Os contratos futuros de ouro fecharam no maior nível em duas semanas, impulsionados pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que ontem decidiu manter os juros na faixa de 0,25% a 0,50% e não deu pistas sobre quando haverá um novo aperto. A interpretação dos investidores é a de que o Fed está relutante em aumentar os juros e, com isso, os ativos considerados seguros, como o ouro, ganham mais atratividade.
Com esse cenário, o ouro para dezembro negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex) fechou em alta de 0,50%, a US$ 1.341,20 por onça-troy. Na tarde de ontem, após a decisão do Fed, o ouro negociado no pregão eletrônico já havia mostrado forte alta.
Ainda que o Fed não tenha descartado a possibilidade de elevar os juros em setembro, muitos investidores enxergaram o comunicado da autoridade monetária como dovish, uma vez que os dirigentes estariam mostrando certa relutância em fazer um novo aperto devido à incerteza econômica gerada pela decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia.
Alguns investidores apontam ainda o momento político do EUA como limitador para uma nova elevação de juros. "Com a corrida presidencial próxima do fim, uma alta de juros antes das eleições poderia tirar o mercado de ações dos trilhos, desacelerar a criação de empregos e quebrar a ilusão de prosperidade que os Democratas gostariam de creditar ao presidente Obama e seu partido", afirmou David Beahm, presidente da Blanchard and Company.
Essas percepções acabam estimulando a procura por ouro, elevando o preço do metal. "O custo de oportunidade para o ouro continua baixo", afirmou o analista Daniel Briesemann, do Commerzbank. "É uma surpresa que o preço do metal não está ainda mais alto".