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2° Caderno

- Publicada em 11 de Julho de 2016 às 18:04

Brasileiros abrem suas casas para os turistas

 A logo of Rio 2016 is seen at the Olympic and Paralympic Village in Rio de Janeiro, Brazil, on June 23, 2016. / AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA

A logo of Rio 2016 is seen at the Olympic and Paralympic Village in Rio de Janeiro, Brazil, on June 23, 2016. / AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA


YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
Em tempos de recessão e com os hotéis praticamente lotados para os Jogos Olímpicos, o carioca vem aproveitando para reforçar a renda com a locação de cômodos e imóveis. A febre olímpica pegou até mesmo atletas do Time Brasil, como o nadador André Brasil. Dono de sete medalhas de outro e três de prata na Paralimpíada, ele alugou seu apartamento de três quartos na Barra da Tijuca, ao lado do Parque Olímpico, por cerca de um mês.
Em tempos de recessão e com os hotéis praticamente lotados para os Jogos Olímpicos, o carioca vem aproveitando para reforçar a renda com a locação de cômodos e imóveis. A febre olímpica pegou até mesmo atletas do Time Brasil, como o nadador André Brasil. Dono de sete medalhas de outro e três de prata na Paralimpíada, ele alugou seu apartamento de três quartos na Barra da Tijuca, ao lado do Parque Olímpico, por cerca de um mês.
"Aluguei para um conhecido que trabalhará nos Jogos. Agora, busco outro hóspede para a Paralimpíada, em setembro. Não sabemos o que será do esporte no País após os Jogos. É bom poder guardar dinheiro em momentos difíceis como o que vivemos", comenta o atleta. O imóvel, comprado há alguns anos como investimento, estava há seis meses vazio, após o fim de um contrato de aluguel. Com a Olimpíada, André Brasil viu uma chance de recuperar os R$ 20 mil que investiu quando resolveu mobiliar e alugar o imóvel por temporada.
"Ainda não recuperei o que investi, mas acredito que foi uma boa opção para não deixá-lo parado. A região ficou muito valorizada por causa da Olimpíada", disse o nadador, que chegou a ser procurado por uma empresa que lhe ofereceu cerca de R$ 1 mil por dia para depois sublocar o imóvel. "Preferi ganhar menos do que alguém ganhar em cima de mim."
André Brasil não nada de braçada sozinho nessa raia. Um levantamento da plataforma de hospedagem alternativa Airbnb registrou aumento de 80% no número de anúncios no Rio nos últimos 12 meses. E a oferta cresceu 33% apenas nos últimos três meses deste ano. Já são mais de 35 mil anúncios, o que faz do Rio o quarto maior mercado do Airbnb, atrás somente de Nova Iorque, Londres e Paris.
Segundo a empresa, 55 mil hóspedes já reservaram hospedagem no Rio para os Jogos. Metade dessa turma é de brasileiros. A média é de três pessoas por reserva; e o gasto, de US$ 170 por noite. Como o período da Olimpíada se estende de 5 a 21 de agosto, um anfitrião pode ter mais de uma reserva e, por isso, ainda há 30 mil anúncios disponíveis para esta época.
"A crise econômica impulsionou esse crescimento. Muitas pessoas perderam seus empregos ou estão precisando de renda extra. E, claro, a Olimpíada se tornou uma oportunidade para o carioca", confirma Leonardo Tristão, diretor-geral do Airbnb no Brasil. "Esse fenômeno se repete em grandes cidades, quando acontecem eventos importantes. Na Copa do Mundo, também houve aumento de oferta e de procura por aqui. Mais de 100 mil turistas, sendo 6% de brasileiros, usaram a plataforma para se hospedar no País."
A aposentada Deise Albuquerque, de 67 anos, alugou o próprio quarto, em sua casa, em Marechal Hermes, na zona Norte, para um voluntário canadense que trabalhará no Complexo Olímpico de Deodoro. Por um mês, receberá
R$ 2.500,00, mais do que o valor de sua aposentadoria. Nesse período, vai dormir em outro cômodo. O sacrifício servirá para ela quitar uma dívida no cartão de crédito e um empréstimo. Segundo o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis-RJ (Creci), não há mais unidades para locação por temporada para os Jogos Olímpicos na região da avenida Abelardo Bueno, perto do Parque Olímpico. Na Avenida das Américas e ruas próximas, na Barra da Tijuca, ainda constam entre 250 e 320 unidades (cerca de 25% da oferta).
Já na zona Sul, de acordo com o órgão, a taxa de ocupação é de 85%, restando entre 150 e 200 imóveis (a área tem menos oferta que a Barra). Mas, de acordo com o conselheiro Darlan Carlos de Souza, a expectativa para esta época do ano, faltando menos de um mês para o evento, era de 100% de ocupação. Isso porque a rede hoteleira já estava comprometida com mais de 85% dos seus quartos para a família olímpica e, atualmente, na região de Ipanema e Leblon, esse número chega a 98,33%.
"A tendência nessa reta final é de redução dos preços em até 20%", analisa Darlan, para quem as últimas notícias sobre violência na cidade afugentaram turistas indecisos. "Quem vinha para curtir a cidade, mesmo sem ingresso, pensou duas vezes."
Darlan, que trabalha há 20 anos com locação de imóveis, afirma que a situação econômica do País impulsionou o mercado de aluguel por temporada. Segundo ele, a Olimpíada será a "tábua de salvação" de muita gente. "É uma oportunidade atípica, por isso muito carioca que não conseguia alugar por tempo fixo migrou para a locação por temporada. A Olimpíada é uma saída, algo extra."
De olho na oportunidade, mas sem um imóvel para alugar, a tecnóloga Patrícia Leite, funcionária pública estadual, hospedará um casal americano no quarto extra de seu apartamento, em Laranjeiras. Ela comemorou o negócio, já que seu salário está atrasado e só na semana passada recebeu a última parcela do contracheque de maio. Vai ganhar cerca de
R$ 2.550,00 por 17 noites.
"Estava preocupada, porque o anúncio estava há bastante tempo na internet. Até baixei o preço da diária quando a ciclovia Tim Maia desabou. Acho que muitos turistas desistiram de vir por causa desses problemas. Se não é a zika, é a segurança", comentou Patrícia, que vai usar o dinheiro para pagar contas. "Não tem sobrado nada. Não será um extra, o dinheiro vai para o orçamento do mês."
Já Heloisa Couto conseguirá R$ 14 mil com o aluguel de dois quartos em seu apartamento em Ipanema. A ex-professora de dança contou que atualmente essa é a sua única fonte renda. Mesmo assim, não inflacionou o valor da diária no período olímpico. Ela diz que gosta de receber pessoas em sua casa. "A procura pelos quartos aconteceu com muita antecedência, há mais de cinco meses. Fiquei tranquila", justificou a anfitriã, que já faz sucesso em sites de hospedagem.
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