas de eletroeletrônicos e móveis foram as que mais cortaram. Juntas, dispensaram 18.143 trabalhadores.

Setor espera queda de 9,4% nas vendas para o Dia dos Pais, estima a CNC

Estudo divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para as vendas no Dia dos Pais, em 14 de agosto, prevê queda no faturamento de 9,4% no País em comparação a igual período do ano passado, embora com um movimento de cerca de R$ 4,2 bilhões em vendas no varejo, em todo o País, o que equivale a 5,6% do faturamento esperado para o mês.
Este será, segundo a CNC, o pior desempenho desde o início do estudo, em 2004, quando as vendas subiram. O economista da CNC Fabio Bentes entende que a queda replica, de certa forma, o comportamento dos negócios nas últimas datas comemorativas: "É a segunda queda nas vendas da data. Na Páscoa foi assim, as vendas caíram pelo segundo ano consecutivo; no Dia das Mães, no Dia dos Namorados, o mesmo. O Dia dos Pais não vai ser diferente".
O Dia dos Pais, segundo Bentes, movimenta dois setores importantes do varejo: alimentação, incluindo bebidas e alimentos, e vestuário, que "estão passando por um momento muito ruim", e explica: a alta no preço dos alimentos afugenta o consumidor e, no caso do vestuário, as vendas estão caindo de forma acelerada, atingindo 10% no ano. Assim, os dois principais segmentos de presentes para o Dia dos Pais também vão apresentar quedas: alimentos, quase 3%; e vestuário, 9,5%.
"O varejo está passando ainda por uma crise muito forte, devido a preço de alimento muito alto e crédito caríssimo", afirma o economista da CNC. Nos últimos 12 meses encerrados em junho, a taxa de juros ao consumidor bateu nove recordes de alta: "O consumidor está sem dinheiro no bolso, e tomar dinheiro emprestado continua muito caro".
A taxa de juros ao consumidor está em torno de 71% ao ano, e nem mesmo o setor de perfumaria e cosméticos, que vinha relativamente bem no varejo, espera reação positiva das vendas. "Todos os segmentos vão registrar queda neste Dia dos País", afirma Bentes. Diante desse cenário, a CNC prevê que os filhos, na hora de buscar presentes para os pais, vão optar por um valor médio compatível com sua renda baixa. Segmentos de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos estão "fora do radar", diz Bentes, que prevê que "as vendas vão cair na casa dos dois dígitos". O mesmo ocorre em parte do segmento de vestuário. Apesar das quedas recentes, esses dois segmentos vão responder por 56% das vendas para a data. Isso significa, conforme Fabio Bentes, que, de cada R$ 100 que forem gastos pelos filhos com os pais, R$ 56 vão se dar nesses dois segmentos.
Outro termômetro que mostra como a data está ruim para o comércio é a contratação de funcionários temporários. A CNC estima queda de 3,7% no número de trabalhadores contratados em relação ao ano passado, menor resultado para a data desde 2012. Ainda assim, o economista diz que serão criados mais de 24 mil postos de trabalho temporário no País por causa da data, mas esclarece: "Parece um número muito bom, mas, historicamente, a contratação de temporários é bem maior do que isso."