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Lava Jato

- Publicada em 21 de Junho de 2016 às 18:16

Cunha diz que Wagner propôs um 'acordão'

Eduardo Cunha descarta renúncia e diz que não tem o que delatar

Eduardo Cunha descarta renúncia e diz que não tem o que delatar


EVARISTO SA/AFP/JC
Afastado da Câmara desde 5 de maio por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reapareceu nesta terça-feira, queixou-se de cerceamento de defesa nos processos que enfrenta na Justiça e no Conselho de Ética da Casa e acusou o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner (PT) de oferecer um acordo há alguns meses segundo o qual ele teria o mandato preservado em troca do engavetamento dos pedidos de impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Afastado da Câmara desde 5 de maio por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reapareceu nesta terça-feira, queixou-se de cerceamento de defesa nos processos que enfrenta na Justiça e no Conselho de Ética da Casa e acusou o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner (PT) de oferecer um acordo há alguns meses segundo o qual ele teria o mandato preservado em troca do engavetamento dos pedidos de impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Cunha vive um momento extremamente delicado. Seu processo de cassação do mandato foi aprovado pelo Conselho de Ética e agora será votado pelo plenário. Se receber o aval de 257 dos 513 deputados, o peemedebista perderá o chamado foro privilegiado, que o mantém distante do juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato. Paralelamente, sua mulher, Cláudia Cruz, é investigada por suspeita de lavagem de dinheiro e evasão de divisas na Lava Jato. No Supremo, ele também deve ser alvo de uma nova frente de investigação por manter contas no exterior supostamente abastecidas com propina desviada da Petrobras.
O peemedebista narrou ter se encontrado três vezes com Wagner. Segundo ele, a oferta do petista era clara: os três votos do PT para salvá-lo no Conselho de Ética além de ajuda para sua família no Supremo Tribunal Federal. "Eu não sou herói nem vilão no processo de impeachment. Apenas cumpri meu papel de presidente da Câmara. Agora, a ira do PT e dos seus aliados pela perda de suas boquinhas está fazendo com que eu pague um preço que sabia que iria ocorrer. Mas eu tenho a consciência tranquila de que livrar o Brasil da Dilma e do PT será uma marca que eu, sem dúvida nenhuma, terei a honra de carregar", disse Cunha, durante entrevista num hotel em Brasília.
"Eu quero declarar que eu tive três encontros com o chefe da Casa Civil depois que ele tomou posse. Um foi na minha casa, logo depois da representação do Conselho de Ética, outro na Base Aérea e mais um no Palácio do Jaburu, onde Michel Temer (PMDB) havia me convidado, e disse que o Jaques Wagner queria ter uma conversa comigo. Ele chamou o Jaques Wagner e me deixou a sós com ele, inclusive saiu para um compromisso fora para não participar da conversa. Nos três encontros, Jaques Wagner ofereceu os votos do PT no Conselho de Ética, chegou ao ponto de oferecer que não teria discussão da minha mulher e da minha filha e separação do inquérito ao qual já estaria respondendo. Quem estava propondo para que o PT votasse comigo era o governo."
Cunha continuou, citando o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA): "Nos três encontros que eu já me referi, além de falar dos votos do Conselho de Ética, o ministro da Casa Civil ofereceu o controle do próprio presidente do Conselho de Ética, que é um deputado da Bahia, o qual ele dizia que era dependente do governo da Bahia por razões políticas".
Cunha voltou a descartar a renúncia do cargo: "Como vocês viram, não renunciei". E ironizou a possibilidade de fechar um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. "Não cometi qualquer crime, eu não tenho o que delatar", disse.
O peemedebista classificou como um "absurdo" o pedido de sua prisão protocolado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele afirmou que um dos pontos citados por Janot é a manutenção das prerrogativas de presidente da Câmara, mesmo afastado do cargo, e exaltou a necessidade de manter algumas delas, entre as quais os seguranças legislativos.

Após exibir fala de Cunha, diretor de comunicação da Câmara é demitido

O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), exonerou nesta terça-feira, o diretor executivo de Comunicação Social da Casa, Claudio Lessa. A demissão veio a público após a TV Câmara ter transmitido ao vivo, em seu canal no Youtube e no canal alternativo da TV digital, as cerca de duas horas do pronunciamento e entrevista coletiva do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Maranhão não quis falar sobre os motivos de sua decisão. Interlocutores afirmam que houve a avaliação de que a TV Câmara errou e descumpriu uma decisão judicial ao decidir transmitir a fala de Cunha, já que ele está afastado do cargo e do mandato por decisão cautelar unânime do STF. Integrantes da área técnica da Casa afirmaram, porém que a demissão de Lessa já havia sido decidida há mais tempo.
A assessoria de imprensa da Casa afirmou que a TV Câmara decidiu fazer a transmissão ao vivo, porque considerou haver interesse jornalístico, e porque Cunha, embora afastado, ainda é o presidente da Câmara.
Em sua fala nesta terça, Cunha criticou a decisão do interino.
A reportagem não conseguiu falar com Lessa. Crítico do PT, o diretor havia se envolvido em polêmica ao fazer uma enquete sobre o que deveria ser feito para o Brasil sair da crise.

Deputados criticaram a transmissão do pronunciamento

Enquanto o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fazia um pronunciamento no Hotel Nacional, em Brasília, deputados criticaram o fato de a TV Câmara transmitir, em seu canal no YouTube e no canal interno da Casa, a fala de Cunha, afastado do cargo e do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Primeira a denunciar o ocorrido, a deputada federal Maria do Rosário (PT) fez uma representação à Mesa Diretora da Câmara, na tarde desta terça-feira, pedindo que o presidente afastado devolva à Casa os valores gastos com a transmissão do pronunciamento.
A TV Câmara enviou uma equipe ao local para transmitir o evento pela internet, interrompendo a transmissão dos trabalhos das comissões no canal interno da Casa. O canal principal, que transmite as sessões plenárias, não exibiu nenhum trecho da fala do peemedebista.
"Temos que zelar pela publicidade dos atos do Parlamento. A prioridade é o trabalho parlamentar, e ele deixou de ser apresentado, porque há um comando leal do senhor Eduardo Cunha. Há iniciativas administrativas a serem tomadas, e inclusive de ressarcimento aos cofres da Câmara pelo deputado Eduardo Cunha, porque a estrutura da Câmara foi mobilizada para trabalhar para ele. Ele nos transformou em um Poder refém dos seus interesses pessoais e criminosos", criticou a deputada.
Líder do PPS, o deputado Rubens Bueno (PR) também criticou: "Não é possível que a TV Câmara se utilize de servidores desta Casa para essa entrevista. Se isso aconteceu, a presidência deve mandar apurar, a Mesa não está aqui a serviço de Eduardo Cunha. Ele está com o mandato suspenso e, por consequência, afastado da presidência da Câmara", disse.
Os diretores da TV Câmara responderam às críticas e negaram qualquer influência de Eduardo Cunha na decisão de transmitir o pronunciamento. Os jornalistas alegaram "nítido interesse jornalístico", inclusive pela possibilidade de o presidente afastado renunciar durante o evento.
"Transmitimos o pronunciamento e fomos por interesse jornalistico. Quer queiram, quer não, ele é o presidente da Câmara, mesmo afastado", disse Silvério Rios, diretor da TV Câmara.