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Opinião

- Publicada em 26 de Julho de 2016 às 18:37

Saneamento básico: enterrar canos também é preciso

Um dos mantras repetidos para estimular gastos em saneamento básico - carência histórica do Brasil - é que, a cada real investido no setor, economiza-se, pelo menos, R$ 4,00 em saúde pública. Seria, portanto, uma medida preventiva e de grande eficácia na gestão dos gastos governamentais.
Um dos mantras repetidos para estimular gastos em saneamento básico - carência histórica do Brasil - é que, a cada real investido no setor, economiza-se, pelo menos, R$ 4,00 em saúde pública. Seria, portanto, uma medida preventiva e de grande eficácia na gestão dos gastos governamentais.
Entretanto, outro bordão historicamente citado no País é que "enterrar canos não dá votos". Ou seja, sob o ponto de vista político, valeria muito mais a pena construir vistosos viadutos - obra que será lembrada no dia a dia - do que aplicar vultosos recursos em redes de esgoto.
É o caso de lembrar dessas afirmativas, tendo em vista que estamos próximos de mais uma eleição. E também porque o Rio Grande do Sul não é exceção no quadro de baixíssimos índices de coleta e tratamento de esgotos no Brasil.
Para auxiliar no debate das eleições municipais, a Agenda 2020 fez uma avaliação das 50 maiores cidades gaúchas. E um dos piores indicadores - ao lado da segurança pública - é exatamente na área de saneamento. A média dessas localidades é de 30% de esgoto coletado e apenas 15% tratado.
O dado é ainda mais alarmante se considerarmos que se tratam de alguns dos municípios mais ricos do Rio Grande do Sul. Por isso, não é de se estranhar que o dado seja ainda pior se forem contabilizadas apenas as cidades atendidas pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
Nas 316 localidades em que a empresa gaúcha presta o serviço - onde vivem quase 6 milhões dos 11 milhões de habitantes do Estado -, o índice de esgoto tratado é de 12,78%. Municípios maiores como Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Bagé têm empresas próprias de saneamento.
Mas o quadro geral é ruim. A Região Metropolitana de Porto Alegre tem alguns dos rios mais poluídos do Brasil. E mesmo após o Pró-Guaíba (Programa para o Desenvolvimento Socioambiental da Região Hidrográfica do Guaíba) - que não foi totalmente executado, é verdade, apenas o Módulo I foi adiante -, rios como o Sinos e o Gravataí seguem recebendo grande quantidade de esgoto não tratado e efluentes industriais.
A culpa não é só dos gestores públicos. As estações de tratamento de esgoto inauguradas no início da década passada em Cachoeirinha e Gravataí - financiadas pelo extinto Pró-Guaíba - ficaram por vários anos ociosas, simplesmente porque os donos das residências não queriam fazer a ligação com a rede que passava em frente às suas casas. Ou seja, além de grandes investimentos, é preciso a participação de todos e educação ambiental para a população, a fim de conscientizarmo-nos sobre o nosso maior bem, a água potável.
Não por acaso, o tema emergiu nos últimos meses em Porto Alegre em função do gosto e odor na água que abastece vários bairros. Nesse momento, todos despertam para o problema e querem solução. Mas o debate ambiental deve ser um tema permanente da sociedade.
O Programa Integrado Socioamental (Pisa) promete, ao ser concluído, elevar os índices de tratamento de esgotos em Porto Alegre a quase 80%. Enquanto isso não acontece, nosso manancial, o Guaíba, segue poluído - é bem verdade, com a contribuição dos rios que desaguam por aqui, trazendo esgoto doméstico, industrial, lixo, agrotóxicos etc.
O saneamento básico deve ser encarado como prioridade por todos, e a sociedade precisa fazer sua parte - a começar pela separação correta do lixo - e pressionar governantes para que a premissa de que o tratamento de esgotos não dá votos não seja preponderante. Enterrar canos também é preciso. No nosso caso, é urgente.
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