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América Latina

- Publicada em 05 de Junho de 2016 às 21:36

Apuração indica vitória de PPK sobre Keiko Fujimori nas eleições do Peru

Candidato conseguiu apoio da esquerda e viu a popularidade de Keiko cair após marcha antifujimorismo

Candidato conseguiu apoio da esquerda e viu a popularidade de Keiko cair após marcha antifujimorismo


ERNESTO BENAVIDES/AFP/JC
O conservador Pedro Pablo Kuczynski (PPK) deve ser o novo presidente do Peru. Os primeiros resultados oficiais, divulgados ontem, às 23h (21h, pelo horário local), mostravam que, com 36,1% das urnas apuradas, o representante do partido Peruanos pela Mudança tinha 50,58% dos votos, contra 49,42% de Keiko Fujimori, candidata da Força Popular e filha do ex-ditador Alberto Fujimori.
O conservador Pedro Pablo Kuczynski (PPK) deve ser o novo presidente do Peru. Os primeiros resultados oficiais, divulgados ontem, às 23h (21h, pelo horário local), mostravam que, com 36,1% das urnas apuradas, o representante do partido Peruanos pela Mudança tinha 50,58% dos votos, contra 49,42% de Keiko Fujimori, candidata da Força Popular e filha do ex-ditador Alberto Fujimori.
Antes mesmo de os dados oficiais serem anunciados, PPK já discursava aos apoiadores. "Estamos muito felizes, porque queremos fazer um governo democrático e de diálogo", disse o economista, acrescentando que irá escutar "todas as vozes do espectro político". Ele também pediu aos fiscais que estavam nos centros de contagem de votos que seguissem "vigilantes" para garantir que o resultado seja "limpo e claro".
A votação apertada já era prevista, mas, até sexta-feira, as pesquisas eleitorais indicavam Keiko como vencedora. No sábado, porém, outras sondagens apontavam a tendência para uma virada do jogo. Os institutos atribuem a ascensão de PPK a dois fatores: a repercussão da marcha antifujimorimo ocorrida no dia 31 de maio e o apoio a ele declarado, um dia antes, pela candidata de esquerda Verónika Mendoza, terceira colocada no primeiro turno.
Filho de mãe suíço-francesa e pai judeu polonês, Kuczynski nasceu em Iquitos, mas logo saiu para estudar fora. Cursou Economia e Filosofia em Oxford e em Princeton. Ao voltar ao Peru, atuou no governo de Fernando Belaúnde (1963-1968), mas, quando este foi deposto pelo golpe militar de Velasco Alvarado, retornou aos EUA, onde trabalhou no Banco Mundial. Durante a administração de Alejandro Toledo (2001-2006), foi primeiro-ministro e ministro da Economia.
Em sua campanha, chamou a atenção para o fato de, por ter integrado o governo que veio logo após a ditadura fujimorista, ter sido peça essencial no desmonte do aparato ditatorial. Nas últimas semanas, PPK, de 77 anos, passou a se descrever como um "político de centro, não de ultradireita, como dizem".
Já Keiko, de 41 anos, é uma velha conhecida dos peruanos. Passou a ser a primeira-dama do país quando tinha 19 anos, após o divórcio do pai. Quando a ditadura caiu e Fujimori se exilou, Keiko foi para os EUA, onde recebeu MBA na Universidade Columbia. Logo, voltou ao Peru e passou a investir na carreira política. Elegeu-se congressista por Lima e depois foi candidata à presidência. Derrotada na eleição passada, passou a fazer campanha para conseguir um indulto para o pai, hoje preso por crimes de corrupção e abuso de direitos humanos.

Eleição é marcada por forte presença da Polícia Nacional e do Exército

A votação no Peru transcorreu com normalidade. Em todos os centros, porém, havia forte presença da Polícia Nacional e do Exército, inclusive armados e com cachorros. O aumento da violência nas periferias foi um dos temas centrais da campanha. Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Informática, quase 90% dos peruanos se sentem inseguros. É o país em que essa sensibilidade é a mais alta na América Latina, segundo a pesquisa Latinobarômetro. Isso explica por que muitas ruas nesses bairros possuem portões de ferro, colocados pelos próprios moradores. "Só quem é da rua tem a chave. Fechamos às 23h e abrimos às 4h. Quem tem de entrar e sair usa sua própria chave. Só assim conseguimos diminuir os roubos e a invasão de casas por quadrilhas", disse uma vendedora.