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Câmara dos Deputados

- Publicada em 19 de Junho de 2016 às 18:52

Sucessor de Cunha já une os adversários

  Antiga e nova oposição discutem a destituição de Waldir Maranhão

Antiga e nova oposição discutem a destituição de Waldir Maranhão


WILSON DIAS/ABR/JC
Certos da cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líderes partidários iniciaram as discussões sobre o nome que sucederá o peemedebista na presidência da Câmara. Adversários históricos, PT e PCdoB se aproximaram de DEM e PSDB para buscar um candidato alternativo para se contrapor ao nome que será apresentado pelo Centrão - grupo de 13 de partidos liderados por PP, PSD, PR e PTB. Os "novos aliados" querem um presidente que não seja ligado a Cunha e, principalmente, passe longe das investigações da Operação Lava Jato.
Certos da cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líderes partidários iniciaram as discussões sobre o nome que sucederá o peemedebista na presidência da Câmara. Adversários históricos, PT e PCdoB se aproximaram de DEM e PSDB para buscar um candidato alternativo para se contrapor ao nome que será apresentado pelo Centrão - grupo de 13 de partidos liderados por PP, PSD, PR e PTB. Os "novos aliados" querem um presidente que não seja ligado a Cunha e, principalmente, passe longe das investigações da Operação Lava Jato.
Com o discurso de que o cargo de presidente da Câmara não pertence a um grupo e que o sucessor de Cunha não deve ser imposto por nenhuma das forças da Casa, a nova oposição ao governo Michel Temer (PMDB) e a antiga oposição ao governo Dilma Rousseff (PT) alegam que não se pode voltar a sofrer o desgaste de ter um comandante investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), na mira do Supremo Tribunal Federal (STF) e alvo de representação no Conselho de Ética. "O propósito de todos é não permitir que haja reincidência", resumiu o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA).
As primeiras conversas entre a antiga e a nova oposição ocorreram com o intuito de discutir a destituição de Waldir Maranhão (PP-MA) da presidência interina. Com a aprovação do pedido de cassação de Cunha pelo Conselho de Ética, o grupo concluiu que o plenário deve julgar o caso em meados de julho e, portanto, é preciso construir um nome forte do bloco, que possa ter facilmente o apoio de 200 dos 513 deputados. Os novos aliados dizem contar com boa parte dos 66 deputados do PMDB, que não deve lançar candidato e será o fiel da balança.
Os partidos buscam, neste momento, definir o perfil do sucessor de Cunha e preferem não fechar nomes. "O novo presidente tem de ter estatura grande, não pode estar contaminado com qualquer tipo de denúncia", enfatizou o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). Segundo parlamentares envolvidos nas negociações, já teriam se colocado para a disputa José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Júlio Delgado (PSB-MG), adversário de Cunha. Outros nomes citados são Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), ex-presidente da Câmara.
O PT sabe, porém, que o nome de um petista pode reduzir o apoio ao candidato do grupo, uma vez que dificultaria a obtenção do apoio de Temer. Ciente disso, o deputado José Guimarães (PT-CE) diz que o partido pode vir a apoiar um nome de outra sigla. Segundo ele, as negociações, que contam ainda com PSB (do lado da antiga oposição) e PDT (junto com a atual minoria), "estão avançando".

Receita Federal multa Eduardo Cunha em R$ 100 mil

A Receita Federal aplicou uma multa de cerca de R$ 100 mil ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por inconsistências nos rendimentos declarados em 2010. Além disso, o órgão está fazendo um "pente-fino" nas declarações do peemedebista de 2011 a 2014 e corre contra o tempo para dar as sanções antes que o crime de sonegação de impostos seja prescrito.
A auditoria da Receita apontou que Cunha teve gastos que não eram compatíveis com os rendimentos informados em 2010. Para o órgão, o presidente afastado da Câmara teria que ter pago R$ 40 mil sobre essas despesas. O valor da multa tomou como base esse valor, acrescido de juros.
O processo foi analisado pela Delegacia dos Maiores Contribuintes e depois enviado à Divisão de Controle e Acompanhamento Tributário. Atualmente, está no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), porque Cunha recorreu da multa. Se o conselho rejeitar o recurso apresentado pelo peemedebista, ainda cabe recorrer à Justiça contra a punição.
A assessoria de imprensa da Receita Federal informou que não se pronunciaria sobre o tema devido ao sigilo fiscal. O advogado de Cunha, Leonardo Pimentel Bueno, afirmou que os valores são compatíveis com a renda do deputado e que há equívocos da Receita para apurar "o suposto acréscimo patrimonial descoberto".
O Banco Central (BC) já havia aplicado multa de R$ 1,13 milhão a Cunha e sua esposa, a jornalista Cláudia Cruz. A legislação prevê que todo brasileiro que tenha um saldo bancário acima de US$ 100 mil no exterior tem que declará-lo ao BC.