O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes autorizou o prosseguimento do inquérito aberto para apurar a suposta participação do presidente do PSDB, senador mineiro Aécio Neves, num esquema de corrupção em Furnas. Com isso, serão executadas as diligências requeridas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), como o depoimento do senador em 90 dias.
A linha de investigação requerida pela Procuradoria chegou ao Supremo no início do mês e foi autorizada por Mendes. Após explicações apresentadas pela defesa do parlamentar, o ministro suspendeu a coleta de provas e decidiu pedir que a PGR reavaliasse o caso diante das explicações apresentadas pela defesa de Aécio. Os advogados do parlamentar disseram ao STF que não há elementos novos sobre o episódio que justifiquem a abertura do inquérito.
Agora, Mendes afirmou que o "despacho não afirmou que os esclarecimentos prestados pelo investigado eram suficientes". E "assegurou a prerrogativa do Ministério Público de formar sua opinião".
Segundo a PGR, o pedido de inquérito teve como base a delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), mas também contou com informações prestadas pelo doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da Lava Jato. A investigação apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Youssef relatou que ouviu dizer que Aécio recebia valores, por intermédio de sua irmã, da empresa Bauruense, contratada por Furnas.
Segundo a defesa do tucano, "o único elemento novo seria o depoimento de Delcídio. Sustenta, no entanto, que as declarações do colaborador não forneceram nenhum acréscimo relevante".
Ao STF, a defesa de Aécio disse que "o Tribunal de Contas da União realizou auditoria nos contratos de terceirização da companhia, não tendo constatado indícios de desvio" e afirmou que "tinha por função institucional manter contato com a diretoria de Furnas, sem que isso representasse conduta ilícita". "No que concerne à factoring ligada a sua irmã, esclarece que a empresa foi aberta em 1993 e encerrou as atividades em 1999, e não em 2010, como afirmado. Ou seja, nem estaria em atividade na época dos fatos."