O órgão que fiscaliza emissoras na Turquia vai cancelar as licenças de rádios e TVs que tiverem ligação com o grupo apontado pelo governo como responsável pela tentativa de golpe ocorrida no fim de semana.
O Conselho Supremo de Rádio e Televisão aprovou, por unanimidade, a revogação das permissões para "qualquer emissora de rádio ou televisão ligada ou que apoie" o grupo relacionado ao clérigo Fetullah Gulen.
A decisão não indica, no entanto, quais veículos foram afetados, deixando espaço aberto à interpretação. A associação turca de jornalistas afirmou estar discutindo a norma e, por isso, ainda não pode comentá-la. O cerco à imprensa, antes e depois da tentativa de golpe, tem sido condenado por grupos dentro e fora da Turquia.
Quatro dias após o levante, o governo de Recep Tayyip Erdogan continua o expurgo de milhares de funcionários, iniciado no sábado. Ontem, o Ministério da Educação afastou 15.200 funcionários por alegado envolvimento com o grupo responsável pela insurgência. A nova rodada de expurgos se estendeu a um órgão religioso e outro de inteligência. A limpa continuou também entre os militares, com a detenção de generais e almirantes pelo suposto envolvimento no movimento.
O premiê turco, Binali Yildirim, negou a existência de um "espírito de vingança" contra os golpistas. "Uma coisa assim é absolutamente inaceitável no Estado de direito", disse ele. Ontem, milhares de pessoas foram às ruas de Istambul com bandeiras do país para manifestar apoio à Erdogan.
Zeid Ra'ad al-Hussein, representante da Organização das Nações Unidas (ONU) para assuntos de direitos humanos, manifestou choque com o afastamento em massa de centenas de juízes, na sequência da tentativa de golpe na sexta-feira. Ele também afirmou que a possibilidade da volta da pena de morte ao país, mencionada na segunda-feira por Erdogan, seria "um grande passo na direção errada" e violaria as responsabilidades da Turquia sob as normas internacionais.