A presidente afastada Dilma Rousseff não compareceu, nesta quarta-feira (6), à Comissão Processante do Impeachment do Senado para prestar depoimento e foi representada pelo advogado, o ex-ministro José Eduardo Cardozo. Em depoimento por escrito enviado à comissão, Dilma afirma que o processo contra ela é uma "farsa jurídica e política". O documento foi lido por José Eduardo Cardozo. "O que mais dói é perceber que sou vítima de uma farsa jurídica e política", sustenta Dilma.
Dilma afirma que lutará para concluir seu mandato. "Em nome desses votos e do povo do meu país vou lutar com todos os instrumentos legais de que disponho para concluir o meu mandato", afirma. Segunda a presidente, os que forem "honrados" e votarem por seu afastamento sentirão "vergonha" no futuro. Reconhece que cometeu erros, mas afirma que nunca foi desonesta. "Dentre esses erros, posso afirmar em alto e bom som: jamais se encontrará desonestidade, covardia e a traição. Jamais desviei um único centavo para meu patrimônio pessoal ou de terceiros", sustenta.
Dilma acrescenta que um governo sem voto simboliza o restabelecimento da eleição indireta, contra a qual o povo brasileiro lutou por muitos e muitos anos. "Um governo sem voto não será respeitado e se tornará, mais do que um entrave às soluções, a própria causa do impasse. Interromper meu mandato de forma injusta e irregular representará impor grande risco a todas as cidadãs e cidadãos de nosso Brasil."
Ela criticou também "a mudança de postura do Tribunal de Contas da União" no entendimento desse tipo de procedimento utilizado por governos anteriores ao dela. "Onde está, devemos perguntar, a má-fé, o dolo grave que marcaram a minha conduta no caso da edição destes decretos? Os decretos foram editados com base na interpretação técnica e jurídica dominante, acolhida expressamente e manifestada por todos os órgãos responsáveis pelo exame da matéria.
A solicitação de expedição dos decretos atendia a razões comprovadamente de interesse púbico. Todos os governos anteriores haviam feito a mesma coisa. O Tribunal de Contas União, outros órgãos de controle, ou mesmo o próprio Poder Judiciário, nunca antes da edição destes decretos, haviam firmado qualquer contrariedade definitiva a esse entendimento. O procedimento que marcou a sua edição é 'parametrizado', sendo despachado pelo presidente da República como um verdadeiro ato de rotina", diz Dilma no documento. Com informações da Agência O Globo e Agência Brasil.