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Conjuntura

- Publicada em 04 de Agosto de 2016 às 20:32

Poupança registra saque líquido de R$ 1,1 bilhão

Inflação e desemprego levam população a mexer no investimento

Inflação e desemprego levam população a mexer no investimento


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
O volume de recursos que os investidores sacaram da poupança em julho, já descontadas as aplicações, foi de R$ 1,115 bilhão. Segundo dados do Banco Central (BC), apesar de negativo, a retirada foi a menor do ano até agora e também é inferior aos R$ 2,453 bilhões que deixaram a caderneta em igual mês do ano passado.
O volume de recursos que os investidores sacaram da poupança em julho, já descontadas as aplicações, foi de R$ 1,115 bilhão. Segundo dados do Banco Central (BC), apesar de negativo, a retirada foi a menor do ano até agora e também é inferior aos R$ 2,453 bilhões que deixaram a caderneta em igual mês do ano passado.
Em janeiro deste ano, os saques superaram os depósitos em R$ 12,032 bilhões. Em fevereiro, as retiradas ficaram R$ 6,639 bilhões maiores do que as captações e, em março, R$ 5,380 bilhões. Em abril, o saldo ficou negativo em R$ 8,246 bilhões e, em maio, em R$ 6,592 bilhões. Em junho, foi negativo em R$ 3,718 bilhões.
De acordo com o BC, o total de aplicações no mês passado foi de R$ 159,738 bilhões e o de saques, de R$ 160,853 bilhões. O estoque desse investimento está em R$ 641,298 bilhões, já considerando os rendimentos de R$ 4,190 bilhões de julho. O desempenho no mês passado só não foi pior porque, no último dia útil de julho, ingressaram R$ 3,760 bilhões na caderneta. Esse movimento de arrecadação nos últimos dias é tradicional e ocorre com aumento dos depósitos em razão de aplicações automáticas da conta-corrente que alguns investidores já deixam programadas para ocorrer.
A contínua e acentuada deterioração da caderneta se dá por conta da piora do cenário econômico, com a alta da inflação e do aumento do desemprego. Além disso, outros investimentos se tornaram mais atrativos ao apresentarem rentabilidade maior. A remuneração da poupança é formada por uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) - esse cálculo vale para quando a taxa básica de juros (Selic) está acima de 8,5% ao ano. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano.
A fuga dos investimentos da caderneta de poupança nos primeiros sete meses deste ano chegou a R$ 43,721 bilhões, o maior volume da série histórica do BC iniciada em janeiro de 1995. Até então, os primeiros sete meses de 2015 eram responsáveis pelo pior resultado da aplicação, com um volume de saques R$ 40,996 bilhões superior ao de depósitos. O aumento do total de retiradas líquidas no período, de um ano para o outro, foi de 6,6%.
Esse resultado do acumulado de janeiro a julho de 2016 é formado por depósitos de R$ 1,102 trilhão e retiradas de
R$ 1,145 trilhão. O pior momento dos últimos 21 anos para a caderneta de poupança foi em janeiro deste ano, quando os saques líquidos foram de R$ 12,032 bilhões. Nos meses seguintes, o resultado continuou negativo: R$ 6,639 bilhões em fevereiro, R$ 5,380 bilhões em março, R$ 8,246 bilhões em abril, R$ 6,592 bilhões em maio e R$ 3,718 bilhões em junho.
 

Resultado não indica tendência de melhora, avalia Anefac

O volume líquido de recursos sacados da poupança em julho, menor que nos meses anteriores, não indica uma tendência de melhora no quadro. A avaliação é do diretor executivo de Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.
"Não podemos dizer que é uma tendência ainda. Vai continuar essa sangria", disse. Para ele, o período de sangria menor pode ter sido motivado por fatores pontuais, como o adiantamento do pagamento do 13º salário por empresas. "O quadro econômico ainda não mudou", avaliou. O diretor aponta três fatores para os resultados negativos. O principal é a recessão econômica, que provoca desemprego e queda na renda das famílias, levando a um volume menor de depósitos. Ao mesmo tempo, a crise leva as pessoas a retirar mais recursos da poupança para gastar. Por fim, a baixa rentabilidade da poupança, frente a outros investimentos, também gera impacto. Apostando na persistência de números negativos, Oliveira afirmou que "certamente" o recorde do ano passado, com saque líquido de R$ 53,6 bilhões, será ultrapassado em 2016.