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Aviação

- Publicada em 21 de Julho de 2016 às 22:15

Passageiros enfrentam filas nos aeroportos com a mudança das regras de voos domésticos

Saguão do Aeroporto de Congonhas, na zona Sul da capital paulista, ficou completamente lotado por viajantes, apesar da antecipação da apresentação nos guichês das empresas aéreas

Saguão do Aeroporto de Congonhas, na zona Sul da capital paulista, ficou completamente lotado por viajantes, apesar da antecipação da apresentação nos guichês das empresas aéreas


MARCO AMBROSIO/FRAME PHOTO/FOTOARENA/FOLHAPRESS/JC
O Aeroporto de Congonhas, na zona Sul da capital paulista, abriu as portas uma hora mais cedo na quarta-feira da semana passada, terceiro dia de operação dos terminais brasileiros sob regras de segurança mais rígidas nos voos domésticos. A medida foi adotada para evitar as filas registradas nos dias anteriores. Para agilizar a entrada de passageiros e prevenir transtornos, o check-in das companhias aéreas começou às 4 horas.
O Aeroporto de Congonhas, na zona Sul da capital paulista, abriu as portas uma hora mais cedo na quarta-feira da semana passada, terceiro dia de operação dos terminais brasileiros sob regras de segurança mais rígidas nos voos domésticos. A medida foi adotada para evitar as filas registradas nos dias anteriores. Para agilizar a entrada de passageiros e prevenir transtornos, o check-in das companhias aéreas começou às 4 horas.
Com a medida, o aeroporto chegou a registrar fila no início da manhã, horário de maior fluxo, mas a situação já estava mais tranquila por volta das 7h20min. Até as 11 horas, dos 91 voos previstos, apenas um estava atrasado, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
O sistema de som de Congonhas avisava aos passageiros sobre as mudanças na fiscalização. Pelo alto-falante, era pedido para retirar o notebook da bagagem de mão e colocar na bandeja ao passar pelo raio x. Também alertava que algumas pessoas podiam passar por revista física. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não divulgou o critério de escolha para inspeção.
Por volta das 9h30min, não havia retenção na aérea de embarque do aeroporto, e a fila para passar do portão não chegava a cinco minutos. Por causa das mudanças, que começaram a valer na segunda-feira (18), a Anac orienta o passageiro a chegar duas horas antes do voo.
Os transtornos dos dias anteriores, no entanto, fizeram muitos deles anteciparem ainda mais a ida ao aeroporto. Com viagem marcada para João Pessoa, na Paraíba, a cabeleireira Sandra Lins, de 48 anos, chegou quatro horas antes da decolagem. "E olha que eu moro do lado do aeroporto", diz. "A gente viu que a situação estava terrível, então tive medo de perder o voo."
Com viagem do filho marcada para Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, a pesquisadora Grace Zauza, de 42 anos, chegou com 1h40min de antecedência, menos do que a recomendação, mas não enfrentou problemas. "Ele é menor de idade e viajou acompanhado. Não pegamos fila", diz. Na quarta-feira da semana passada, a cena se repetiu nos principais aeroportos brasileiros. Pelo terceiro dia consecutivo, quem chegou ao aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, entre a madrugada e o início da manhã, encontrou grandes filas.
Nos aeroportos de Brasília e Porto Alegre, a cena era semelhante. Após recomendação da Agência Nacional de Aviação Civil, os passageiros começaram a chegar com pelo menos duas horas de antecedência ao terminal. No entanto, apesar do acordo firmado entre a Anac, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e a Infraero para que os portões de embarque fossem abertos mais cedo para dar início aos procedimentos de inspeção de passageiros e bagagens, a entrada só começou a ocorrer por volta das 5h.
Os guichês das companhias aéreas, ao contrário do que foi observado na terça-feira, iniciaram a operação, segundo passageiros, pouco depois das 4h. "Essa é a primeira vez que eu viajo depois dessas novas recomendações da Anac. Não sabia o que iria encontrar, então cheguei com antecedência. Não adiantou. Acho que se aumenta o tempo de espera, a estrutura também precisa aumentar proporcionalmente", disse o bancário Geraldo dos Santos, de 60 anos, esperando na fila que se estendia por dois pisos do aeroporto.
Pouco mais à frente estava o estudante de Relações Públicas Rodrigo dos Santos Maerz, de 22 anos. A caminho de São Paulo, onde vive, o jovem voltava para casa depois de visitar os avós, em Niterói. Com o voo agendado para as 6h25min, ele chegou ao aeroporto por volta das 4h. Rodrigo conta que os guichês da companhia aérea pela qual viajaria ainda não estavam em funcionamento, o que ocorreu pouco tempo depois.
Surpreso com o tamanho da fila, o analista de sistemas Eduardo Costa, de 47 anos, afirmou que a operação precisa ser melhorada. "Cheguei às 4h40min para o voo de 5h40min para São Paulo. Estava um verdadeiro caos, fila para todos os lados, todo mundo correndo. Viajo há anos e nunca vi nada parecido. A impressão que dá é que não houve um plano de contingência. Encontrar uma fila deste tamanho quer dizer que alguma coisa não está funcionando", reclamou ele.
A advogada Rafaela Ferreira, de 31 anos, que esperava voo para Curitiba, contou que já havia fila do lado de fora do aeroporto, por volta das 4h. Apesar disso, ela, que estava acompanhada da sogra, do marido e da filha, relatou que não teve grandes problemas para realizar o check-in. A advogada utilizou a fila de prioridades para o embarque.
A enfermeira Raquel dos Santos, de 53 anos, foi outra passageira que também chegou ao aeroporto pouco antes das 3h40min. Ela conta que se distraiu e, pouco tempo depois, já havia filas. "Chegamos cedo para não correr o risco de perder o voo para Santa Catarina, às 6h20min. Viemos antes para não correr o risco de perder o avião. Mas eu abaixei a cabeça e quando levantei já estava tudo cheio", brincou ela.

Funcionários afirmam que foram 'pegos de surpresa'

Saguão do Aeroporto de Congonhas, na zona Sul da capital paulista, ficou completamente lotado por viajantes, apesar da antecipação da apresentação nos guichês das empresas aéreas

Saguão do Aeroporto de Congonhas, na zona Sul da capital paulista, ficou completamente lotado por viajantes, apesar da antecipação da apresentação nos guichês das empresas aéreas


MARCO AMBROSIO/FRAME PHOTO/FOTOARENA/FOLHAPRESS/JC
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"Era uma discussão que ocorria há duas semanas, mas a data mesmo só soubemos há três dias", relatou Célio Barros, secretário-geral do sindicato, no dia 15. Outro que reclama da velocidade para implantar as mudanças é Edenilson Valadão, do sindicato paulista dos aeroviários (funcionários das companhias aéreas que trabalham no solo). Para ele, a nova norma de inspeção veio "num estalar de dedos".
"(A alteração na regra) pegou todo mundo de surpresa. O resultado (filas e desinformação) demonstra que houve precipitação. A mudança demandaria um prévio preparo de quem trabalha diretamente com o passageiro", afirma Valadão. Para o sindicato dos aeroportuários, os novos procedimentos de segurança poderiam ter sido adotados inicialmente em um único aeroporto do País para depois serem ampliados. "Depois do primeiro teste, seriam analisadas as falhas. Dessa forma, seria criado um novo modelo mais fácil de ser aceito", argumenta Barros.
Esse processo deveria ainda vir acompanhado de uma campanha de educação do passageiro, para que ele pudesse entender as mudanças. "Lamentavelmente, o País adota coisas abruptas e não conscientiza a população. Mas as mudanças deveriam ser mais discutidas, e deveria ser feita uma conscientização para a população", critica Barros.
Para ele, com maior compreensão das regras de segurança aeroportuárias, o passageiro coopera mais na hora do embarque. Ele cita o exemplo de países europeus, onde o rigor com o passageiro é extremado, devido ao constante risco de ataques terroristas.
"Na Espanha, por exemplo, o passageiro que fizer disparar o detector de metais é obrigado a voltar ao final da fila de inspeção (para separar seus pertences de metal). São países mais acostumados ao riscos e também às regras", afirma.
A Anac diz que a discussão sobre as novas regras têm sido feitas desde "meados de 2015" e que publicou no Diário Oficial sobre a implantação dos novos procedimentos no último dia de junho. Uma reunião, diz a agência, foi realizada com operadores dos aeroportos em 1 de julho. A Anac acredita que o período foi suficiente para que os aeroportos se adequassem. A reguladora diz ainda que os agentes aeroportuários responsáveis pelas inspeções são capacitados e constantemente certificados. A Anac não respondeu por que não testou os novos procedimentos em escala menor e por que adotou as medidas em período de alta demanda, às vésperas da Olimpíada e de férias escolares.